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Sedu aposta em formação básica com técnica para capixabas

Sedu aposta em formação básica com técnica para capixabas

Com oferta integrada, intenção é atrair quem precisa concluir estudos

Publicado em 11 de maio de 2019 às 23:28

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Jean Jorge Santos, de 24 anos, hoje faz Engenharia Metalúrgica e é funcionário da Vale; início dessa trajetória começou pela EJA. (Carlos Alberto Silva)

Retornar à sala de aula depois de um tempo sem estudar, sobretudo se precisa conciliar com o trabalho, não é tarefa nada fácil. Para atrair esse público que está fora da escola e ainda precisa concluir os estudos, uma das estratégias é investir em qualificação profissional integrada à formação básica.

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) está preparando duas ações. Para o segundo semestre, vai ofertar qualificações – cursos de curta duração aos que têm necessidade de formação mais rápida para inserção no mercado – e, em 2020, passará a disponibilizar também curso profissionalizante. Neste caso, além de um ano e meio de Educação de Jovens e Adultos (EJA), o estudante vai dedicar o mesmo tempo para a formação de nível técnico.

“Estamos mapeando o Estado para definir os cursos e as localidades onde haverá esse tipo de oferta. É preciso fazer uma análise dos arranjos produtivos porque não adianta ter o curso e depois o mercado não absorver a mão de obra”, explica Sandra Renata Muniz Monteiro, gerente de Educação, Juventude e Diversidade da Sedu.

Atualmente, a rede estadual tem escolas com vagas para turmas semipresenciais – com aulas nas unidades de terça a quinta – e os centros e núcleos de EJA, que possibilitam um atendimento individualizado e os alunos estudam por meio de plataformas na internet. Questionada sobre a redução da oferta e se as modalidades de hoje não são pouco acessíveis, Sandra Renata ressalta que mais vagas serão oferecidas e afirma que a criação das nucleações (núcleos em determinadas escolas para atender a uma região), por exemplo, foi uma forma de reduzir gastos em locais onde havia baixa demanda. “Tínhamos casos no ensino médio de nove alunos para 13 professores”, justifica.

IFES

No campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), curso técnico integrado à EJA é uma realidade há 18 anos – e está hoje no quarto lugar no ranking nacional desta modalidade de oferta. Atualmente, são 700 alunos matriculados, em quatro cursos: Segurança do Trabalho, Metalurgia, Guia de Turismo e Hospedagem.

“A oferta dos cursos técnicos integrados configura-se como possibilidade do retorno à escola e a consequente elevação da escolaridade atrelada a uma profissionalização técnica que vai permitir aos estudantes uma melhor mobilidade no mundo do trabalho”, avalia a professora Maria José de Resende Ferreira, coordenadora do programa.

Essa é a experiência de Jean Jorge Santos, 24 anos, hoje fazendo Engenharia Metalúrgica no instituto e funcionário da Vale. O início dessa trajetória começou pela EJA – o ensino fundamental em Vila Velha e o médio integrado, no Ifes. “Parei de estudar para trabalhar. Retornei para ter um trabalho melhor, um salário decente que ajudasse a manter minha família. A EJA abriu as portas para mim!”

VILA VELHA: SISTEMA TEM RECEBIDO MAIS JOVENS

No senso comum, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é frequentada especialmente por pessoas mais velhas que tentam se colocar em melhor condição no mercado. Contudo, há uma tendência de crescimento do público jovem que não consegue concluir o ensino fundamental e recorre a essa modalidade de formação.

Na rede de Vila Velha, 60% dos estudantes da EJA têm entre 15 e 17 anos, segundo Emerson Giostri, coordenador da área na Secretaria Municipal de Educação (Semed). “Há o que chamamos de ‘juvenilização’ da EJA. Alunos com defasagem de idade-série no ensino regular estão migrando. Isso nos exige ainda mais para atender a esse público porque, numa sala de jovens, também vai ter uma pessoa de 50, 60 anos”, afirma.

O índice de evasão ainda é elevado – na faixa de 25% – mas o município está investindo em estratégias com a perspectiva de melhorar o desempenho. “Temos vários projetos pedagógicos, como o que leva escritores capixabas para a sala de aula, ou o que trata das questões indígenas e africanas. O que buscamos é o empoderamento do aluno, demonstrando o quanto ele é importante e, mais ainda, que a conclusão dos estudos será importante para ele”, ressalta Giostri.

O coordenador da EJA destaca ainda um projeto com alunos para que se preparem para o processo seletivo do Ifes, que tem EJA integrado com curso técnico. Em cinco anos, o município já conseguiu a aprovação de 365 alunos.

Vitória, além de também promover o acesso de alunos da EJA ao Ifes, oferece a qualificação técnica em cinco escolas da rede. Essa é uma maneira de atrair o jovem e mantê-lo na escola, de acordo com Mariane Folador Berger, coordenadora da EJA na Secretaria Municipal da Educação (Seme).

“Estamos fazendo uma pesquisa para identificar por que desistem de estudar, mas sabemos que vincular o aprendizado ao mundo do trabalho faz mais sentido para eles. Então, nossa ideia é que, progressivamente, possamos levar a qualificação profissional também para as outras escolas com EJA”, aponta Mariane.

Serra e Cariacica também têm oferta de EJA voltada para a conclusão do ensino fundamental. Os quatro municípios hoje atendem mais de 12 mil alunos nesse segmento.

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