Após uma nota das autoridades de Saúde recomendar que as crianças da creche Praia Baby, na Praia da Costa, em Vila Velha, só voltem às aulas após o dia 28 de abril, muitos dúvidas surgiram, inclusive nos pais dos alunos a respeito da presença dessas crianças em outro ambientes. O médico Lauro Ferreira Pinto explica, entretanto, que os meninos e meninas podem sim frequentar espaços públicos. O que acontece é que as creches são espaços onde a contaminação é ampliada pelo grande contato entre as crianças e, por isso, há o cuidado em aguardar o retorno às aulas, explicou o infectologista em entrevista à jornalista Fernanda Queiroz, na Rádio CBN Vitória.
Na creche foi identificado um surto de gastroenterite no mês passado e, até o momento, 22 pessoas entre alunos, funcionários e parentes de pessoas da creche apresentaram sintomas. Um menino de 2 anos morreu no último dia 27.
A orientação é de que, até 28 de abril, as crianças também não sejam matriculadas em outras instituições. O analista comercial Leonardo Có, que tem uma filha de 3 anos que estuda na Praia Baby, questionou nesta segunda-feira (8) a restrição feita a matrículas em outras creches e a falta de informação sobre a presença das crianças e familiares em outros ambientes. Colocou agora essa impossibilidade de ir para creche até o dia 28. E ir para outro ambiente? Posso ir para o shopping? A nota não fala disso. Em nenhum lugar fala se eu posso ir para outro ambiente público. Ambiente com aglomeração de pessoas, questiona.
Segundo o infectologista Lauro Ferreira Pinto, um dos especialistas consultados pela força-tarefa criada para conter o surto e evitar propagação, a princípio, não há restrições para que as crianças frequentem ambientes públicos, como shoppings e parquinhos, por exemplo. Em princípio a criança não está proibida de nada. O que se pede de cautela é que a higiene pessoal delas, quando vai no banheiro, por exemplo, seja redobrada, afirma.
BACTÉRIA
As investigações apontam, até o momento, que a bactéria responsável pelo surto é a E.coli enterohemorrágica, que provoca diarreias com sangue. Essa bactéria produz uma toxina chamada de Shiga, que pode ainda provocar complicações nos rins, no cérebro e no coração.
Lauro explica que as creches, por propiciar contatos muito próximos e prolongados entre crianças, favorece a disseminação de doenças. Por isso, o médico reforça que crianças doentes não devem ir para creches.
O médico afirma que a quantidade de bactérias necessárias para provocar doenças, no caso da E.coli enterohemorrágica é muito pequena. Dez ou vinte bactérias já podem desencadear o problema. Em um contato social é muito difícil acontecer. Acontece quando tem crianças juntas diante de um período enorme de contato. Em princípio, as crianças que estão sem sintomas, o risco de transmitirem é muito pequeno, ressalta.
O especialista afirma que a Sociedade de Infectologia entende que os cuidados previstos na nota causam transtornos para os pais, já que muito trabalham e não têm com quem deixar as crianças, mas considera que foram medidas necessárias para tornar zero o risco de amplificação do surto.
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