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Secretário admite colapso na saúde pública do Espírito Santo

Secretário admite colapso na saúde pública do Espírito Santo

Nésio Fernades de Medeiros afirmou em entrevista ao Bom Dia ES desta sexta-feira (26) que a saúde têm recursos, mas é preciso modernizar as estruturas para atender melhor

Publicado em 26 de abril de 2019 às 20:02

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Recepção de Pronto Atendimento estava lotada, no ES. (Manoel Neto/ TV Gazeta)

Em resposta aos recentes problemas de superlotação de prontos atendimentos na Grande Vitória, o secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes de Medeiros, admitiu o colapso na saúde pública e afirmou que os modelos dos municípios capixabas são ultrapassado e é preciso modernizar as estruturas para atender melhor a população. Para resolver isso, ele revelou que nas próximas semanas será lançado um plano de reestruturação da saúde pública do estado.

"É um sistema que não consegue responder a sazonalidade. Se falta um médico na Serra, por exemplo, sobrecarrega todo sistema de urgência e emergência da Grande Vitória", explica.

O Pronto Atendimento da Glória, em Vila Velha, por exemplo, voltou a ficar lotado nessa quinta-feira (25). Uma criança esperou cerca de oito horas por atendimento médico. Por causa da demora e falta de informação, pais se desesperam.

A falta de atendimento médico, superlotação e infraestrutura dos Pronto Atendimentos e hospitais do Espírito Santo, porém, são reclamações recorrentes do usuários do serviço público de saúde. Desde o início da semana, uma série de episódios envolvendo o caos no atendimento foram registrados em unidades da Grande Vitória.

Em entrevista ao Bom Dia ES, o secretário de Saúde disse que o fortalecimento da atenção primária é um passo para resolver o problema da saúde pública no estado. Nos últimos 13 meses, 115 equipes de saúde da família foram descredenciadas no Ministério da Saúde e deixaram de atender no Espírito Santo.

“A cobertura de atendimento foi reduzida na região Metropolitana, Sul e Centro. Isso aconteceu porque não existe uma estratégia de valorização, conhecimento e aprimoramento da atenção primária para estruturar esse nível de atenção no estado”.

O secretário afirma que existe uma “carga acumulada grande no serviço de saúde”. Cerca 33% dos casos que chegam a hospitais, diz Nésio, poderiam ter sido tratados em um ambulatório.

“Estratégia de Saúde da Família ou até nos ambulatórios de alta complexidade, dariam conta de resolver a grande maioria dos problemas dos pacientes”.

REUNIÃO COM MUNICÍPIOS

Como a saúde básica é de responsabilidade dos municípios, uma reunião com os secretários municipais da região metropolitana aconteceu na manhã desta sexta-feira (26). A meta é superar a crise na pasta.

“O governo tem tido uma solução operacional com os municípios, para pensar junto com eles resolver os problemas de urgência e emergências das redes municipais, para que no cotidiano não falte esse serviço e nem profissionais médicos”, explica Fernandes.

Entre as propostas que serão discutidas com os municípios, existe a intenção da implantação do programa de extensão de saúde da família nos municípios com foco na formação de especialistas de saúde da família e comunidade, mudando o modelo de entrada no hospital e fica centrado nas pessoas e nos bairros onde elas vivem.

Outra possibilidade apontada pelo secretário é uma regulamentação do Ministério da Saúde que permite estender a carga horária de trabalhadores da saúde da atenção primária de 8 horas diárias para escalas de 12 horas, até o período noturno e com oferta nos finais de semana.

“Essa duplicação da atenção primária está disponível pelo Ministério da Saúde e vai poder ser aplicada a partir do próximo mês nos municípios da Grande Vitória”, comentou. Isso faria com que pacientes com casos simples como gripes fossem tratados nos próprios bairros.

MUTIRÃO DE FILAS

Nos próximos meses, o secretário ainda anunciou um mutirão de cirurgias para tentar limpar e zerar algumas filas de esperas. A primeira será com recursos federais e a segunda com recursos próprios.

PA DA GLÓRIA

Pai fez ficha de criança às 14h30 e foi atendido 22h30, no ES. (Reprodução/ TV Gazeta)

O Pronto Atendimento da Glória voltou a ficar lotado nessa quinta-feira (25). O servente Anderson Fernandes chegou com o filho às 14h30 e esperou até 22h30 para a criança ser atendida. Foram oito horas de espera.

A auxiliar de serviços gerais Elizângela Monteiro também chegou no início da tarde. O filho de 10 meses está com bronquite. “Até agora, foi o dia todo para ser atendida. Eu acho um absurdo”, afirma.

Com a recepção do Pronto Atendimento lotada, pais desistiram de consultar os filhos e voltaram para casa. Esse foi o caso da garçonete Ionara Nogueira. A filha dela estava com tosse e febre, mas ela decidiu voltar para casa.

“Eu vou desistir. Se piorar eu vou levar para o infantil ou voltar aqui de madrugada, para ver se sou atendida”, disse a mãe.

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Apesar da situação crítica, o secretário Nésio Fernandes diz que os pais devem continuar reivindicando e lutando por atendimento de qualidade. "A saúde pública é um direito e está previsto na constituição", afirma.

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