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Crítica de professor a Olavo gera polêmica em faculdade no ES

Crítica de professor a Olavo gera polêmica em faculdade no ES

O áudio, que foi hospedado no Youtube, viralizou

Publicado em 2 de maio de 2019 às 21:41

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Uma aula de um professor da Faculdade de Direito de Vitória (FDV) causou polêmica entre os alunos. É que em um áudio, que foi divulgado em um canal do Youtube, o professor critica Olavo de Carvalho, guru do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

"Passei por tantos lugares para depois perder tanta coisa, para chegar e ouvir um sujeito que mora na Virgínia, nem mora aqui, nem paga impostos, detonar o meio acadêmico, detonando todo mundo, palavra de baixo calão, se dizendo filósofo, se insinuando na internet, sem nunca ter escrito um livro", diz o professor no áudio publicado no Youtube.

A publicação já possui quase 10 mil visualizações. Nesta quinta-feira (2), a declaração do professor foi divulgada em um perfil do Instagram dedicado a Olavo de Carvalho, que é administrado por um estudante da FDV, Thiago Leorne David.

(Reprodução)

O ÁUDIO

O QUE DIZ A FDV

Ao Gazeta Online, o coordenador da instituição, Ricardo Goretti, informou que tomou conhecimento sobre o caso há pouco tempo. Ele reforçou que "o respeito é um valor da FDV, que a pluralidade e a liberdade de expressão sempre foram respeitadas na faculdade".

Questionado se o professor ou os alunos iriam ser punidos de alguma forma, Ricardo afirmou que eventuais violações a qualquer princípio ou valor constitucional sempre foram apurados e tratados com seriedade e devidas cautelas. "Nesse caso não seria diferente", finalizou. 

CASO EM SÃO PAULO

Um professor de geografia do ensino médio do Colégio Poliedro de São José dos Campos foi demitidoapós ser filmado criticando o presidente Jair Bolsonaro durante uma aula. O vídeo viralizou nas redes sociais e foi publicado na página Escola Sem Partido, no Facebook. "Estamos vivendo um momento em que colocaram um imbecil lá que quer que preto, pobre, mulher, gay e transexual se ferre", disse o professor em um trecho do vídeo.

Segundo relatos, o docente foi questionado por alunos sobre a situação política no Brasil, disse que essa era sua opinião pessoal e teria se colocado aberto para o debate.

A direção do colégio diz que as orientações dadas aos docentes "incluem usar uma linguagem adequada ao ambiente acadêmico e indicações explícitas sobre o não posicionamento político-partidário ou ideológico que possam provocar qualquer compreensão equivocada sobre aquilo que é conteúdo programático da disciplina e aquilo que é opinião do professor".

"Em virtude dos pontos mencionados, o docente foi desligado da instituição. Independentemente do posicionamento pessoal do professor, o que buscamos foi nos manter dentro dos princípios e valores da instituição", completa a direção.

A instituição também reforça que é proibido que alunos gravem ou filmem aulas sem a autorização do professor e que não aprova "qualquer atitude que possa coibir a atividade docente em suas diferentes dimensões".

O Poliedro diz que o estudante responsável pela gravação também recebeu uma punição.

Segundo um funcionário que pediu para não ser identificado, o corpo docente da escola tem sido alvo de ataques por pais de alunos desde as eleições de 2018. Ele conta que, agora, com a divulgação do vídeo, a escola sofreu "fortes pressões" e pedidos "pela cabeça do professor".

MINISTRO DA EDUCAÇÃO DIZ QUE FILMAR É DIRETO DOS ALUNOS

 Ele afirmou que podem ser necessárias medidas para  

Para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, filmar professores em sala de aula é um direito dos alunos. "Não incentivo ninguém a filmar uma conversa na rua, mas elas têm direito de filmar. Isso é liberdade individual de cada um. Vou olhar os casos com calma. Não faremos nada de supetão", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, lembrando que, como professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sempre deixou que seus alunos gravassem as aulas e fotografassem a lousa.

Segundo o ministro, o objetivo não é "criar um clima de caça às bruxas" e os professores devem ficar tranquilos, pois "o direito de todos será preservado". Ele afirmou, porém, que podem ser necessárias medidas para "melhorar o ambiente escolar" nos casos relatados.

"Pelo que me foi descrito, o dinheiro do contribuinte não estava sendo gasto da melhor forma. Se eu tivesse pagando por uma aula dessas, eu me sentiria lesado. Agora, vamos olhar com calma e analisar dentro da lei o que pode ser feito, respeitando professores, alunos e pagadores de impostos", disse.

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O ministro afirmou que os professores não devem ficar "apavorados" e que têm liberdade para tecer comentários fora do horário da aula. "Claro que ele pode fazer comentários e pode ter sua opinião. Se ele fala qualquer coisa no intervalo, está no direito dele. Se a aula foi boa, o aluno aprendeu, não temos nada com isso", disse.

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