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Raiva e vingança só dificultam separação

Raiva e vingança só dificultam separação

Psicanalista e advogado familiarista debateram o fim do amor

Publicado em 24 de abril de 2019 às 01:06

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Palestrantes e a editora da Revista.ag, Mariana Perini, ao centro, durante o debate Mônica Zorzanelli. (Monica Zorzanelli)

Nutrir um sentimento de raiva quando um amor chega ao fim dificulta o término dos relacionamentos, segundo a psicanalista Sandra Flanzer e o advogado de família e comentarista da Rádio CBN Vitória, José Eduardo Coelho Dias, o Zedu. Os especialistas participaram ontem da abertura da temporada 2019 dos Encontros do Saber, promovido pela Revista.ag, na sede da Rede Gazeta, em Vitória.

A iniciativa, que conta com a curadoria da Casa do Saber Rio, teve como objetivo discutir o fim do amor sob a ótica do Direito e da Psicanálise. Zedu, ao comentar sobre o assunto, lembrou de um trecho de uma música do Djavan que diz: “Vem me fazer feliz porque eu te amo”. No entanto, o advogado questiona: “Se sou eu quem amo, por que o outro tem que me fazer feliz?”. De acordo com ele, as pessoas possuem um buraco que ora é preenchido por amor, ora por ódio.

Mas, segundo Sandra, além dessa raiva, há outro sentimento que pode ganhar espaço que não deveria ao fim de uma relação: a vingança. “Muitas vezes as pessoas não buscam justiça, mas querem se vingar”. Dessa forma, de acordo com a psicanalista, o Judiciário se torna um instrumento para resolver conflitos. “A pessoa pensa: ‘Eu coloquei uma expectativa em você, você não correspondeu, então quero justiça’.”

O momento da separação é muito difícil, ainda segundo Sandra. Isso porque, por melhor que seja um relacionamento e que não haja nenhuma perspectiva de término, há um pedaço dentro de cada um que não pertence ao outro. “Sempre temos uma parte que fica faltando. Por que não deixamos isso de lado ao invés de buscar obsessivamente que essa parte seja preenchida?”

Em tom de descontração, Zedu respondeu o questionamento levantado pela psicanalista com mais uma música de Djavan. “No coração de quem ama fica faltando um pedaço”, citou, entre risos. Portanto, para os especialistas, é inevitável ter de enfrentar o luto. Mas depois é preciso dar um passo importante: recomeçar.

DOAÇÕES

Como forma de ingresso no Encontros do Saber, cerca de 40 quilos de alimentos não perecíveis e 20 itens de produtos de higiene pessoal foram arrecadados para o movimento de mulheres Bertha Lutz, de Vila Velha. “Quando uma de nós precisa de ajuda, estaremos juntas. O evento foi um momento de crescimento e aprendizado. Agradecemos muito”, comentou a representante da iniciativa, Maria Peixoto.

FIM DA CONJUGALIDADE NÃO É O DA PARENTALIDADE

Para o advogado de Família José Eduardo Coelho Dias, os adultos precisam aprender a enfrentar os processos de separação de forma saudável e amadurecida, mantendo os vínculos de ambos os genitores com os filhos, sem interferências que os prejudiquem, evitando práticas de alienação parental.

“O fim da conjugalidade não significa o fim da parentalidade. O dever do cuidado e de guiar as crianças é dos adultos. Numa relação que está se desfazendo, são os adultos que estão separando. E esse desenlace tem que ser feito de forma adulta. Mas o que vemos são crianças sendo colocadas nos lugares de responsabilidade, de escolha e de decisão, sem ter minimamente maturidade para fazer isso”, explica.

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Já a psicanalista Sandra Flanzer deixou claro que é o amor que acaba, mas o fruto disso não.“ É preciso que o casal consiga resguardar algumas coisas, respeitando o que foi a relação e os frutos dela”.

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