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Oito em cada 10 são assassinados por arma de fogo no Espírito Santo

Oito em cada 10 são assassinados por arma de fogo no Espírito Santo

Secretário de Segurança do Estado diz que situação é preocupante

Publicado em 6 de junho de 2019 às 01:58

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Arma de fogo: no país, cinco Estados apresentaram índice maior de mortes que o Espírito Santo em 2017. (Pixabay)

A cada 10 homicídios no Espírito Santo, oito ocorrem com uso de armas de fogo, ou seja, 80% segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). O número é maior que a média nacional, que é de 72,4%, de acordo com dados do Atlas da Violência, lançado ontem pelo Instituto de Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O Atlas mostra ainda que, em 2017, ano de referência dos dados do levantamento nacional, apenas outros cinco Estados tinham índice maior do que o Espírito Santo, todos no Nordeste (Ceará, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe). No Rio de Janeiro, por exemplo, a proporção é bem mais baixa, de 68,8%.

PREOCUPAÇÃO

Para o secretário de Segurança do Estado, Roberto Sá, a questão preocupa. “A arma de fogo é preocupante em todos os aspectos. A nossa preocupação com o aumento da posse (poder ter arma em casa), porte (andar armado) e comercialização é enorme. O que nossos estudos mostram é que nos locais onde mais apreendemos armas é onde há mais mortes”, afirma.

Roberto Sá se refere aos decretos presidenciais que, desde o início do ano vem flexibilizando o acesso da população a armamentos, inclusive aqueles que, antes, eram restritos apenas às forças de segurança.

A preocupação do secretário vai ao encontro de análise feita pelo Ipea. O órgão de pesquisa mostra que nos 14 anos anteriores ao Estatuto do Desarmamento – que restringiu o porte, a posse e comercialização de armas de fogo no Brasil em 2003 –, o número de homicídios por arma de fogo crescia, em média, 5,44% ao ano. Nos anos após a implantação do Estatuto, essa média anual caiu para 0,85%.

GERAL

Segundo o documento, em 2017, 65.602 pessoas foram assassinadas no Brasil, por diversos meios. No Estado, o número foi de 1.652, ou seja, 37,9 mortes por 100 mil habitantes. O Atlas se baseia em dados do Ministério da Saúde, enquanto a Sesp usa os número da polícia capixaba. Por isso, a secretaria aponta um dado diferente: 1.178 mortes naquele ano.

É importante observar que esses números foram captados no ano em que ocorreu a greve da Polícia Militar capixaba em fevereiro, o que, o Ipea salienta, provocou um aumento repentino nos indicadores de violência.

Desde então, a ocorrência de homicídios tem voltado a um patamar “normal”, ou seja, aquele esperado antes da greve. Em 2018, segundo a Sesp, houve queda na taxa de homicídios, 28 mortes por 100 mil habitantes, o que contabiliza 867. O número é menor do que o registrado em 2016.

Se considerados os primeiros quatro meses de deste ano, em comparação com o mesmo período de 2018, também foi registrada redução. “Vínhamos de um período de queda desde 2011. Em 2017, tivemos um repique, mas voltou a cair em 2018. Em março, abril e maio deste ano tivemos a maior redução dos últimos 23 anos”, afirma o secretário de Segurança.

DELEGACIA

Para auxiliar a estratégia de redução de mortes por arma de fogo, o governo propõe mapear e rastrear a rota desses armamentos. “Temos muitas armas caseiras, vamos atrás de quem está produzindo. Mas também muitas armas chegam ao Estado, de diversos calibres. Vamos identificar os comerciantes e quem está comprando”, diz Roberto Sá.

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Essa será a atribuição da Delegacia de Investigação de Comércio Ilícito das Armas, Munições e Explosivos (Desarme) que, segundo ele, deve começar a funcionar no mês que vem.

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