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Delegado pede que pais não tenham medo de denunciar quem vende MMS

Delegado pede que pais não tenham medo de denunciar quem vende MMS

Polícia investiga grupo da Serra por comercialização de substância proibida no Brasil após denúncia de A GAZETA

Publicado em 29 de maio de 2019 às 23:16

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Delegado Brenno Andrade, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos - (DRCE) comenta sobre o caso de remédios falsos para autismo. (Marcelo Prest)

Pais e responsáveis que compraram MMS - substância similar à água sanitária que tem sido comercializada na internet com a falsa promessa de curar doenças, entre elas o autismo - devem procurar a Polícia Civil para relatar o caso.

A orientação é do delegado Brenno Andrade, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) que investiga o caso. Na última terça-feira, A GAZETA denunciou com exclusividade que um grupo na Serra vendia para todo o país kits de MMS.

Desde junho do ano passado a comercialização da substância é proibida no Brasil, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após denúncia feita por A GAZETA na edição de ontem, a Polícia Civil anunciou que irá investigar o caso.

O delegado da DRCC disse que não pode passar mais detalhes sobre o que está sendo feito para não atrapalhar as investigações.

Apesar disso, ele informou que além do grupo da Serra que vendeu o MMS à reportagem de A GAZETA nenhum outro foi identificado ainda, por isso, é importante a colaboração de quem comprou a substância no Espírito Santo. A denúncia pode ser feita, inclusive pelo disque-denúncia 181, onde o relato pode ser feito anonimamente.

“Os pais que aplicavam a substância a pretexto de melhorar a vida do filho, em tese, não teriam responsabilidade. De uma forma geral, o que a gente percebe, é que os pais acreditam que isso pode realmente ajudar. Se a pessoa estiver com medo de denunciar, o melhor recurso é o 181, onde a pessoa não precisa se envolver”, recomenda o delegado.

Ele afirma ainda que podem haver casos onde a pessoa se sentiu enganado ao comprar e, por isso, quer reportar o caso à polícia.

“Quem comprou e se sentiu enganado pode fazer a denúncia, mesmo sem querer se identificar, porque além de trazer a devida justiça com o que aconteceu com seu filho, pode evitar que o mesmo aconteça com os filhos de outras pessoas”, orienta.

Tóxico

Segundo especialistas, o MMS não possui efeito medicinal e pode trazer sérios riscos para a saúde. Ele é obtido pela junção do clorito de sódio, usado para branquear produtos e descolorir papel, e também por ácido clorídrico, usado na obtenção de corantes e no polimento de metais.

É uma substância altamente tóxica para o organismo humano e pode provocar lesões graves no esôfago, quando ingerido pela boca, e para o intestino, quando aplicado no ânus da pessoa via enema.

O dióxido de cloro, presente em grande quantidade no MMS, é uma substância química presente na composição de alvejantes que se tornou conhecido na internet como MMS, sigla em inglês para “solução mineral milagrosa”, e estava sendo comercializado pelo morador da Serra Jorge Gonçalves e outros administradores em grupos privados no Facebook e no WhatsApp.

Jorge vendia o produto com a ajuda de seu filho Ângelo para diversos Estados no país.

A apuração ficará a cargo da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). Segundo a polícia, quem vende produto proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pode ser condenado a até 15 anos de prisão.

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“Toda vez que é atribuída uma propriedade terapêutica a alguma substância, ela é equiparada a um medicamento. E, para ser comercializado, o medicamento precisa do registro na Anvisa. O Código Penal estipula uma pena para qualquer comercialização de medicamento sem registro na Anvisa (de 10 a 15 anos de cadeia)”, explicou delegado Brenno Andrade.

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