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Polícia vai investigar morte de criança após surto em creche no ES

Polícia vai investigar morte de criança após surto em creche no ES

A intenção é saber se houve negligência por parte dos proprietários.

Publicado em 1 de abril de 2019 às 19:17

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Chafariz em creche interditada de Vila Velha. (Eduardo Dias)

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) irá apurar a morte do menino de dois anos após um surto de infecção intestinal em uma creche particular na Praia da Costa, em Vila Velha. A intenção é saber se houve negligência por parte dos proprietários. A criança teve morte cerebral declarada no dia 27 de março.

“Como houve a morte de uma criança, a apuração deve existir para ser esclarecido se, de fato, houve negligência da parte dos proprietários da instituição, ou não. Até o final desta segunda-feira (1), uma comunicação interna será enviada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e a apuração deve acontecer por parte da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha. Ainda não há data para início das oitivas com as partes”, disse em nota.

A investigação será feita após o delegado-geral da Corporação, José Darcy Arruda, pedir a instauração de um inquérito policial sobre o caso das crianças que apresentaram problemas de saúde em uma creche particular, pelo fato dos laboratórios que analisam os fatos estarem encontrando determinados tipos de bactérias, como coliformes fecais.

BEBÊ INTERNADO

Um bebê de 7 meses de idade é a 15ª vítima do surto de diarreia em uma creche particular na Praia da Costa, em Vila Velha. Segundo informações do secretário de Saúde do município, Jarbas Ribeiro de Assis Junior, à TV Gazeta, a criança começou a ter febre no dia 23 de março, um sábado, e teve quadros de diarreia na última quinta-feira, dia 28.

"É preocupante. A gente fica triste de mais uma criança, um bebê de 7 meses de idade, que começou os sintomas no dia 23 com febre e no dia 28 apresentou quadros de diarreia. Foi ao hospital de Vila Velha, medicada e liberada para casa. Nós estamos preocupados porque é uma criança com a imunidade muito comprometida. Mas estamos acompanhando. É o 15º caso, o que mostra que foi muito necessária a interdição da creche, a separação entre essas crianças."

Surto em creche - bebê de 7 meses é o 15º caso com quadro de diarreia

 

Questionado sobre o estado de saúde do bebê, o secretário afirmou: "Na hora do atendimento no hospital de Vila Velha, a informação que a gente tem é que o quadro era possível de tratamento em casa. Mas nós estamos vendo nesse episódio de surto situações que agravam de forma muito rápida".

Para o secretário, a criança deveria estar no hospital.

Aspas de citação

Nós estamos preocupados, acompanhando, para que, qualquer alteração na criança, ela seja de volta encaminhada ao hospital. E, se possível, na nossa opinião, deveria estar dentro do hospital

Jarbas Ribeiro, secretário de Saúde de Vila Velha
Aspas de citação

O sexo do bebê não foi informado pela prefeitura. Ainda de acordo com o secretário, cinco crianças permanecem internadas em hospitais, sendo duas em Vitória, duas em Vila Velha e uma na Serra.

VILA VELHA DÁ ORDEM PARA DESMONTAR CERVEJARIA NOS FUNDOS DA CRECHE

Cervejaria artesanal funcionava nos fundos da creche onde as crianças passaram mal na Praia da Costa, em Vila Velha. (Divulgação)

A Prefeitura de Vila Velha determinou que os donos da creche particular investigada após diversos casos de infecção intestinal desmontem toda a estrutura de uma cervejaria artesanal que funcionava nos fundos do prédio. De acordo com a subsecretária de Assistência à Saúde da cidade, Stella Dias, a existência de uma cervejaria no espaço era irregular. Segundo ela, a ordem para o desmonte foi dada na sexta-feira (29) e a prefeitura irá conferir, nesta segunda-feira (1), se os equipamentos foram retirados do local.

Nesse espaço foi encontrada uma bactéria que tem capacidade de provocar sintomas semelhantes aos apresentados por alunos e funcionários que passaram mal de diarreia. O local para produção de cerveja artesanal tem acesso separado apenas por um portão, e pertencia aos donos da creche.

Embora tenha sido constatado que a produção é para consumo próprio, a prefeitura afirmou que não havia autorização para esta atividade no local. A subsecretária de Assistência à Saúde também afirmou que o município aguarda outros resultados de amostras de água coletadas na cervejaria e também em chafariz que funcionava no pátio da escola.

“A cervejaria não poderia funcionar naquele local. Na sexta-feira (29) mesmo foi dada a determinação para que tudo fosse desmontado e retirado de lá. Já apresentamos os resultados de alguns exames, mas ainda faltam outros resultados. Em alguns casos, é preciso esperar por até cinco dias para que a bactéria existente na água seja identificada com precisão”, explicou Stella Dias.

O reservatório de um chafariz também é alvo da investigação da prefeitura. O brinquedo fica no pátio da creche e era usado para recreação das crianças. Laudos apontaram que a água usada no chafariz estava impura: foram apontadas mais de 200 colônias de coliformes totais em amostra de 100 mililitros.

A água usada no chafariz não é corrente. Ela circula e fica armazenada em uma espécie de cisterna ou reservatório. Segundo a Vigilância Sanitária Municipal, o ideal é que a água fosse corrente. Diante dos laudos dos dois espaços - cervejaria e chafariz - a creche foi interditada pela prefeitura.

NOTA DA CENTRO EDUCACIONAL PRAIA BABY 

Diante das informações que têm sido veiculadas, os proprietários do centro educacional esclarecem que :

- São solidários à dor da família do aluno Theo e estão prestando toda atenção e informação aos demais familiares de alunos a respeito das apurações em curso;

- Todas as documentações da creche e alvarás da vigilância sanitária estão rigorosamente em dia. O cuidado com a limpeza e a higiene do local sempre foi uma prioridade. A creche, inclusive , sempre foi citada por técnicos da vigilância sanitária como modelo para outros estabelecimentos do mesmo porte;

- Assim que alguns pais relataram casos de diarreia em um grupo inicial de três alunos, foi a própria creche que procurou o setor de Epidemiologia da Prefeitura de Vila Velha e tomou a iniciativa de suspender temporariamente as aulas, agindo sempre com responsabilidade e respeito aos pais e alunos;

- O estabelecimento existe há sete anos, sendo que há quatro foi instalado o aparelho chamado Acqua Play (chafariz), utilizado esporadicamente e com o devido preparo prévio de higienização. Durante todos esses anos a creche passou por vistorias da Vigilância Sanitária municipal, todas elas sempre aprovadas. Os ajustes que eventualmente foram solicitados, como a regular troca de filtros, sempre foram obedecidos de forma responsável;

- As amostras coletadas no Acqua Play (chafariz) foram feitas durante o período em que a creche estava temporariamente fechada - por decisão própria - e o brinquedo estava desativado. O Acqua Play havia sido utilizado, inclusive, como depósito de brinquedos naquele momento para que os proprietários fizessem uma ampla higienização da creche, ocorrida após os relatos de casos de diarreia. A coleta de materiais naquele período (em que estava desativado e sendo utilizado como depósito de brinquedos para que uma ampla higienização fosse realizada) pode levar, portanto, a análises laboratoriais equivocadas;

- O espaço anexo ao fundo da creche era devidamente isolado e servia como depósito de material particular dos proprietários. Os alunos nunca tiveram acesso a esse espaço, que sempre passou também por rigoroso processo de limpeza;

- Câmeras de monitoramento sempre foram conectadas aos celulares dos pais dos alunos, que podiam fazer a supervisão em tempo real de todos os procedimentos que aconteciam na creche. A transparência dos nossos atos sempre foi uma prioridade;

- Aproveitamos para agradecer aos pais de alunos que, em respeito ao nosso trabalho e solidários ao momento difícil que estamos atravessando, utilizaram as redes sociais no fim de semana para prestar apoio e confiança;

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- Respeitamos o trabalho que vem sendo realizado pela Prefeitura de Vila Velha. Somos os principais interessados numa apuração rápida e isenta dos fatos, sem sensacionalismo. Já há muito sofrimento para todos os envolvidos.

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