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Talude em complexo da Vale vai se romper até sábado, afirma Agência

Talude em complexo da Vale vai se romper até sábado, afirma Agência

Segundo a Agência Nacional de Mineração, deslocamento já é de 7 centímetros por dia

Publicado em 21 de maio de 2019 às 00:29

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Talude em complexo da Vale. (Vale/Reprodução)

A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou, ontem, que o talude norte da cava da mina do Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), vai se romper, e, pelos cálculos da Vale, isso ocorrerá ainda nesta semana, mais precisamente até o próximo sábado, dia 25. A barragem é do mesmo tipo da que se rompeu em Brumadinho, Minas Gerais, em 25 de janeiro.

O que não se sabe ainda é como ocorrerá esse rompimento, se um pouco por dia, até o talude ir todo abaixo, ou se abruptamente – o que poderia afetar a barragem de rejeitos que fica a cerca de 1,5 quilômetro da cava e inundar a cidade, rios e áreas verdes.

Segundo a ANM – que interditou o complexo na última sexta-feira – o talude está se movimentando 7 centímetros por dia, desde domingo. Para se ter noção, o deslocamento aceitável dada a dimensão da estrutura é de 10 centímetros por ano.

O talude é a encosta “recortada”, semelhante a uma escadaria, que fica em volta da cava da mina (de onde se retira o minério de ferro). Conforme a cava é aprofundada com a retirada do minério, há a necessidade de se estabilizar o entorno para que não haja movimentação do terreno. O talude norte, que vai se romper segundo a ANM, fica na lateral interna da cava, em contato com água que está represada (também há taludes na área externa da mina do Gongo Soco, inativa desde 2016).

RIO DOCE

Menos de quatro anos depois da tragédia de Mariana (MG), as populações das cidades capixabas pelas quais o Rio Doce passa sentem novamente o medo de 2015. Entretanto, Apesar de os rejeitos poderem chegar às águas do Rio Doce, o diretor administrativo-financeiro do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (SANEAR), Geraldo Avancini, ressalta que o possível impacto não será tão grave quanto o anterior.

“O volume oito vezes menor dos rejeitos e a maior distância contribuem para um cenário menos negativo”, garantiu. As estruturas paliativas construídas em 2015 também permanecem e podem ajudar no caso de um novo rompimento. (Com informações do UOL)

PEDIDO DE CALMA À POPULAÇÃO DO ESTADO

Geraldo Avancini, coordenador do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear), garantiu que não há motivo para pânico ou desespero. “Pedimos que qualquer informação que chegue pelas redes sociais seja checada, pois o Sanear vai manter a população informada sobre os riscos e a qualidade da água”.

Em relação à estocagem da água, ele também defendeu que não há necessidade de fazê-la por enquanto. “Talvez com as adutoras alternativas não consigamos abastecer 100% da população, mas o impacto será muito menor de anos atrás, quando todos ficaram sem água”, esclareceu.

A Prefeitura de Linhares, por meio de nota, informou que equipes da Defesa Civil do município estão monitorando permanentemente a situação, a fim de mitigar os impactos caso o Rio Doce seja atingido; mas lembrou que ainda não se sabe a quantidade de material que poderá atingi-lo e nem quais serão os impactos.

SEGURANÇA

A reportagem do UOL conversou ontem com o chefe da divisão de segurança de barragens de mineração de Minas Gerais da ANM, Wagner Nascimento, que sobrevoou domingo o complexo minerário de Gongo Soco.

Por que o talude norte pode se romper até sábado?

O talude vinha tendo deslocamento desde 2012 e eles (Vale) vinham monitorando. Mas era da ordem de 10 cm por ano. Quando foi agora no final de abril, eles verificaram uma aceleração nesse deslocamento. Passou a ser de 5 cm por dia. Ontem (domingo) estava na ordem de 7 cm. A ruptura vai ocorrer, o que não tem como prever é se vai ser lenta, escorrendo devagarinho, aumentando a cada dia, passando a 8 cm, 10 cm, até cair, ou se vai ser algo abrupto. Se for lentamente, vai ser o melhor dos mundos, porque evitaria uma vibração que pudesse perturbar a situação da barragem, que já estava em nível de alerta. A Vale está monitorando com radar e também instalou uma rede sismográfica, com geofones que fazem a medição de vibração entre a cava e a barragem.

Em caso de uma ruptura abrupta do talude, em quanto tempo a barragem poderia vir a ser afetada?

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É algo muito difícil de se dizer. Principalmente sem saber como está a barragem. Dependeria de uma ação rotineira de inspeção, que não está ocorrendo.

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