Cinco famílias que residiam no condomínio Grand Parc, na Enseada do Suá, em Vitória, ingressaram na Justiça com processo de indenização por conta dos danos causados após o desabamento e não querem voltar a morar mais no local. As 164 famílias afetadas pelo desabamento da área de lazer do empreendimento foram obrigadas a sair do condomínio em julho de 2016, para que o local passasse por várias reformas estruturais.
Além dos prejuízos materiais para dezenas de famílias, o grande acidente causou a morte de um funcionário do condomínio. As famílias que não querem voltar para o local ingressaram com processo judicial para receber indenização com o valor de mercado dos apartamentos na época do acidente, danos morais e ainda as despesas que tiveram na compra de cada imóvel como escritura e a taxa da marinha.
O advogado Luiz Gustavo Tardin, que representa as famílias que não querem voltar a morar no condomínio explica que o acordo proposto pela construtora responsável pelo empreendimento previa o pagamento de R$ 100 mil de indenização e o pagamento de aluguel para o proprietário do apartamento morar em outro local, enquanto o Grand Parc estivesse em obras.
A previsão da construtora é para que as famílias que aceitaram o acordo voltem a morar no condomínio a partir de setembro deste ano. No entanto, o advogado Luiz Gustavo Tardin argumenta que as famílias que não quiseram o acordo têm o direito de reaver a verba do investimento que foi feito.
Se o produto, qualquer que seja ele, um imóvel, um veículo, um computador, não presta para uso e não tem a segurança que dele se espera, é dever do fornecedor que ele faça a indenização. Isso está no Código de Defesa do Consumidor, no artigos 12 e 18. As empresas descumprem essa regra, porque elas não indenizam", explicou o advogado.
MORADORES RELARAM TRAUMA APÓS ACIDENTE
A gestora de pessoas Jecyane Diniz é uma das moradoras do Grand Parc que não pretende voltar a morar no condomínio. Ela argumenta que passou por momentos de terror no dia do acidente e reviveu isso em visitas posteriores que fez ao condomínio.
"O sentimento é de que eu não tinha mais a segurança da minha casa. A todo momento, quando eu cheguei no meu apartamento, eu revivi o dia que tive que descer correndo no escuro, sem saber o que eu iria encontrar lá embaixo. Eu ouvi os meus filhos dizendo que nós iríamos morrer e eu não consigo me livrar dessa sensação", disse a proprietária do apartamento.
Laís Rodrigues Diniz, de 20 anos, é filha de Jecyane e também estava no apartamento no dia do acidente. A jovem diz que não tem vontade de voltar ao prédio. "Eu não pretendo voltar. Eu tinha a confiança de que lá era meu lar, que lá eu estava segura e protegida, mas isso acabou", disse Laís.
CONSTRUTURA REAFIRMA PRAZO PARA OBRAS
Em nota, a construtora Cyrela não se pronunciou a respeito sobre os pedidos das cinco famílias que não aceitaram o acordo para voltar a morar no condomínio. A empresa reafirmou que as obras do empreendimento seguem o cronograma com previsão de encerramento em agosto de 2019. Os moradores serão liberados a retornar aos apartamentos de acordo com um cronograma preestabelecido.
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