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Terço gigante no Convento da Penha: símbolo de fé completa 21 anos

Terço gigante no Convento da Penha: símbolo de fé completa 21 anos

O grande terço, que fica entre palmeiras do Convento, foi inspirado em evento com Papa

Publicado em 21 de abril de 2019 às 00:14

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Terço gigante é erguido para Festa da Penha 2019. (Fernando Madeira)

Desde 1998, o grande terço entre as palmeiras do Campinho do Convento, em Vila Velha, é símbolo de fé na festa de Nossa Senhora da Penha - Padroeira do Estado. Este ano não poderia ser diferente e, para marcar as celebrações que começam hoje, foi erguido numa empreitada que envolveu fiéis e até bombeiros, na manhã deste sábado (20).

A ideia do terço gigante surgiu por acaso, baseada em outro terço que ficou suspenso por balões de gás na missa do Encontro Mundial das Famílias, celebrada pelo Papa João Paulo II, no Rio de Janeiro, em outubro de 1997.

A cena foi tão bonita, que a proposta era reproduzi-la na missa da Romaria das Mulheres. Porém, o terço ficou pesado e não subiu. Foi colocado entre as palmeiras, e há 21 anos, durante os dias da Festa da Penha, encanta os fiéis na vista do ponto turístico mais visitado do Espírito Santo.

“A tia de minha esposa me perguntou se eu não podia repetir a mesma cena na missa das mulheres que acontecia no Campinho do Convento. Fiz o terço, mas ficou pesado e para não jogar a peça fora, não perder por causa do simbolismo e do valor que o terço tem em si, subi ao Convento e o frei que sugeriu colocar nas palmeiras”, relembra o médico Osmar Sales, de 63 anos, devoto de Nossa Senhora da Penha.

Os dois primeiros terços feitos por Osmar foram encomenda das romeiras da Romaria das Mulheres. Daí em diante, todos foram por conta própria. “O quinto eu não quis fazer, aí repetiram o quarto terço. Depois voltei a fazer porque começou a aparecer algo dentro de mim que me fez voltar e não parei mais. Comecei por acaso e fui engrenando com o tempo”, afirmou.

Na confecção do terço já foram usados canetas, CDs , isopor e diversos outros materiais. Peças que a cada ano ganham formatos e cores diferentes. “Eu tenho uma ideia, reúno o grupo, daí a gente normalmente modifica a ideia porque na cabeça ela é uma, mas quando você desenha e visualiza percebe alguns exageros que vão sendo cortados, e simplificando”, explica.

ENVOLVIMENTO

Além de Osmar, a produção tem a participação da mulher, dos dois filhos e de amigos. Este ano tudo está sendo feito em seu apartamento na Praia da Costa, em Vila Velha, que se transformou em um ateliê. “Eu sempre fiz na Casa Verde (no Convento) e em outros espaços quando aparecem, mas normalmente eu faço em casa na mesa do tanque, na mesa da cozinha, da sala. Os amigos chegam, partilham um café e vamos levando”, relata.

Em todo esse tempo, a preparação do terço ganhou proporções tão grandes que envolve até voluntários que Osmar não conhecia e que se tornaram amigos. Como a dona de casa Nadir Vanderlei Oliveira Damaceno, de 67 anos, que nem se lembra do ano em que se juntou à turma. Sempre envolvida com a Festa da Penha, ela foi convidada por uma amiga para ajudar.

“Sempre estamos envolvidos com a festa por participar de paróquia franciscana. E nessas participações as pessoas vão percebendo o dom da gente de criar, complementar ideias, e daí uma amiga me disse para ajudar no terço”, conta.

De fala humilde, Nadir ajuda como pode em suas horas vagas, principalmente à noite. Junta as amigas, mas não muitas para a conversa não atrasar o trabalho.

“Não me sinto especial. Sinto que o especial é esse agrupamento de pessoas que se envolve para colocar o terço no auge entre as palmeiras. De ver que, no final, dá esse embelezamento ao Convento” disse.

Os materiais utilizados no terço deste ano foram isopor, EVA, vergalhão, canos de PVC e fios de alumínio em sua estrutura, que comporta 53 grandes peças de Ave-Marias e seis Pai-Nossos. A cruz é de madeira com uma pintura em óleo sobre tela de Jesus ressuscitado. E no meio, a logomarca da Festa da Penha. O terço é todo iluminado por fitas de led. A inclusão da logomarca foi um pedido do Convento, para destacar a linguagem única da festa, segundo Osmar.

A montagem do terço, na manhã de ontem, foi abrilhantada pela apresentação da banda de congo e que surpreendeu até o frei Paulo Roberto, guardião do Convento.

“Foi uma coincidência muito feliz, enquanto o terço estava sendo erguido, os tambores do congo tocando. É bom que se diga, eles ficam silenciados durante os 40 dias da quaresma, essa é a primeira vez que eles estão tocando”, revelou o frei. (Com informações de Bárbara Caldeiras)

DEVOTO, BOMBEIRO AJUDA NA INSTALAÇÃO

A colocação do terço entre as palmeiras no Convento da Penha, em Vila Velha, exige a técnica e a experiência do Corpo de Bombeiros. E, para alguns, é também sinal de devoção como é o caso de Alcemir Gonçalves de Carvalho, 61 anos. Mesmo aposentado da corporação desde 2009, continua indo ao Convento acompanhar os trabalhos. Quando estava ativa, foi ele quem ergueu o primeiro terço.

Antes de o terço ser erguido entre as palmeiras do Convento da Penha, vem toda a dedicação do médico Osmar Sales, que cedeu espaço em seu apartamento para a confecção da peça, com José Freitas e Inis Brunelli. O trabalho é feito em parceria com família e amigos. (Bernardo Coutinho)

“Trabalhava no Corpo de Bombeiros e fui escalado para ir. No dia falaram que tinha uma missão para resolver e optaram por mim que tinha a experiência em subir em árvores e me pediram para subir nas palmeiras”, relembra Alcemir.

O terço é erguido um dia antes da missa de abertura da Festa da Penha, com toda a perícia dos bombeiros. O trabalho começa cedo, por volta de 7 horas. No local são feitos os ajustes finais de ornamentação e iluminação das peças. E é nesse horário que Alcemir faz questão de chegar. Ele mora no bairro Universal, em Viana, e só retorna para casa depois de tudo pronto.

O bombeiro aposentado se sente abençoado pelo trabalho realizado no Convento. No segundo ano de colocação do terço estava de folga, mas fez questão de ir. Em outro ano, desmarcou até uma viagem para estar presente.

“Conheci Osmar e toda a equipe na colocação do primeiro terço. Não deu para não sentir algo especial naquele dia que estava de serviço. No outro ano fui solicitado, mas não estava trabalhando e fui mesmo assim porque, para mim, é uma benção. Atendo o pedido deles com muito honra”, ressalta Alcemir, um devoto declarado de Nossa Senhora da Penha.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

A história do terço entre as palmeiras é tema de uma exposição fotográfica no Convento da Penha, em Vila Velha. São imagens de 12 anos de cobertura do projeto “Procissão Fotográfica”, com alunos de jornalismo e publicidade do Centro Universitário Faesa. Nas imagens, terços de diversas cores e formatos.

“É um evento que, embora esteja ligado a uma religião, faz parte da cultura capixaba. E o que emociona a todos é a fé. Nossa preocupação é registrar o momento em sua naturalidade, na espontaneidade das pessoas que participam do evento. Sempre com muito respeito,” explica a professora e coordenadora do projeto Zanete Dadalto.

A Procissão Fotográfica possui o maior acervo da Festa da Penha. Em sua 13ª edição contará com a participação de 60 alunos nos nove dias de evento. As imagens serão disponibilizadas diariamente no site do Gazeta Online.

SERVIÇO

Evento: Procissão fotográfica Local: Sala de exposições

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Local: Aberto diariamente, no horário de funcionamento do Convento

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