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Madson, Mathilda e Brisa: um dia na montagem de três drag queens no ES

Madson, Mathilda e Brisa: um dia na montagem de três drag queens no ES

A Gazeta acompanhou a montagem de três drag queens na Grande Vitória. Elas contam sobre o processo de criação e os preconceitos enfrentados na sociedade

Publicado em 27 de junho de 2019 às 21:53

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Brisa, Mathilda e Madson são personagens. Mas muitas vezes elas se confundem com a personalidade dos próprios criadores. Conhecidas pelas maquiagens ousadas, salto alto e produções extravagantes, elas usam a arte como um ato político. A Gazeta resolveu acompanhar a produção destas três drag queens no Espírito Santo. Elas contam como foi se montar pela primeira vez, o processo de criação das personagens e os preconceitos que elas ainda enfrentam. Confira abaixo.

O termo drag surgiu no teatro, por volta de 1870, para descrever homens que se vestiam de mulher. Mas a prática surgiu bem antes disso, na Grécia Antiga, quando os homens interpretavam papéis femininos, já que mulheres eram proibidas de se apresentar no teatro. Com o tempo, a arte foi aperfeiçoada pela comunidade gay e o queen foi adicionado, nascendo o termo drag queen e as performances de caráter político. 

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Só de eu colocar uma peruca, um salto alto, eu já estou resistindo.Ser drag pra mim é resistência. A Mathilda me dá a segurança e confiança que eu não tenho no meu cotidiano

Mathilda, Drag Queen
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Mathilda é a personagem criada por Wallace Breciani. ( Vitor Jubini )

Por usar o corpo como ato político, as drag queens se tornaram parte essencial da luta LGBT, principalmente por romperem tabus e preconceitos relacionados ao gênero. Tanto homens quanto mulheres, gays ou heterossexuais podem ser drags, até porque a arte não tem relação com sexualidade ou identidade de gênero, como muita gente acredita.  

"A primeira coisa que as pessoas pensam é que a gente vai virar mulher porque é drag. Mas não tem nada disso. Eu estou numa figura feminina, mas eu não me produzo porque quero ser uma mulher", conta o estudante Caic Goulart, 23 anos, que se monta como Brisa há 4 anos. 

Brisa é a personagem criada pelo estudante Caic Goulart. (Vitor Jubini )
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Drag se resume a arte e não a algo depreciativo. Ser drag é diversão, política, entretenimento, é fazer as pessoas sorrirem

Brisa, Drag Queen
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Preconceito

A primeira vez que o recepcionista Eduardo Ferreira, 25 anos, se montou, ele precisou dirigir por 7 horas para se apresentar. Tudo isso para fugir do julgamento das pessoas da cidade onde morava, no estado do Rio de Janeiro. Criador da personagem Madson, ele se mudou para o Espírito Santo há um ano e meio, onde sente mais liberdade para ser drag. Ainda assim, o medo da reação das pessoas, principalmente da família, ainda acompanha a vida do jovem. 

"A sensação é como se eu estivesse me assumindo gay de novo. Sabe aquele medo, ansiedade, angústia, tudo? Tudo isso voltou quando pensei em contar que sou Drag. Eu ainda não decidi como vou lidar com isso em relação a minha família. Mas eu não vou deixar de viver minha vida e fazer o que eu quero para agradar outras pessoas", declarou.

Madson é a personagem criada por Eduardo Ferreira. ( Vitor Jubini )

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Eu vejo um papel essencial das drags para a quebra de padrões e estigmas. Pra quebrar aquela imagem que menino tem que ser menino e menina tem que ser menina. Uma drag pode ser varias coisas, inclusive coisas, se ela quiser.

Madson, Drag Queen
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