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Alunos compram instrumentos musicais fazendo show nas ruas do ES

Alunos compram instrumentos musicais fazendo show nas ruas do ES

Jovens usaram as férias escolares para arranjarem tempo para apresentações

Publicado em 25 de julho de 2019 às 21:48

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Israel Porto Silva, Paulo Henrique Coura e Gabriel Vertelo Maia Mesquita: apresentações de violino e violoncelo nas ruas da Grande Vitória para juntar dinheiro. (Carlos Alberto Silva)

Israel Porto Silva, de 19 anos, e Paulo Henrique Coura, de 18 anos, aprenderam a tocar violino e violoncelo, respectivamente, depois que entraram para um projeto social de música da Glória, em Vila Velha. De lá para cá, viram o número de participantes das aulas saltar para 110 jovens e decidiram que poderiam fazer alguma coisa para ajudar a organização a continuar com as aulas de graça. Neste mês, em período de férias escolares, a dupla decidiu montar um duo e sair pelas ruas da Grande Vitória fazendo apresentações para angariar dinheiro. E conseguiram.

Ao todo, o valor que os dois conseguiram com cerca de 6 apresentações por semana durante algo em torno de 15 dias deu para comprar pequenos instrumentos e materiais para melhorar e conservar os instrumentos que o projeto já tem.

“Começamos a fazer só Vila Velha, decidimos fazer uns dois dias em Vitória e o resultado foi ainda melhor. Estamos muito contentes com o resultado e Natal está aí, né?”, brinca Israel, já indicando que o projeto pode ter uma dobradinha para as ações de fim de ano. Segundo ele, a ideia surgiu depois que os alunos levaram a demanda de novos instrumentos a alguns colegas e professores do curso: “A gente já tinha pensado em apresentar dessa forma para conseguir dinheiro e depois que nos deram incentivo decidimos de vez que seria uma boa”.

Paulo comemora, ainda, que o trabalho dos dois foi valorizado. Ele destaca que nem sempre quem toca na rua consegue atingir os próprios objetivos, mas que os dois ficaram bem contentes em terem alcançado os planos. “Tocamos músicas populares, algumas valsas, músicas brasileiras que são famosas… Algumas de Roberto Carlos. O pessoal gosta bastante e talvez isso tenha ajudado. Mas o bom foi ver que ainda tem muita gente que dá valor à música”, fala.

A paixão de cada um pela música nasceu deles mesmos, mas os dois tiveram um pé musical na família para acabar querendo saber mais sobre a arte de tocar. Na família de Israel, o pai já havia tocado trompete e na casa de Paulo todos têm algum tipo de relação com as melodias. Segundo Paulo, a mãe o incentivou bastante: “Minha mãe canta, minha irmã toca violão há bastante tempo… Tive em quem me inspirar”.

(Carlos Alberto Silva)

VESTIBULAR

Além da dedicação há música que os dois têm – fazendo ensaios e apresentações semanais na sede do projeto, na Igreja Batista Boas Novas, em Vila Velha – os dois querem trilhar carreiras diferentes e levar a arte como um hobby. Israel quer tentar Medicina e, para isso, faz pré-vestibular para se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outras provas. Paulo quer se aventurar nos números e fazer nome como programador. “Mas dá para conciliar tudo. Nós separamos bem os horários e dá certo para tudo (risos). O importante é a gente se dedicar ao máximo para tudo a que nos propusermos”, conclui Paulo.

ARTES SEM LIMITES

Esse é o nome do projeto do qual os dois entrevistados de A GAZETA e outras 109 crianças e adolescentes fazem parte. Nas aulas eles aprendem desde tocar instrumentos até a fazer artesanato, como explica a diretora Maria dos Santos Rufiniano. “O projeto começou atendendo gente só da comunidade da Glória, em Vila Velha. Hoje em dia tem gente de todos os bairros vizinhos e até de Cariacica”, conta, animada.

Segundo a diretora, a ideia era ocupar o tempo dos jovens com atividades das quais eles pudessem tirar um proveito para a vida. A Igreja Batista Boas Novas, que cede o segundo andar para o projeto funcionar, na Glória, em Vila Velha, estava pensando em investir em uma ação assim e acabou casando com a ideia de Maria quando tudo começou, há mais de 2 anos. “Temos de alunos de 5 a 16 anos sendo assistidos. Eles têm até aula de judô”, conta.

Para Maria, a atitude dos meninos foi bastante louvável e deixou todos os professores orgulhosos: “Foi muito legal porque eles estão de férias do projeto e da escola, mas mesmo assim resolveram arranjar um jeito de ganhar dinheiro para comprar cordas de violão, violoncelo, comprar instrumentos e melhorar a conservação dos que nós já temos”. De acordo com ela, o projeto até está programando uma nova apresentação de todos os alunos para angariar dinheiro no próximo dia 17 de agosto.

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“Vamos fazer na rua da igreja na Glória, mesmo, com barraquinhas de comida e várias apresentações. Vamos colocar a orquestra dos alunos mais experientes para tocar, o coral e as apresentações individuais e de pequenos grupos”, finaliza.

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