O secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, é contrário à flexibilização do porte de armas, como previsto no decreto presidencial, e mostra-se preocupado com as consequências da medida implementada pelo governo de Jair Bolsonaro. Para ele, o foco para combater a violência deveria ser a adoção de políticas públicas que desarmem o criminoso, em vez de armar a população.
No Espírito Santo, uma das estratégias foi a publicação de um decreto para gratificar policiais por apreensão de armas que, segundo o secretário, terá validade até o final do atual governo. A premiação depende do tipo de apreensão feita, variando neste ano de R$ 342,17 a R$ 1.026,51. Outra medida, que deverá ser implementada ainda no primeiro semestre, é a criação de uma delegacia especializada para investigar o comércio ilegal de armas - a Desarme.
Roberto Sá observa que, além de deter os criminosos que portam armas e retirá-las de circulação, é necessário apurar melhor a comercialização. "Em 80% dos homicídios, o criminoso utilizou arma de fogo. Mas a estratégia não pode ser só apreender porque o cara que vende, vai continuar vendendo, traficando. Precisamos investigar a rota de armas clandestinas", sustenta.
O secretário diz que é preciso também entender como essas operações criminosas ocorrem no Estado para atacar o problema na origem. Para tanto, está sendo feito um levantamento a fim de identificar, entre outros aspectos, as principais armas em circulação, onde ocorrem as apreensões e locais com maior incidência de homicídios dolosos (com intenção). Roberto Sá aponta que já foi possível estabelecer, por exemplo, que grande parte desses assassinatos é registrada nas mesmas áreas em que é feita a maioria das apreensões.
Roberto Sá avalia que, ao adotar essa medida, o governo federal aposte que o bandido tenha medo de praticar o crime por imaginar que a eventual vítima esteja armada. "Por outro lado, se mesmo a possibilidade do outro estar armado não diminuir o ímpeto do criminoso, não sei se as pessoas estarão preparadas para anular uma investida. Por isso, acho que estamos caminhando na direção inversa porque em vez de punir a causa, estamos punindo a consequência", conclui.
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