> >
Assédio em escola na Serra: 'Achei que meu filho estava protegido lá'

Assédio em escola na Serra: "Achei que meu filho estava protegido lá"

Ela contou que acreditava que na instituição o filho, diagnosticado com deficiência intelectual, estaria protegido. Porém, afirma que não recebeu nenhum apoio do colégio.

Publicado em 2 de julho de 2019 às 22:27

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Mãe de aluno assediado por professor em escola Estadual na Serra. (Vitor Jubini)

Há dois meses uma mãe vive o pesadelo de saber que o filho de 15 anos  podia estar sendo assediado sexualmente por um professor da Escola Clóvis Borges Miguel, na Serra. Ela contou que acreditava que na instituição o filho, diagnosticado com deficiência intelectual, estaria protegido. Porém, afirma que não recebeu nenhum apoio do colégio.

De acordo com a mãe, ela descobriu as conversas do professor com o adolescente no final de abril de 2019. Como tem acesso à todas as redes sociais do filho, ela disse que sempre monitora as conversas.

“Sou muito observadora. Quando vi as conversas eu achei o conteúdo ilícito. Depois eu percebi que era com o professor. Perguntei ao meu filho e ele confirmou. De imediato eu tirei print da conversa toda. Pedi orientações, imprimi tudo e levei para a diretora da escola. Depois, no dia 6 de maio, enviei para o celular dela”, lembra.

CONTEÚDO MALDOSO

A mãe da vítima completa que no primeiro dia do filho na escola levou vários laudos do garoto falando sobre a condição dele, que é diagnosticado com doença mental leve. Ela afirma que o professor sabia dos laudos.

“Mesmo sabendo disso, vi nas conversas que o professor o chamava de sonso, lento. Falava ‘me dá abraço por trás’, ‘Você está indo (para escola) de bermuda? Vai ser melhor assim’, ‘Não vai comer muito ovo de páscoa, eu sei que você gosta de ovos…' Conversas, que para mim, eram maldosas. Até porque professor não tem que ter contato pessoal com aluno. Não é normal um professor chamar um aluno 22 horas para conversar no telefone, em fins de semana... Pelo contexto da conversa que eu li, dava a atender que tinha mais coisas que foram apagadas”, acredita.

DENÚNCIA NA ESCOLA

A mãe conta que sempre teve uma boa relação com escola. Mas, após denunciar as conversas, a boa relação mudou. “No dia que cheguei na escola a diretora ficou pasma com o conteúdo das conversas. Mas lembro que logo chegou um funcionário que sugeriu que trocassem o meu filho de sala. Eu fui áspera nessa hora e disse que não aceitava porque meu filho não tinha cometido crime nenhum. Aí a diretora me pediu os prints, disse que iria conversar com o meu filho, com o professor, e que iria iniciar um processo de apuração na escola. Falou que depois entraria em contato comigo. Mas até a data de ontem (01) ninguém me ligou para nada”, lembra.

Ela conta que inicialmente não procurou a polícia porque não queria expor o menor. Mas que acreditou que após fazer a denúncia na escola, a direção tomaria todas as medidas necessárias.

“Eu só queria preservar o meu filho. Mas depois desse dia o professor continuou dando aula normalmente. A única diferença é que ele passou a ignorar o meu filho, sendo indiferente, sem contato nenhum. O meu filho perdeu a vontade de ir para a escola. Ele só ia porque eu obrigava. Ele começou a faltar, sempre me pedindo para não ir”.

DOIS MESES APÓS A DENÚNCIA

De acordo com a mãe do estudante, até então ela não sabia que outros casos de assédio foram denunciados na mesma escola, com outros professores. Na última quinta-feira (27) ela leu reportagens sobre os casos e no dia seguinte (28) ligou para a Secretaria de Estado da Educação (Sedu).

“Na Sedu um funcionário me orientou a ligar para a escola novamente. Liguei e a diretora não estava. Eu queria o retorno que eu não tive. Quando vi os outros casos na mídia, comecei a ficar mais preocupada ainda. Uma pedagoga me atendeu, disse que era para ela me dar o retorno e ela acabou não dando. Marcamos para eu ir até lá ontem (01)”, conta.

A mãe foi à escola, sendo recebida pela diretora, pela coordenadora e por uma pedagoga da instituição. Ela achou que finalmente teria uma solução, após cerca de 60 dias, mas foi surpreendida quando as educadoras perguntaram o que ela achava que deveria ser feito.

“A todo tempo eu dizia que não era o meu filho que tinha que sair da sala de aula, mas sim o professor. Só ontem (01) me deram a possibilidade de tirar o professor da sala do meu filho, mas ele continuaria trabalhando na escola. Do jeito que eu fiquei, eu poderia ter feito justiça com as próprias mãos. Mas eu denunciei à diretora, achando que ela fosse fazer justiça, acreditando na escola. Porque jamais imaginei. Achei que o meu filho estaria protegido na escola. Mas não fizeram nada. A única penalidade que o professor teve foi não ter contato mais nas redes sociais com os alunos e ele disse que tinha cortado. Mas isso é mentira. Só a partir das reportagens de outros assédios virem a tona que ele sumiu das redes. Até então, o perfil dele estava ativo do mesmo jeito”, desabafou.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais