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'Soluções são possíveis', dizem especialistas sobre alagamentos

"Soluções são possíveis", dizem especialistas sobre alagamentos

Especialistas recomendam alterações no planejamento urbano

Publicado em 16 de abril de 2019 às 02:36

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Avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, alagada devido à forte chuva. (Bernardo Coutinho)

A incidência de chuvas fortes é cada vez mais frequente e, pelos resultados observados, especialistas não têm dúvidas em afirmar que as cidades não estão preparadas para essa condição meteorológica. Contudo, soluções são possíveis.

Engenheiro ambiental e professor da UVV, Mario Pedro Bertolini Garcia destaca que, se os ciclos de chuvas intensas aconteciam num intervalo de 5, 10 anos, hoje são esperadas para períodos de um ano ou menos.

“E as cidades não estão preparadas. Há deficiência no saneamento básico, que envolve a drenagem, algo que deveria ser alvo de mais investimentos”, opina.

O professor do Departamento de Oceanografia da Ufes, Renato Ghisolfi, aponta que os eventos não vão diminuir de intensidade mas, ao contrário, se tornarão mais fortes e frequentes. “O intervalo de tempo será cada vez menor e não estamos preparados. E não é preciso ter 200 milímetros de chuvas. Se chover 30, em 2 horas, já é o caos por aqui. Se chover em momento de maré alta, também”, avalia.

Para o professor, falta educação ambiental, preservação, consciência das pessoas de não jogar lixo, do poder público de fazer os investimentos necessários. “Mas também falta acreditar que estamos diante de um problema grave. O trabalho é sempre de recuperação, nunca de prevenção.”

Doutora em planejamento urbano, a arquiteta e professora da Ufes Daniella do Amaral Mello Bonatto ressalta que muitos dos problemas têm origem na forma de ocupação das cidades. Na Grande Vitória, há agravantes como a topografia que favorece aos alagamentos, uma vez que muitas áreas estão abaixo do nível do mar. Vitória, em particular, tem extensas áreas de aterros e solo argiloso que dificultam a infiltração.

Além de macrodrenagem e instalação de estações de bombeamento, Daniella recomenda outras medidas. “Essas obras são importantes, mas sozinhas não vão dar conta. São necessárias alterações no planejamento urbano, com soluções de microdrenagem.”

Uma das estratégias é controlar a ocupação do solo e adotar ações para não lançar grande volume de água na rede de drenagem tradicional. Entre as opções restringir a impermeabilização do solo - em vez de terrenos cimentados, grama -, estimular a captação residencial de água da chuva, criar incentivos para instalação de paredes e tetos verdes.

“Com essas medidas, não se consegue evitar 100% dos problemas, mas diminuir muito os danos”, conclui Daniella Bonatto.

MEDIDAS

O que está sendo feito

- Obras de macrodrenagem;

- Contenção de encostas;

- Limpeza de galerias

O que deveria ser feito

- Aumentar a arborização; Ocupar espaços urbanos vazios com hortas comunitárias;

- Construir jardins de chuva (sistema de biorretenção) em calçadas;

- Restringir a impermeabilização do solo para novas ocupações (em vez de terrenos cimentados, colocar grama);

- Estimular captação residencial de água da chuva;

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- Criar incentivos para instalação de paredes e tetos verdes.

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