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Após ameaças, aulas voltam, mas clima é de insegurança na Ufes

Após ameaças, aulas voltam, mas clima é de insegurança na Ufes

A universidade ficou praticamente vazia na última quarta-feira (19), dia seguinte à ameaças. Os alunos voltaram nesta segunda (24), mas a sensação de insegurança continua

Publicado em 24 de junho de 2019 às 11:54

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Alunos voltam para aula na Ufes de Vitória nesta segunda-feira (24). (Eduardo Dias)

As ameaças de um ataque criminoso feitas em um fórum na internet ainda assustam muitos alunos que frequentam o Campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em VitóriaDepois da universidade ter ficado praticamente vazia na última quarta-feira (19), um dia depois das mensagens com ameaças terem se espalhado, muitos alunos voltaram para a universidade nesta segunda-feira (24), mas o clima ainda é de insegurança.

A reportagem do Gazeta Online esteve no campus de Goiabeiras e verificou que várias salas de aula voltaram a receber alunos. No entanto, muitos estudantes evitam falar sobre as ameaças. Os universitários que aceitaram dar entrevistas sobre o tema pediram para não ser identificados.

Uma estudante de 20 anos, que tem aulas no Centro de Ciências Econômicas e Jurídicas (CCJE), falou sobre o temor do dia em que viu as ameaças e revelou que ainda está com receio. Ir à universidade nesta segunda-feira, de acordo com a jovem, foi questão de necessidade. 

Após ameaças, aulas voltam, mas clima é de insegurança na Ufes

"Foi uma questão que a gente não sabia se era verdade, se não era, se devia confiar na autoridade ou nos professores. E o pessoal falando para não vir que estava meio esquisito o clima aqui na universidade e a gente pensando o que ia fazer, porque se a gente não for, pode acabar reforçando a ideia de quem deu o ataque, tipo dar uma moral para eles fazerem isso mais vezes, mas também se a gente viesse, podia acontecer alguma coisa. A gente ficou naquela indecisão. Hoje mesmo é uma questão de necessidade, então a gente vem", desabafou a estudante. 

Na opinião de um aluno do curso de Serviço Social, de 18 anos, o clima de medo vai continuar por mais alguns dias e, mesmo com policiamento no campus, o rapaz não se sente totalmente seguro.

"A gente fica com receio porque não sabe se foi uma coisa que foi só para ameaçar ou se foi para assustar mesmo e que iria acontecer na quarta-feira (19) ou se fica de alerta que possa acontecer outros dias. Mesmo tendo a polícia no campus a gente sabe que a segurança não é assim e, provavelmente, daqui para frente, até o final do semestre o clima continue sendo de medo mesmo", acredita o jovem.

Nas mensagens na página da deep web, foram feitas algumas ameaças direcionadas a alunos negros da universidade. Uma estudante negra do curso Ciências Sociais lamentou o conteúdo com preconceito racial das mensagens.

"Querendo ou não, por ser negra, é uma questão que saindo de casa eu sei que eu posso ser prejudicada a qualquer momento na rua. Então, ter visto um ataque falando sobre isso, por pessoas que ainda acham que a minha etnia não é algo aceitável, querendo ou não, é humilhante e é triste saber que tem pessoas com esse pensamento ainda", desabafa.

A deep web é uma parte da web que não é indexada pelos mecanismos de busca, como o Google, e portanto fica oculta ao grande público. A estudante Beatriz Moreira, presidente da nova diretoria do Diretório Central dos Estudantes da Ufes, que toma posse nesta terça-feira, afirmou que vai solicitar uma reunião com a reitoria da Ufes para debater as políticas de segurança da universidade.

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Alunos voltam para aula na Ufes de Vitória nesta segunda-feira (24). (Eduardo Dias)

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