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Capixaba doa medula, salva vida de menina do Pará e encontro emociona

Capixaba doa medula, salva vida de menina do Pará e encontro emociona

Além de doar, a publicitária Flávia Bicalho foi até Tucuruí, no Pará, para conhecer a menina e as duas se tornaram amigas. Agora, a capixaba quer trazer Luana ao ES

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 14:16

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Flávia e Luana se conheceram este ano no Pará. (Arquivo Pessoal )

Doadora regular de sangue, a capixaba Flávia Bicalho já voltava triste para a casa no dia 18 de agosto de 2015 quando um segurança do Hemoes a abordou: 'Não vai doar hoje, não?'. Ela explicou que estava tomando um medicamento e, por isso, não poderia fazer a doação. Nesse momento, o segurança sugeriu que ela se inscrevesse no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Mal sabia ele o resultado da sua iniciativa: ajudar a salvar a vida de uma menina com leucemia no Pará.

Em setembro de 2016, Flavia recebeu a primeira ligação sobre a possível compatibilidade com um paciente. "Eu acreditei tanto naquele cadastro que pensei: 'Vou ser chamada'. Um ano depois, o que é uma coisa rara, eles me ligaram. Lembro que era horário de almoço, eu estava no restaurante, comecei a chorar de tanta emoção, porque é difícil achar alguém", se recorda.

DO OUTRO LADO

Mais de 3 mil quilômetros de distância de Vitória, no Pará, estava a Luana, com leucemia e precisando muito de um transplante de medula. Era para ela que a capixaba iria fazer a doação, mas as duas não se conheciam. Segundo Flávia, só é permitido saber quem é o doador e o receptor depois de um ano e meio do procedimento e se ambas as partes desejarem, por ser uma doação sem parentesco.

Após passar esse período, as duas se conheceram e viraram amigas. Para a mãe da menina, Flávia é um anjo que Deus enviou para salvar Luana. Agora, a capixaba, que já foi ao Pará, quer trazer a amiga e a mãe a Vitória. Veja como com essa bela história aconteceu.

Flávia e Luana se conheceram este ano no Pará. (Arquivo Pessoal )

O CADASTRO

Para se cadastrar, a publicitária tirou uma pequena quantidade de sangue. Depois do primeiro contato, precisou voltar ao Hemoes para fazer outra coleta e, a partir daí, a compatibilidade foi confirmada.

"Depois fui encaminhada para a Santa Casa de Belo Horizonte. Tudo é o governo quem banca, a gente não tem custo nenhum. É legal frisar isso, porque as pessoas acham que vão gastar dinheiro. O governo paga passagem, hospedagem, alimentação. Ele dá toda assistência para o paciente mais um acompanhante", destaca.

Flávia viajou em agosto de 2016. "Fiz todos os exames que a gente tem que fazer para saber como está a saúde. Quando foi em novembro, voltei lá e já agendei a retirada da medula, que aconteceu em 19 de dezembro".

A CIRURGIA

Sem nunca ter feito uma cirurgia, a publicitária teve um pouco de receio. "Mas nunca pensei em desistir. Fui conversando com os médicos, é tudo muito tranquilo. Muito mesmo. Quando saí do hospital, depois de três dias, fui passear no Centro de BH, andando, tranquila, no mercado municipal. A cicatriz é muito pequena, fica uma marquinha", diz.

Flávia Bicalho se preparando para a cirurgia . (Arquivo Pessoal )

O ENCONTRO

Flávia queria saber para quem tinha feito a doação. "Em junho do ano passado, entrei em contato com o Redome, dizendo que eu tinha o interesse de conhecer a pessoa. Aí o Redome faz contato com o médico do paciente e pergunta se o paciente quer conhecer o doador. Se o paciente dizer sim, eles falam quem é a pessoa e vice-versa. Quem doa também tem a opção de não conhecer. Tive a resposta positiva e falei com a mãe da Luana pelo telefone".

A Luana é uma adolescente de 14 anos, que mora na cidade de Tucuruí, no interior do Pará. "Na época da doação, ela tinha 11 ou 12 anos. Em 2018, após o telefonema, a gente continuou mantendo contato. No final do ano passado, pensei em conhecer a Luana. Comprei a passagem e fui para lá em abril".

SAÚDE DA LUANA

Como a saúde da filha era muito delicada, a mãe da menina nem conseguia conversar direito com a Flávia. "Quando a gente se falava pelo telefone, a mãe dela chorava muito. Até a gente se encontrar pessoalmente eu não sabia de fato o que a Luana teve. Quando a gente estava lá, ela contou que a Luana começou o tratamento desde os 3 anos, era uma leucemia mais branda. Ela fez o tratamento em Belém. Depois ela curou e seguiu a vida normalmente".

Até que em uma época de final de ano, ela começou a passar mal. "O médico estava tratando como infecção intestinal. A mãe dela sentiu que tinha que ligar para a médica em Belém, a oncologista pediátrica. A médica pediu para trazê-la para Belém".

Chegando lá, foi constatada uma leucemia mais grave, que é a Leucemia Mieloide Aguda (LMA). "A médica disse que o único jeito era o transplante. Aí começou a luta. Começaram a fazer exames nos familiares, mas ninguém era compatível e foi para o banco. Acharam três pessoas, mas com compatibilidade 100% foi só eu. Hoje Luana está curada, mas faz o acompanhamento anualmente. Ela tá linda", conta orgulhosa.

SENSAÇÃO

"Pra mim, foi uma coisa tão simples. Eu faria isso quantas vezes fosse preciso para qualquer pessoa", garante Flávia.

VIAGEM

Agora que já conheceu e virou amiga de Luana, Flávia quer trazer a adolescente e a mãe para Vitória nas férias de julho. "A família da Luana é muito simples. Resolvi fazer uma vaquinha para ela poder conhecer Vitória, os pontos turísticos".

ONDE SE CADASTRAR NO ES

Para ser um doador de medula óssea, basta ir ao Hemoes. Lá, a pessoa assina um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e preenche uma ficha com informações pessoais. Também será retirado uma pequena quantidade de sangue (5ml). Esse material será analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar as características genéticas que vão ser cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes para determinar a compatibilidade.

Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e quando houver um paciente com possível compatibilidade, o doador será consultado para decidir quanto à doação. Para seguir com o processo de doação serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde. Somente após todas estas etapas concluídas o doador poderá ser considerado apto e realizar a doação.

Para ser doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante, não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.

- Hemocentro do Estado do Espírito Santo (Hemoes).

Funciona todos os dias, das 7h às 19h, com cadastro de doadores até 18h20. Endereço: Avenida Marechal Campos, 1.468, Maruípe, Vitória. Tel. 3636-7900/7920/7921.

- Unidade de Coleta a Distância da Serra

Funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 16h, com cadastro de doadores até 15h20. (Os funcionários fazem uma pausa para o almoço das 12h às 13h). Endereço: Avenida Eudes Scherrer Souza, s/n (anexo ao Hospital Estadual Dório Silva). Tel. 3218-9429/ 3218-9242.

- Hemocentro de Linhares

Funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, com cadastro até 12h30. Endereço: Avenida João Felipe Calmon, 1.305, Centro (ao lado do Hospital Rio Doce). Tel. (27) 3264-6000/ 3264-6019.

- Hemocentro Regional de Colatina

Funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, com cadastro até 12h30. Endereço: Rua Cassiano Castelo, s/n, Centro. Tel. (27) 3717-2800.

- Hemocentro Regional de São Mateus

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Funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, com cadastro até 12h. Endereço: Rodovia Othovarino Duarte Santos, Km 02, Parque Washington. Tel. (27) 3767-7954.

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