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Violinista se aposenta de orquestra, vira designer e expõe nos EUA

Violinista se aposenta de orquestra, vira designer e expõe nos EUA

Alice Mendes se aposentou da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo depois de 37 anos e viu na ourivesaria a oportunidade de desenvolver a criatividade

Publicado em 7 de maio de 2019 às 23:41

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Violinista da Filarmônica aposentada, Alice Mendes fez um segundo curso e virou designer de joias. (Ricardo Medeiros)

Alice Mendes passou a vida se dedicando à música em mais de três décadas em que atuou como violinista na Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, logo quando o grupo clássico foi formado no Estado. Agora, aos 53 anos, ela tem a certeza de que nasceu para a arte, mas percebeu que pode desenvolver isso de outra forma. É que neste ano, depois de se aposentar oficialmente da orquestra, a capixaba pensou que engrenar na carreira de designer de joias seria uma boa. E não é que seis meses após entrar no curso para se tornar ourives ela já expôs uma coleção de oito peças exclusivas em uma galeria de Nova York, nos Estados Unidos?

Chamada de Rhapsody in Blue, a coleção contemplas brincos, anéis e colares que foram feitos em ouro, pérolas e água marinha, uma gema de tom azul claro. "Tive que homenagear uma música nessa coleção e escolhi Rhapsody in Blue ( do compositor George Gershwin). Aliás, todas as minhas joias são pensadas com música. Passei 37 anos na Filarmônica do Espírito Santo e era apaixonada pelo que fazia. É até uma forma de relembrar", diz.

Segundo ela, a canção foi muito popular quando era menina e começou as aulas de piano, aos 6 anos de idade. "Tocava muito e me impactava demais. Tenho um apreço especial por ela", justifica.

Anel de ouro com água marinha da coleção Rhapsody in Blue, da designer Alice Mendes; peça foi exposta em galeria de Nova York, nos Estados Unidos. (Reprodução/Instagram @alicemendesjoias)

Em Nova York, a capixaba dividiu holofotes com outros designers que também expuseram joias na galeria, em evento que foi de 7 a 13 de abril. Mas aproveitou a ida à terra do Tio Sam e fez contatos com outros brasileiros. Tanto que na próxima semana já vai partir para outros Estados do Brasil para mostrar seu trabalho. "E como as joias que estou produzindo são muito autorais, minha expectativa maior é mostrá-las para o máximo de gente que eu conseguir, para que elas sirvam de fonte de inspiração", relata, adiantando que suas peças custam, em média, de R$ 3 mil a R$ 6 mil. "Ouro é muito caro, então não tem jeito", reitera.

Pingente em ouro com pérola da coleção Rhapsody in Blue, da designer Alice Mendes; peça foi exposta em galeria de Nova York, nos Estados Unidos. (Reprodução/Instagram @alicemendesjoias)

Alice conta que foi bastante elogiada nos Estados Unidos e que fez contato com várias galeristas norte-americanas, o que ampliou seus horizontes até sobre o mercado comercial das joias e gemas com as quais já trabalha. Ela lembra que as pedras brasileiras têm uma pureza que eleva o valor de mercado e algumas são até bastante raras. "Até por isso escolhi a água marinha. Ir a Nova York foi um intercâmbio cultural muito rico e de conhecimento, também. Conheci colegas e fomos a lugares específicos para entender o contexto geral do segmento internacional", fala.

A designer pretende continuar homenageando músicas em suas produções, mas está produzindo uma nova linha paralela à de ouro em versões que vão ser criadas em prata, o que tornará o valor das peças mais atrativo. "Da coleção da 'Rhapsody in Blue' vendi duas peças e já fiz reposição, além de ter incrementado a linha com outros dois itens exclusivos. Mas também tenho interesse em que as pessoas comprem o que eu estou fazendo. Estou investindo em vender mais pelas redes sociais e site. Acho que será mais fácil de abranger pessoas que às vezes moram mais longe e acredito que seja a tendência", aponta.

No entanto, antes de partir para os Estados Unidos expor, a capixaba conquistou seu primeiro prêmio na nova área de atuação em uma exposição que participou no Espírito Santo. Ela foi convidada para participar de um evento promovido pela instituição em que ela aprendeu a criar as joias e seis meses depois de entrar no curso já estava pensando na primeira coleção.

Brinco em ouro com pérolas da coleção Rhapsody in Blue, da designer Alice Mendes; peça foi exposta em galeria de Nova York, nos Estados Unidos. (Reprodução/Instagram @alicemendesjoias)

Depois de cerca de dois meses produzindo tudo, a capixaba expôs em um evento da escola em que fez o curso e foi escolhida como a número um do evento, tanto pelas joias quanto pelo design. "Outros colegas levaram as joias para expor, também, e eu ganhei o prêmio pela coleção e pelos desenhos. Fiquei muito motivada e feliz pelo reconhecimento, então foi o gás que precisava (risos)", diz.

CRIATIVIDADE

Desde quando começou a trilhar o caminho na música, quando era criança, Alice sentia medo só de não conseguir compor. Isso porque a designer e violonista acredita que o maior desafio durante sua carreira na orquestra foi "criar músicas", como ela mesma fala. "Eu não conseguia criar músicas e tocava de ouvido com muita dificuldade. É que eu sempre gostei mais dos estudos clássicos, que têm outra pegada. E quando fui para o design tive medo de que a criatividade não surgisse por esse motivo", conta.

Mas, passada a experiência inicial com as joias, Alice destaca que isso não foi problema. Quando vai desenhar uma peça, ela  faz uma verdadeira viagem que parte das fotos que busca na web e a carga que já possui para criar algo novo. A capixaba destaca que tem muito costume de pesquisar na internet e criar um banco de inspiração.

(Ricardo Medeiros)

"Escolhi essa segunda profissão de forma despretensiosa e estou feliz que esteja dando tão certo", revela, dizendo ainda que demora até dois meses para que uma coleção fique totalmente pronta.

A violinista aposentada detalha que antes não executava a confecção da joia, mas que já entrou em um segundo curso profissionalizante para poder aprender esse novo exercício. "E é mesmo um exercício. Fico horas criando e parece que fiquei só minutos. Está sendo muito bom e pretendo agora eu mesma me arriscar na ourivesaria", adianta.

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