A cada 10 homicídios no Espírito Santo, oito ocorrem com uso de armas de fogo, ou seja, 80% segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). O número é maior que a média nacional, que é de 72,4%, de acordo com dados do Atlas da Violência, lançado ontem pelo Instituto de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Atlas mostra ainda que, em 2017, ano de referência dos dados do levantamento nacional, apenas outros cinco Estados tinham índice maior do que o Espírito Santo, todos no Nordeste (Ceará, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe). No Rio de Janeiro, por exemplo, a proporção é bem mais baixa, de 68,8%.
PREOCUPAÇÃO
Para o secretário de Segurança do Estado, Roberto Sá, a questão preocupa. A arma de fogo é preocupante em todos os aspectos. A nossa preocupação com o aumento da posse (poder ter arma em casa), porte (andar armado) e comercialização é enorme. O que nossos estudos mostram é que nos locais onde mais apreendemos armas é onde há mais mortes, afirma.
Roberto Sá se refere aos decretos presidenciais que, desde o início do ano vem flexibilizando o acesso da população a armamentos, inclusive aqueles que, antes, eram restritos apenas às forças de segurança.
A preocupação do secretário vai ao encontro de análise feita pelo Ipea. O órgão de pesquisa mostra que nos 14 anos anteriores ao Estatuto do Desarmamento que restringiu o porte, a posse e comercialização de armas de fogo no Brasil em 2003 , o número de homicídios por arma de fogo crescia, em média, 5,44% ao ano. Nos anos após a implantação do Estatuto, essa média anual caiu para 0,85%.
GERAL
Segundo o documento, em 2017, 65.602 pessoas foram assassinadas no Brasil, por diversos meios. No Estado, o número foi de 1.652, ou seja, 37,9 mortes por 100 mil habitantes. O Atlas se baseia em dados do Ministério da Saúde, enquanto a Sesp usa os número da polícia capixaba. Por isso, a secretaria aponta um dado diferente: 1.178 mortes naquele ano.
É importante observar que esses números foram captados no ano em que ocorreu a greve da Polícia Militar capixaba em fevereiro, o que, o Ipea salienta, provocou um aumento repentino nos indicadores de violência.
Desde então, a ocorrência de homicídios tem voltado a um patamar normal, ou seja, aquele esperado antes da greve. Em 2018, segundo a Sesp, houve queda na taxa de homicídios, 28 mortes por 100 mil habitantes, o que contabiliza 867. O número é menor do que o registrado em 2016.
Se considerados os primeiros quatro meses de deste ano, em comparação com o mesmo período de 2018, também foi registrada redução. Vínhamos de um período de queda desde 2011. Em 2017, tivemos um repique, mas voltou a cair em 2018. Em março, abril e maio deste ano tivemos a maior redução dos últimos 23 anos, afirma o secretário de Segurança.
DELEGACIA
Para auxiliar a estratégia de redução de mortes por arma de fogo, o governo propõe mapear e rastrear a rota desses armamentos. Temos muitas armas caseiras, vamos atrás de quem está produzindo. Mas também muitas armas chegam ao Estado, de diversos calibres. Vamos identificar os comerciantes e quem está comprando, diz Roberto Sá.
Essa será a atribuição da Delegacia de Investigação de Comércio Ilícito das Armas, Munições e Explosivos (Desarme) que, segundo ele, deve começar a funcionar no mês que vem.
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