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Mais pessoas ainda podem ficar doentes após surto em creche

Mais pessoas ainda podem ficar doentes após surto em creche

Não está claro como ocorreu a transmissão de bactéria

Publicado em 2 de abril de 2019 às 10:10

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Formas de transmissão. (Inforgrafia /Marcelo Franco)

Foi registrado durante o fim de semana o primeiro caso de transmissão de gastroenterite para alguém que não estuda nem trabalha na creche. Um menino de 2 anos, filho de uma professora que trabalha na Praia Baby, em Vila Velha, teve febre e diarreia intensa e precisou ser internado. “Os alunos estão separados, então foi encerrada a transmissão entre eles. Mas eles estão em casa, com pai, mãe e avô. A preocupação passou a ser domiciliar”, afirma o secretário municipal de Saúde, Jarbas de Assis.

Além da professora e do filho dela, um bebê de sete meses também apresentou sintomas de gastroenterite no fim de semana. Ele se recupera em casa.

Paralelamente, a primeira criança a ter diarreia, no dia 15, e que já havia passado por um período de internação, teve que voltar ao hospital. “Isso mostra um agravamento da situação. Por isso, não podemos tirar os olhos dessas crianças em nenhum momento”, afirmou o secretário.

Exames do Laboratório de Saúde Pública do Estado (Lacen) encontraram um tipo grave da bactéria E.coli em duas crianças. Trata-se do tipo êntero-hemorrágica, que evolui com gravidade em cerca de 5% dos casos, segundo Alexandre Rodrigues, presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Espírito Santo (Sies). O sangue nas fezes e as complicações renais podem surgir até dez dias após o contato com o agente infeccioso.

Rodrigues disse que essa não é uma bactéria comum - está presente no intestino de animais - e foi detectada pela primeira vez em 1982, em um surto nos Estados Unidos, após frequentadores de uma rede de fast-food comerem hambúrgueres malpassados.

“Esse é um tipo que resiste à acidez do estômago, que geralmente mata outras bactérias, e consegue fazer uma colonização do organismo. Ela produz a toxina (shiga) e o paciente pode evoluir com gravidade”, aponta o infectologista.

Questionado sobre a razão para alguns desenvolverem o quadro mais agudo da doença e outros não, Rodrigues explica que essa condição está associada ao indivíduo (criança ou adulto; nível de imunidade), e também à quantidade de bactéria a que a pessoa foi exposta.

A infectologista Rubia Miossi acrescenta que uma pessoa que ingere grande quantidade de água ou de alimento contaminado, a bactéria consegue desorganizar todo o intestino e causar uma sepse grave.

“Mas não é a maioria. O que devemos ter em mente é o cuidado com a alimentação e a higiene. Lavar as mãos com água e sabão mata a bactéria. E é fundamental: quando uma criança estiver doente, não mande para a escola. Ela pode contaminar outras porque elas se abraçam, trocam brinquedos, levam objetos à boca”, orienta.

Professor da Emescam, o infectologista Lauro Ferreira Pinto destaca que a diarreia é uma condição comum em crianças, e a maioria é causada por rotavírus ou bactérias benignas. “Criança com diarreia não mete pavor. A maioria é tratada com soro caseiro e hidratação. E, desde a adoção da vacina (no calendário do SUS a partir de 2006), a mortalidade está lá embaixo. O surto na creche é uma excepcionalidade.”

CASOS

Internados

Menino, 2 anos: início dos sintomas em 15/03. Recebeu alta hospitalar em 28/03, reinternado em 01/04.

Menino, 3 anos: início dos sintomas em 18/03, segue hospitalizado apresentando melhora.

Menina, 2 anos: iniciou sintomas dia 22/03, mas se tratava em casa. Foi internado dia 27/03 e segue em UTI.

Menino, 1 ano: iniciou sintomas dia 16/03 com melhora em 18/03. Reiniciou sintomas em 21/03 e segue hospitalizado por causas respiratórias.

Menino, 2 anos: iniciou sintoma dia 27/03. Segue hospitalizado por precaução.

Menino, 2 anos: filho de uma professora que trabalha na creche e que apresentou diarreia. Iniciou sintomas em 27/03, ficando hospitalizado. Recebeu alta dia 30/03 e foi reinternado dia 31/03, por precaução.

Morte

Menino, 2 anos: iniciou sintomas em 18/03 e morreu no hospital em 27/03.

Em casa

Crianças: Cinco crianças entre 2 e 7 anos, todas alunas da creche, também apresentaram sintomas mas se recuperam em casa.

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Adultos Cinco adultos também tiveram diarreia, mas os sintomas foram brandos e tiveram melhora espontânea

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