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Irmã de vítima: 'Quantas famílias ainda serão destruídas na BR 101?'

Irmã de vítima: "Quantas famílias ainda serão destruídas na BR 101?"

O irmão de Fernanda foi um dos 11 mortos em acidente trágico na BR 101, em Mimoso do Sul, em 2017. Um caminhão carregado de granito foi apontado como causador da tragédia

Publicado em 13 de junho de 2019 às 22:34

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“Quantas pessoas ainda vão precisar morrer? Quantas famílias ainda serão destruídas?” O questionamento é da analista de recursos humanos Fernanda Endlich. Ela perdeu o irmão Aloísio Endlich, na época com 27 anos, no acidente que vitimou outras 10 pessoas, a maioria membros de um grupo de dança folclórica de Domingos Martins. O caso aconteceu em 2017, na BR 101, em Mimoso do Sul.

Ao ver a notícia de mais um acidente envolvendo um caminhão de transporte de granito, que matou três pessoas de uma família na noite da última segunda-feira (10), Fernanda afirma que a dor da perda do irmão voltou à tona. “Quando a gente vê uma situação dessa, podemos falar que nós sabemos o que a família passa nesse momento.”

Até agora, o dono da carreta e o motorista, apontados como causadores do acidente que matou o irmão de Fernanda, não foram presos. O processo corre na Justiça, em fase final. A família espera que os acusados sejam julgados em júri popular.

Como anda o processo para responsabilizar os causadores do acidente com seu irmão?

O processo está em fase final, aguardando o julgamento que dirá se eles irão a júri popular ou não. A nossa esperança é que o júri popular aconteça para que, assim, os causadores sejam realmente punidos porque, até agora, não houve punição nenhuma. Eles não foram presos em momento algum.

E qual é a sensação de esperar tanto tempo por uma resposta?

É muito difícil para gente. O que nos deixa mais chateados nisso é quando nós vemos a imprudência, a negligência e a irresponsabilidade das transportadoras e das pessoas que são contratadas para fazer as entregas dessas pedras. A gente entende que eles são responsáveis pela segurança até que o produto chegue no destino final. Precisou acontecer mais uma tragédia para que o assunto viesse à tona novamente.

Como você se sentiu quando soube dessa nova tragédia?

Quando a gente vê uma situação dessa, podemos falar que sabemos o que a família dessas vítimas está passando. Ler sobre esse caso faz voltar à tona tudo o que eu e minha família vivemos quase dois anos atrás. Infelizmente, é mais um caso para a estatística.

Para nós, fica cada vez mais óbvio que não há justiça para esses casos, e quando há, ela caminha de forma muito lenta. Nós sabemos que a fiscalização é falha, que a Polícia Rodoviária Federal não tem como fazer a fiscalização como deveria, há uma grande deficiência por parte do poder público. E continua acontecendo. E eu me pergunto: quantas pessoas ainda terão que morrer? Quantas famílias serão destruídas para que haja uma mudança? Quem sofre mais é quem fica aqui. O nosso Estado, infelizmente, virou uma referência muito negativa disso: em menos de dois anos, foram três tragédias gravíssimas. Somando dá quase 40 mortos.

Como é sua vida e da sua família desde o acidente?

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O que a gente sabe é que eles nunca mais vão voltar. Infelizmente, eles saíram para uma viagem e não chegaram. A gente espera que a justiça seja feita porque a nossa vida parou depois do acidente. É difícil pra mim, para o meu irmão, para a minha mãe. Sempre falta um lugar na mesa. É uma presença que foi tirada de forma muito trágica e agressiva. A gente conversou com ele uma hora antes do acidente. Quando vemos novos casos a gente revive tudo de novo.

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