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Veja os 16 bairros de Cariacica que terão reforço da Força Nacional

Veja os 16 bairros de Cariacica que terão reforço da Força Nacional

Mapeamento de Cariacica revelou áreas mais vulneráveis

Publicado em 16 de maio de 2019 às 11:25

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Perícia criminal analisa corpo de Zenildo Cardozo, 20 anos, morto á tiros no bairro Rio Marinho, em Cariacica, ao ser perseguido por dois homens que estavam em uma moto. (Foto: Ricardo Medeiros)

Um mapeamento de Cariacica revela uma série de bairros em vulnerabilidade social e, ao implementar o programa federal de enfrentamento à criminalidade, pelo menos 16 deles receberão a atenção das forças de segurança que serão deslocadas para o município.

A relação dos bairros, que inclui Castelo Branco, Flexal, Rio Marinho e Nova Rosa da Penha, foi apresentada pelo secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, que explicou que haverá, num primeiro momento, uma convergência da atuação federal nos mesmos locais onde o governo desenvolve ações do programa Estado Presente nas áreas de educação, cultura e esportes.

O secretário destaca que o programa federal tem como premissa realizar ações de proteção policial e social. “De certa forma, ele se inspira na metodologia do Estado Presente, com avaliação de áreas de risco e atuação multidisciplinar que se assemelha muito ao que é feito em nível estadual”, compara.

Assim, as áreas de interesse operacional do programa federal coincidem com os 16 bairros do Estado Presente, porém Roberto Sá disse que não estará restrito a esses locais. “Estão sendo feitos diagnósticos para saber onde podem atuar, indo além das áreas onde a polícia já atua”, ressalta.

As tropas poderão tanto reforçar as ações ostensivas onde a Polícia Militar está trabalhando, quanto ocupar áreas onde o policiamento é reduzido.

Há também uma expectativa que a Força Nacional possa atuar na área de inteligência, segundo afirmou o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia de Oliveira Júnior, o Juninho.

Questionado se o envio de forças federais para o Estado não seria um demérito para o governo local, o secretário Roberto Sá garantiu que não é esse o sentido do programa, nem o sentimento da equipe da secretaria.

“O governo federal escolheu cinco municípios, mas, se considerarmos taxas de mortes por 100 mil habitantes, muitos outros lugares do país mereceriam esse programa. A escolha não tem a ver com a capacidade do Estado em realizar seu trabalho, até porque desenvolvemos muitas ações no município - semana passada prendemos 22. A atuação conjunta é salutar. É, inclusive, o reconhecimento de que todos os entes - União, Estados, municípios - têm responsabilidades na área de segurança”, argumenta Roberto Sá.

BAIRROS CONTEMPLADOS NA PRIMEIRA ETAPA:

No início das operações da Força Nacional, as tropas deverão atuar nos mesmos bairros contemplados pelas ações do programa Estado Presente.

São eles:

- Flexal I

- Flexal II

- Graúna

- Padre Gabriel

- Alzira Ramos

- Castelo Branco

- Jardim Botânico

- Jardim de Alah

- Rio Marinho

- Nova Esperança

- Nova Rosa da Penha

- Bandeirantes

- Bela Aurora

- Maracanã

- Vista Mar

- Vila Isabel

OUTROS BAIRROS:

O programa do governo federal será levado também a outras áreas de Cariacica que forem identificadas como de vulnerabilidade social, além da atual região de abrangência do Estado Presente.

SERRA ERA A PRIMEIRA ESCOLHA

O secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá. (Carlos Alberto Silva | GZ)

Com dados de homicídios de dois anos atrás, o

Ministério da Justiça e Segurança Pública

havia escolhido, num primeiro momento, o município da Serra para ser o piloto no programa federal. Mas o governo do Estado

indicou

Cariacica.

“Quando começamos a conversar, o ministério tinha a série histórica até 2017, quando os índices da Serra ainda chamavam mais atenção. Então, analisamos e identificamos que as ações do governo estadual e municipal por lá estão revertendo essa tendência, foram encontrados caminhos para a redução dos números, que ainda não são satisfatórios, mas melhoraram e seguem nessa direção”, conta Roberto Sá, secretário estadual da Segurança.

“Cariacica, além dos indicadores de criminalidade que não são satisfatórios, tem características geográficas, topográficas e socioeconômicas que nos fizeram indicar para o programa”, acrescenta.

Roberto Sá ressalta que o crime no Brasil requer atenção multidisciplinar, pois é um fato social multicausal, e que a resposta para o enfrentamento deve ir além do trabalho policial. “Há uma lacuna grande nessa área, com intervenções em regiões de maior vulnerabilidade”, avalia o secretário.

Como se trata de um projeto-piloto, que precisa ser bem-sucedido para ser levado a outras cidades pelo país, o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia de Oliveira Júnior, o Juninho, disse que a equipe técnica do ministério está definindo as metas que cada município precisará cumprir.

“Até o início do mês que vem, acredito, teremos essa resposta. Mas o ministro (Sergio Moro) não quer apenas reduzir os índices de criminalidade. Ele quer que os envolvidos fiquem realmente presos”, finaliza Juninho.

ANÁLISE DE PABLO LYRA

PREENCHE LACUNA HISTÓRICA 

A ação preenche uma lacuna histórica no Brasil, que é a ausência de um programa nacional de Segurança Pública. O governo federal tem responsabilidade muito grande nesse campo, mas historicamente negligencia essa responsabilidade, sem atuar de forma proativa, e acaba sobrecarregando os Estados.

A Grande Vitória concentra os maiores registros de violência vinculada às atividades dos grupos ligados ao tráfico de drogas. Porém, em estatísticas mais recentes, identificamos que a Serra está em uma tendência de redução dos homicídios. Vitória também vem reduzindo gradativamente suas taxa de violência ano após ano. E, na contramão dessa tendência de redução, tem o caso de Cariacica, que vem aumentando os homicídios nos últimos anos.

Então esse enfoque tende a contribuir para que haja reversão dessa tendência. O que a gente espera enquanto sociedade é que o programa reduza a incidência de crimes como homicídios. Espera também que o projeto piloto se expanda, que vá para outras cidades, e seja articulado e forma mais ampla. Com o governo federal dando apoio, pode ser que o município se estruture melhor do ponto de vista da Segurança Pública.

PROJETO TAMBÉM PREVÊ AÇÕES SOCIAIS

A ideia do governo federal é associar ações repressivas com medidas de cunho social, como tentou o ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT) com o Plano Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

As polícias Federal e Rodoviária Federal darão suporte às polícias civis e militares. “Além dos agentes de segurança, vão ser realizadas ações políticas de outra natureza: políticas urbanísticas, políticas relacionadas a oportunidades sociais, econômicas, educação e saúde. Tudo isso focalizado com ações voltadas à diminuição da violência” afirmou o ministro da Justiça Sergio Moro, depois de se reunir com prefeitos e governadores.

As cinco cidades contempladas apresentam índices de homicídios superiores à média do país. Em 2017, último ano com dados oficiais disponíveis, o Brasil registrou 63,7 mil mortes violentas, o que representa uma taxa de 30,8 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Um cruzamento do jornal “O Globo”, com base em informações preliminares do Ministério da Saúde e estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que Ananindeua (PA) tem o pior cenário entre os municípios escolhidos. Em 2017, a cidade localizada na região metropolitana de Belém somou 86,4 mortes por 100 mil habitantes.

SEM METAS

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As medidas serão implementadas em caráter experimental. Segundo o ministro, se derem bons resultados, serão levadas para outras cidades. O governo não fixou metas de redução de homicídios, o que o livra, pelo menos em parte, de cobranças por resultados objetivos. (Agência O Globo)

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