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Radar meteorológico em Santa Teresa deve voltar a operar em 60 dias

Radar meteorológico em Santa Teresa deve voltar a operar em 60 dias

Equipamento não funciona desde maio de 2018

Publicado em 25 de abril de 2019 às 20:57

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Radar meteorológico de Santa Teresa. (Reprodução | Pomerana FM)

Após as fortes chuvas que atingiram a Grande Vitória nas últimas semanas — pegando os capixabas de surpresa — o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, fez uma publicação no Twitter mostrando um ofício, que pretende enviar ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). No documento, ele pede que um radar meteorológico localizado no Espírito Santo, especificamente em Santa Teresa, seja reativado.

De acordo com reportagem publicada pelo Gazeta Online em 2016, o aparelho havia sido desativado naquele ano sob a justificativa de restrições orçamentárias enfrentadas junto aos repasses do Governo Federal. A Aeronáutica havia declarado no dia 15 de abril de 2016 que cinco radares meteorológicos no Brasil — incluindo o instalado em Santa Teresa — seriam desligados por falta de verba. Os outros aparelhos ficavam em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal.

Na época, a reportagem questionou o órgão, e eles informaram que o desligamento dos aparelhos poderia acarretar em prejuízos às previsões climáticas.

POR QUE SÓ AGORA PREFEITO QUER REATIVAÇÃO?

Acionado pela reportagem, o coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno, explicou que esta demanda surgiu há duas semanas por conta das últimas chuvas expressivas que atingiram a Capital capixaba.

"Na verdade, a demanda não surgiu só agora. Por conta da expressividade das últimas chuvas, o prefeito me questionou se não era possível prever este tipo de evento. Falei: 'prefeito, a previsão do tempo indica um cenário de chuva. Porém, a intensidade dela e a velocidade de deslocamento, é possível identificar apenas com o radar meteorológico", explicou.

De acordo com o coordenador, o radar é de suma importância para ações de prevenção mas, ainda assim, ele aproveita para destacar a importância da previsão meteorológica realizada por institutos em todo o Brasil.

"A função da previsão é diferente da do radar, que é uma outra ferramenta que contribui para a previsão. Porém, ele indica mais as ações emergenciais por conta da aproximação do evento. Com o radar, o meu plantão de 24 horas consegue visualizar a aproximação da adversidade", garantiu Jantorno.

Outro benefício do aparelho é que ele atua na prevenção de desastres, sinalizando a aproximação de tempestades, deslocamento e intensidade desta precipitação — minimizando o impacto de um período adverso, com chuva intensa.

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O Incaper nos auxilia bastante na previsão do tempo e o radar é, na verdade, uma segunda frente, que ajuda diretamente a Defesa Civil. Técnicos poderiam ter acesso a essas imagens e visualizar a aproximação de adversidades. Caso a gente perceba um cenário anormal, poderia desencadear uma série de mensagens para avisar a população

Jonathan Jantorno
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O QUE DIZ O CEMADEN?

A operação do radar meteorológico de Santa Teresa é de responsabilidade do órgão. O Cemaden informou que, por conta de um problema no sistema de climatização, e, por motivo de segurança ao patrimônio, o equipamento foi desligado no final de maio de 2018, após a estação chuvosa daquele ano.

"Como o sistema de climatização dos radares do Cemaden necessita de um aprimoramento, dado o longo tempo decorrido entre a instalação dos equipamentos e a data atual, o Centro iniciou um planejamento para aprimorar o sistema de climatização de todos os radares da sua rede, incluindo o radar de Santa Teresa. "

Rede de observação pluviométrica

No caso do Espírito Santo, além do radar meteorológico de Santa Teresa, o Cemaden conta com uma rede de observação pluviométrica composta por 170 instrumentos para monitorar chuvas.

Essa rede de pluviômetros é usada em conjunto com o radar para subsidiar o Centro no monitoramento e eventual emissão de alertas de desastres naturais.

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Assim, enquanto o sistema de climatização é aprimorado, e para assegurar a integridade do patrimônio, o Cemaden somente liga o radar nos casos em que a rede de pluviômetros não pode atender as necessidades da equipe de monitoramento do Centro

Cemaden
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Ainda que o radar tenha sido desligado, o órgão garante que mantém a operação normal e a consequente emissão de alertas nos casos em que há probabilidade de ocorrências de deslizamentos de terra e/ou inundações e enxurradas.

Envidando esforços

Questionado pelo Gazeta Online, o Centro concluiu dizendo que entende que as informações coletadas pelo radar meteorológico de Santa Teresa são fundamentais para outras aplicações e outras instituições públicas e privadas.

"Diante disso, e até que o aprimoramento do sistema de climatização dos radares seja concluído, o Cemaden está envidando esforços para restabelecer o funcionamento integral do radar de Santa Teresa sanando o problema atual. Tão logo os trâmites legais para contratações sejam superados, o que é estimado em um prazo de até sessenta dias, o radar deverá estar restabelecido", informa a nota.

Trâmites legais?

Tratam-se dos procedimentos legais para contratações serem feitas no âmbito da Administração Pública, como, por exemplo, licitações. O prazo estimado para que a contratação de manutenção do equipamento seja feita é de 60 dias. O Centro informou que o equipamento está em perfeito estado de conservação e funcionamento, podendo ser ligado a qualquer momento.

"Porém, por questão de segurança do Patrimônio Público, o radar somente é ligado em situações críticas para assegurar que a equipe de monitoramento do Cemaden possa realizar o eventual envio de alerta de desastres para os municípios monitorados pelo Centro", concluiu.

BRASIL TEM 37 RADARES, SÓ 14 FUNCIONAM

De acordo com reportagem exibida no Bom Dia Brasil no dia 11 de abril deste ano, dos 37 radares meteorológicos instalados no Brasil, apenas 14 conseguem identificar com precisão a chegada de tempestades. Cinco não funcionam: em São Luis, Belém, Manaus, Tabatinga e Tefé os equipamentos estão "em manutenção". Dos que funcionam, três enviam dados com atraso por problemas na rede de internet. Apenas 14 tem alta precisão de captar intensidade de tempestades

O Cemaden, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, tem uma rede de monitoramento em vários Estados do Brasil, faz pesquisas e trabalha para emitir alertas antecipados. Mas o centro enfrenta corte de gastos. Orçamento do Cemaden caiu de R$ 99 milhões em 2003 pra R$ 21 milhões em 2018.

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De acordo com o diretor do centro, 25% do orçamento foi contingenciado pelo Governo Federal este ano. O diretor afirma que, atualmente, a verba de manutenção não é adequada — e isso pode comprometer o sistema já existente.

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