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Idoso do ES espera cirurgia no SUS há 500 dias

Idoso do ES espera cirurgia no SUS há 500 dias

Retirada de hérnias é sempre remarcada por falta de leito em UTI

Publicado em 26 de abril de 2019 às 00:11

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O aposentado Alberto Lopes, 82, morador da Serra, espera por cirurgia no SUS há mais de 500 dias. (Fernando Madeira)

Desde 2017, o aposentado Alberto Lopes, de 82 anos, espera por uma cirurgia de remoção de duas hérnias no abdômen. São 500 dias à espera de um procedimento que melhoraria a qualidade de vida do aposentado.

A demora reflete o caos que se instalou na saúde pública do Estado. O problema afeta desde pacientes que estão sofrendo pela falta de médicos e longa espera nos Pronto-Atendimentos dos municípios quanto aqueles que necessitam de atendimento e cirurgias não emergenciais (eletivas).

Por mais de uma vez, Alberto passou pelos exames de risco cirúrgico, fez jejum, foi ao Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), mas voltou para casa sem passar pelo procedimento.

O problema não é de hoje, mas até mesmo mutirões para atender com mais rapidez esses pacientes como Alberto, que estavam sendo realizados em 2018, foram suspensos no início deste ano.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) admite o problema e afirmou, em nota, que sabe que é necessário diminuir o tempo de espera no atendimento. A secretaria não informou o número de pacientes que aguardam na fila.

O aposentado relata que a justificativa que recebe sobre a demora para a sua cirurgia é a falta de leito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para recebê-lo depois da operação. O motivo, contudo, já foi questionado por outros médicos aos quais ele teve acesso.

“É sempre a mesma justificativa de que não tem UTI, mas médicos conhecidos me falaram que um leito de unidade semi-intensiva já me atenderia”, afirma.

Enquanto as hérnias não são removidas, o idoso convive com muitas dores e tem dificuldade de vestir camisas. Ainda assim, consegue permanecer calmo diante da situação.

“Sinto muitas dores e desconforto. Mas se eu não operar vou acabar morrendo com isso, fazer o quê? Enquanto isso, vou esperando.”

Para conseguir ser operado, Alberto já registrou reclamação na Ouvidoria do Hucam em fevereiro.

Em resposta, foi informado por e-mail que há mais de mil pacientes na fila de espera e que 118 aguardam uma cirurgia semelhante a dele somente no Hucam. Também foi explicado a necessidade de vaga em UTI, o que depende das altas que são dadas no dia.

PROGRAMADA

Sobre o caso específico do aposentado, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou que a cirurgia dele está programada para a primeira quinzena de maio. Alberto disse que a nova data está programada para o dia 16 de maio. Ele, contudo, não está esperançoso.

“Está tudo acontecendo da mesma forma que antes, quando marcaram fui para o hospital e depois mandado de volta para casa. Eu estarei lá no dia e hora marcada, mas confesso que estou desconfiado”, finaliza.

OUTRO LADO

Mudanças em breve

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Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que está ciente da necessidade de reduzir o tempo de espera para cirurgia e está trabalhando na formulação de um novo modelo de gestão, que deverá entrar em funcionamento em breve, para ampliar o atendimento aos usuários que necessitam destes procedimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A Sesa esclarece que os mutirões do ano passado atenderam mais de 6 mil pacientes e fazem parte da Política Nacional de Acesso aos Procedimentos Cirúrgicos Eletivos do Ministério da Saúde, porém o contrato foi encerrado em dezembro. A Portaria 2019 foi republicada em fevereiro para formalização dos novos contratos junto ao governo federal. Agora a Sesa está em fase de elaboração de contrato para dar continuidade aos atendimentos. Sobre o caso específico do aposentado, a Sesa disse que não há registros de reclamações em nome de Alberto Lopes na ouvidoria da secretaria, e que a cirurgia do paciente está programada, pelo Hucam, para a primeira quinzena de maio.

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