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Três anos após tragédia, 2 mil vivem sob risco no Morro da Boa Vista

Três anos após tragédia, 2 mil vivem sob risco no Morro da Boa Vista

Em Boa Vista, 2 mil vivem sob risco de rolamento de pedra

Publicado em 17 de abril de 2019 às 01:28

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Sandra Luiza Conceição teve a casa destruída após rocha rolar em 2016. No local, há outras pedras. (Fernando Madeira)

Após três anos do rolamento de uma pedra de 3 mil toneladas no Morro da Boa Vista, em São Torquato, Vila Velha, cerca de 2 mil moradores ainda vivem sob alerta máximo. Apesar de uma contenção ter sido feita no local, a área ainda é considerada de risco muito alto, segundo a Defesa Civil Estadual. Ou seja, novas rochas podem rolar e, com as chuvas, a situação pode se agravar. Uma vistoria rotineira foi feita ontem no local pela Defesa Civil Municipal.

O rolamento ocorreu em 1º de janeiro de 2016, deixando 15 pessoas feridas. Houve um processo natural de desgaste da rocha.

O gerente de operações da Defesa Civil Estadual, Rony Gomes do Nascimento, explicou que uma área pode ter risco minimizado após obras de contenção. No entanto, a região de Boa Vista mantém risco muito alto porque a barreira feita representa apenas cerca de 10% do total da área das pedras.

“Mesmo com a obra feita pela Prefeitura de Vila Velha, é um ponto com muito alto risco. Isso porque os blocos nas áreas adjacentes podem rolar e, dependendo do percurso, atingir o local que já sofreu com um deslizamento ou outras partes do morro”, explica.

Ele acrescentou que o perigo de rolamento acontece principalmente no período das chuvas. “A água infiltra entre a rocha e terra, diminuindo aos poucos o contato entre as duas e ocasionando o rolamento”, disse.

Apesar do que aconteceu em 2016, duas mil pessoas ainda moram na região sob risco. Uma delas é a açougueira Sandra Luiza Conceição, de 53 anos, que teve a casa destruída e agora vive no pé do morro.

Ela lembra que estava em sua casa, com o seu esposo, dois amigos e seus dois filhos quando o rolamento de pedra aconteceu. Sandra estava no quarto e ouviu seus familiares gritando, a terra tremendo, tudo caindo. Em menos de 10 minutos, viu o imóvel no chão.

“Eu sei que foi um desastre da natureza, mas prefiro sair daqui e arrumar uma casa em outro lugar”, explica.

INDENIZAÇÃO

Ela faz parte do grupo de 17 famílias que não puderam voltar para casa após o rolamento de pedra no morro. Para essas famílias, a Prefeitura de Vila Velha pagou uma indenização, após acordo, no último mês de março. O total foi de R$ 362.433,86 com recurso próprio do município. O dinheiro é referente às casas nos morros que tiveram que ser esvaziadas ou foram destruídas

A presidente da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Espírito, Mariana Sobral, explicou que os valores foram diferentes para cada família, variando de R$ 50 mil a R$ 7 mil. Foram avaliadas a construção e a mão de obra desses 17 imóveis, uma vez que o terreno não pertencia aos moradores que saíram do local.

“O valor da indenização foi aprovado pelos moradores, Defensoria Pública e Ministério Público. Além da indenização, houve um acordo para que essas pessoas sejam incluídas no próximo programa habitacional.”

Antes da liberação dos recursos, a prefeitura auxiliou as famílias com o aluguel social. O Executivo, entretanto, não informou quando essas 17 famílias serão colocadas num programa habitacional e retiradas do morro.

OUTRO LADO

O assessor adjunto da Defesa Civil de Vila Velha, Augusto Bandeira Filho, explicou que o órgão faz um trabalho preventivo em várias áreas, inclusive no Morro da Boa Vista, que inclusive teve vistoria ontem. “Saímos diariamente para observar as áreas de riscos geológicos e estruturais e intensificamos o trabalho em períodos de chuva. Acompanhamos os pluviômetros, que medem a intensidade das chuvas. para direcionar os esforços”, diz. As equipes também realizam ações para orientações aos moradores do Morro da Boa Vista com dicas a serem adotadas antes e após chuvas. Também são realizadas palestras sobre como agir em emergências. Além da prevenção, a partir do plano municipal de redução de risco, que deve ficar pronto em 2020, será possível identificar as áreas de risco de forma detalhada para apontar soluções definitivas.

 

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