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Corpus Christi em Castelo: voluntária conta como tudo começou

Corpus Christi em Castelo: voluntária conta como tudo começou

Dona Maria Cecília Perim lembrou ainda como eram produzidos os materiais usados na confecção dos tapetes, que hoje já chegam praticamente prontos

Publicado em 20 de junho de 2019 às 21:02

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Uma das maiores manifestações religiosas do Brasil acontece em Castelo, no Sul do Estado, no dia de Corpus Christi. A data já é celebrada, na cidade, há 56 anos, quando a irmã Zuleide, da Companhia das Filhas da Caridade organizou a confecção do primeiro tapete, em frente a Capela de Nossa Senhora da Graças, na Santa Casa.

O trabalho cresceu e agora é organizado pela Paróquia Nossa Senhora da Penha, em parceria com a prefeitura local e com os 3 mil voluntários diretos e indiretos que trabalham durante meses nos preparativos da festa e na montagem dos quadros e passadeiras.

O tema deste ano é “Todos comeram e ficaram satisfeitos (Lc 9:17)” e de acordo com a organização, a cidade chega a receber 80 mil pessoas na festa de Corpus Christi.

Na cidade, ainda é possível encontrar voluntários que participaram do primeiro tapete. A dona Maria Cecília Perim, contou como tudo começou. “Éramos um grupo de jovens que faziam parte de uma associação beneficente, que tomava conta dos velhinhos abandonados. Um dia uma colega apareceu com uma revista que tinha uma notícia de São Paulo com um tapete feito com vidro colorido e a irmã Zuleide pensou em fazer aqui, daí a gente começou o primeiro.”

Ela lembrou ainda, como eram produzidos os materiais usados, que hoje já chegam praticamente prontos. “Era tudo quebrado no martelo e quando chovia a gente secava dentro do forno o pó de café e as pedras, que eram pintadas dentro de uma bacia de metal. As flores vinham do interior dentro do ônibus, na véspera da festa. Tudo isso era sem medir esforços e era muito prazeroso. A recompensa era a alegria. É a nossa forma de demonstrar a fé em Jesus Cristo, que sempre nos impulsionou.”

Com o passar do tempo e mais acesso aos recursos, os tapetes foram crescendo em tamanho e criatividade. Foram 1,5 km de tapetes este ano, com muito pó de café, pó de pneu, pó de serra, pedras em diferentes granulações, flores, folha, papel e muito mais que a imaginação permitir.

Hoje, a dona Cecília já não trabalha mais na confecção dos tapetes, porque com a mudança do trajeto, eles não são mais feitos em sua rua. Ela atua na recepção dos hóspedes que ficam em sua cama e café. “O tapete parou de passar na minha rua e com o tempo eu fui entendo que precisava passar a minha vez para os que moram nas outras ruas. Agora recebo os turistas que vêm participar da festa. Recebo muita gente de Vitória e alguns do Rio de Janeiro, e só não recebo mais porque não tenho como acomodar.”

Toda a cidade fica envolvida com a festa. “Não monto os tapetes, mas faço o que posso para enfeitar a casa. Todo ano a gente coloca alguma coisa. Como morador de Castelo é muito gratificante e emociante ver a cidade cheia”, disse Antônio Francisco.

Encantamento

A beleza dos tapetes é tão contagiante que mesmo os moradores ficam encantados. “Isso aqui é uma obra de arte que ninguém explica. Só vendo mesmo pra acreditar como é bem feito. Sempre tem alguém da nossa família que participa da montagem e todo ano já encerra um e começa a pensar no próximo”, disse Nilo Zuim.

Os turistas que participam deste momento de demonstração de fé ficam admirados com os tapetes. A Emanuele e seu esposo Robson Ferreira, vieram de Campos do Goytacazes/RJ pela primeira vez. “Estamos maravilhados. Muito bonito e bem grande, lá fazemos bem menor. É possível ver a dimensão do amor das pessoas ao fazer e confeccionar os tapetes. Como cristã, fico emocionada imaginando a pessoa que tirou tempo e se dedicou, isso é amor. Gostamos também porque contextualizaram com as críticas sociais. Vamos voltar com certeza”, disseram.

O casal Vagnar e Tadeu, são de Cariacica, e não perdem a festa de Castelo. “Todos os anos a gente vem acompanhar os tapetes aqui e depois retornamos para Cariacica para participar da missa lá, junto com a nossa comunidade. Dessa vez estão superando os outros anos, bem criativo. Mas Castelo é Castelo, todo ano se supera”, afirma a Vagnar.

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O Adelson e a Janieli, moram em Iconha, também no Sul do Estado, mas nunca tinham visto os tapetes em Castelo. “Primeira que a gente vem e é muito bonito. Já assistimos uma missa e agora pretendemos voltar nos outros anos. Ano que vem estamos aqui, com certeza”.

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