Para reduzir o número de acidentes e conter os abusos de motoristas, como dirigir após beber, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES) vai reforçar as blitze a partir do próximo mês, inclusive as da Lei Seca. O órgão está finalizando uma série de projetos que, entre outras medidas, prevê a integração de polícias para operações conjuntas, capacitação de servidores para atuarem como agentes e até uma escola de formação com foco na educação básica.
O diretor-geral do Detran, Givaldo Vieira, reconhece que a fiscalização é uma estratégia fundamental para diminuir a violência no trânsito e uma das medidas é a criação de uma gerência específica para a área. A partir de redistribuição interna de servidores, em junho uma equipe passará a cuidar do setor que, com base em estatísticas, vai definir local e forma de atuação.
Também está sendo criado um comitê permanente de fiscalização de trânsito. Givaldo diz que, a partir do mês que vem, todos os órgãos do sistema nacional de trânsito que atuam no Espírito Santo passarão a trabalhar de forma coordenada, integrada em operações de fiscalização.
Devo ressaltar que as fiscalizações de trânsito acontecem regularmente. Nosso agente hoje é a PM. Nos últimos 15 dias, por exemplo, foram abordados 685 veículos nas operações e 405 fizeram os testes de alcoolemia (bafômetro). O que teremos de novidade é que o trabalho passará a ser de forma integrada, com operações robustas, envolvendo diversas instituições, inclusive Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Ceturb e Guardas Municipais. Vamos intensificar essas fiscalizações já a partir do próximo mês, observa o diretor do Detran.
Givaldo afirma que haverá um planejamento para um ano inteiro porque as fiscalizações se tornarão rotineiras. Haverá blitze temáticas, como as voltadas para motociclistas, e a da Lei Seca, sempre. Além disso, segundo o diretor, servidores do Detran passarão por um curso de formação de agentes que permitirá que eles atuem junto com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, reforçando as equipes de fiscalização.
Todas essas estratégias têm como pano de fundo a redução do número de acidentes. O condutor precisa saber que há o risco de ser flagrado em uma blitz e que, se descumprir a legislação, terá a punição pecuniária (multa) e criminal conforme cada caso, reforça.
GOVERNO PREPARA PROPOSTA PARA ESCOLA PÚBLICA DE TRÂNSITO
A fiscalização não será o único foco de atuação do Detran. Junto a esse trabalho, haverá ações de educação. Nessa área, o órgão prepara o projeto da Escola Pública de Trânsito, a fim de impulsionar todas as ações do segmento, que vão muito além das palestras e campanhas educativas.
A proposta é promover cursos para a rede credenciada, com formação de proprietários de autoescolas, instrutores, despachantes, profissionais das clínicas, e também para a escola.
Neste caso, a ideia é oferecer um curso de pós-graduação para professores da educação infantil ao ensino médio que, como contrapartida, deverão desenvolver projetos de educação para o trânsito dentro de suas escolas.
Givaldo Vieira explica que a formação deverá ser na modalidade a distância para contemplar todo o Estado. Também será lançado um prêmio para os educadores que apresentarem as melhores práticas educacionais na área.
Acreditamos que, assim, a educação para o trânsito chegue de fato na sala de aula e prepare a futura geração de condutores melhor do que a nossa, que é permissiva com excesso de velocidade, com uso de álcool, com infrações de trânsito de maneira geral, opina Givaldo.
O projeto para a Escola Pública de Trânsito está em elaboração, com a possibilidade da formação ser feita em uma parceria com o Ifes, e a perspectiva é que possa ser colocado em prática no segundo semestre.
ANÁLISE
Risco e consequência
Todo comportamento produz consequências. Há um erro de julgamento de quem está dirigindo achar que não vai acontecer nada, subestima o risco envolvido em suas ações. Isso é o que muitas vezes nos coloca em condição de um acidente. Por exemplo, quando alguém anda em alta velocidade, a tendência é chegar mais rápido. Mas também está sujeito a uma multa. Infelizmente, muitas vezes é preciso passar por uma consequência para aprender. Sem a consequência, posso ignorar. Quem bebe e dirige, dentro da lógica dele, acha que não vai ter blitz, que não bebeu o suficiente, que já bebeu antes e não aconteceu nada. Sempre busca validação para justificar a conduta. Então, o que torna a regra mais eficaz é a pessoa saber que há uma consequência provável. Se tem certeza da blitz, ou não vai beber, ou não vai de carro. Quando se submete ao risco, é porque acredita que não há consequência provável. Por isso, a fiscalização é importante. Do contrário, só uma experiência traumática ensina.
Luciano de Sousa Cunha, doutor em Psicologia, professor da Faesa
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