Concluída há 50 anos, a BR 262 não passou por nenhuma grande intervenção ao longo dessas últimas cinco décadas. Ao passo que a frota de veículos não apenas cresceu em quantidade, mas também em porte e estrutura. Em 1998 (ano do levantamento oficial mais antigo), não chegava a 300 mil veículos. Hoje, está em quase 2 milhões. Assim, a capacidade da rodovia mostra-se superada e perigosa para quem por lá trafega.
Nestas cinco décadas, só se fez manutenção da pista, com recapeamento. O traçado continua o mesmo, muito sinuoso.
De São Paulo, o caminhoneiro Paulo ele preferiu se identificar apenas pelo primeiro nome passava pela 262 na última terça-feira, quando parou no Posto do Café, no km 59 da rodovia, para abastecer. Ele transportava uma máquina em uma carreta de nove eixos, de 30 metros, e falou do perigo de dirigir em uma BR cheia de curvas e de pista simples.
Antigamente, o que rodava pela rodovia era fusquinha, caminhão menor. Hoje, são carretas bitrem, de 30, 35 metros. Quando entro numa curva dessas da BR 262, não tem jeito: acabo indo na contramão. Aí, tem motorista que xinga, mas não tenho culpa. A rodovia não acompanhou o avanço da frota, aponta Paulo.
O caminhoneiro avalia que a falta da duplicação é um risco grande para todo motorista pela característica do traçado, sinuoso e com apenas uma pista na maior parte do trajeto, nos dois sentidos.
Morte
A BR 262 já foi conhecida como a Estrada da Morte, antes mesmo de receber a atual nomenclatura. Até a conclusão da obra, em 1969, era chamada de BR 31 e tinha como um dos piores pontos a região de Santa Isabel, em Domingos Martins, entre o km 34 e o km 37.
Anos se passaram, a rodovia mudou de nome, mas o risco permanece. No início do mês, um acidente foi registrado nessa região. Um caminhoneiro perdeu o controle da direção e atingiu a lateral de um carro. Um idoso ficou levemente ferido.
Outros acidentes foram registrados na BR neste ano e pelo menos dois com mais gravidade. Em 7 de fevereiro, um jovem de 25 anos morreu e outras quatro pessoas ficaram feridas após dois carros baterem na altura do km 134, em Brejetuba, na região serrana.
Pouco mais de um mês depois, outra pessoa morreu e mais duas ficaram feridas em uma colisão no quilômetro 22,1, em Viana.
MOTORISTAS DIZEM QUE POLICIAMENTO É REDUZIDO EM BR
As condições da pista não são o único problema da BR 262. Motoristas reclamam que o pouco policiamento também aumenta o risco para quem usa a rodovia.
É o que afirma o caminhoneiro Antônio Carlos da Silva, 51 anos. Para ele, falta patrulhamento para coibir os abusos de motoristas que excedem a velocidade e fazem ultrapassagem em locais indevidos.
O inspetor Edson Luiz Bubach, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ressalta que o policiamento é constante, mas lembra que o trecho da BR é extenso 196 quilômetros, de Cariacica até a divisa com Minas Gerais e, por isso, não é possível aos agentes estar em todos os lugares a todo tempo.
Mas temos um trabalho de rotina intenso, e nos baseamos nas estatísticas para direcionar nossa atuação. No quilômetro 22, por exemplo, já aplicamos muitas multas porque é uma área frequente de ultrapassagem indevida. Além disso, quando são realizados eventos na região, reforçamos o policiamento, assegura Bubach.
Entre 27 de junho de 2018 e 2019, foram aplicadas 4.556 multas por ultrapassagem indevida na 262. Bubach acrescentou que estão sendo promovidas ações com radares móveis a fim de reduzir índice de acidentes.
Radares
Outra queixa é voltada à sinalização de radares. Segundo o comerciante Rafael Canal, em Pedra Azul, um dos poucos radares cuja velocidade máxima é de 40 km/h (a maioria é de 60 km/h) não tem placa indicativa, no sentido Domingos Martins-Venda Nova do Imigrante. Ele diz que já comunicou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mas nenhuma providência foi tomada.
Ao ser informado da queixa, o superintendente do órgão no Estado, Romeu Scheibe Neto, disse que iria determinar uma equipe para corrigir o problema.
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