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'Chuva de santinhos' fora do período de eleições polui ruas de Vitória

"Chuva de santinhos" fora do período de eleições polui ruas de Vitória

Ex-candidato, partidos e gráfica negam o descarte irregular

Publicado em 15 de julho de 2019 às 21:46

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Um cenário deplorável — e curioso por ser fora da época das eleições — chamou a atenção de quem transitou pelas redondezas do Ginásio do Tancredão, no Centro de Vitória, na tarde de segunda-feira (15). É que parecia que uma "chuva de santinhos" de um ex-candidato a deputado estadual do Espírito Santo tinha passado pelas ruas próximas ao viaduto na região.

VEJA VÍDEO

Eram muitos papéis espalhados pelos cantos das calçadas, o que demandou o esforço dos garis da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) para que os santinhos não se espalhassem mais ainda e, possivelmente, entupissem os bueiros. O órgão informou que a equipe de varrição atua normalmente nos bairros de Vitória e que, de acordo com a demanda, podem ser deslocadas para demais localidades.

O material tem a foto do ex-candidato a deputado estadual Gilson Gomes Filho, que recebeu o vídeo acima de amigos e foi questionado pela reportagem do Gazeta Online sobre o descarte. Ele alegou não ter relação com o descarte.

"Sou vítima de uma fraude. O material não me pertence e nunca autorizei sua elaboração ou descarte, muito menos realizei qualquer pagamento por ele. Esse material que foi despejado é um padrão feito pela coligação do PMB/PTB que nunca chegou em minhas mãos nas eleições", afirmou.

Gilson ainda argumentou que nas eleições de 2018 utilizou santinhos em que ele aparecia com uma camisa cor de rosa — e não azul como os que estavam espalhados na via. "Minha camisa usada em meus santinhos é rosa e esta está azul. Recebi fotos e vídeos de amigos questionando e irei à polícia denunciar. Com consciência tranquila, estou à disposição das instituições para esclarecimentos", concluiu.

O QUE DIZEM OS PARTIDOS

Acionada pela reportagem, Jacqueline Alves Nonato, presidente estadual do Partido da Mulher Brasileira (PMB), informou que o PMB não possui fundo partidário e, por conta disto, coligou com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que, segundo ela, foi responsável por fornecer e entregar o material aos candidatos.

"Todos os candidatos pessoalmente retiraram os seus próprios materiais de campanha após assinarem. Realmente não é de meu conhecimento que os materiais de Gilson Gomes Filho tenham sido descartados de forma incorreta conforme é exigido por lei. Tal situação deve ser esclarecida pelo PTB, pois foi o partido responsável pelo material da campanha. Mas fico à disposição para qualquer informação", disse em nota.

O atual presidente estadual do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Adilson Espíndula, também foi questionado pelo Gazeta Online e relatou que durante o período eleitoral, o PTB e o PMB participaram em coligação do processo eleitoral de 2018 mas que, na época, o PTB era conduzido por outra Executiva Estadual/Comissão Eleitoral.

"A atual Executiva Estadual assumiu o partido em 17 de dezembro de 2018, não tendo conhecimento de quaisquer informações sobre os possíveis fatos, porém esclarece que o PTB é contrário e repudia de forma veemente o descarte indevido de materiais eleitorais", finalizou.

GRÁFICA TAMBÉM NEGA DESCARTE

O dono da Gráfica Espírito Santo — que funciona em Gurigica há cerca de 38 anos e realizou a impressão do material de campanha de todos os candidatos do PMB/PTB — explicou que as peças de campanha política são produzidas quando encomendadas e retiradas pelo partido. Dário Cruz informou que a empresa emite nota, recebe o valor combinado e o partido retira o material no local.

"Fizemos todo o material para a campanha do PTB, fizemos tudo. Foram vários candidatos. Nós não descartamos. Está impresso, pertence a alguém. Entregamos o material para o partido mediante nota fiscal e a pessoa responsável pela retirada assinava. Na época das eleições, eles pegavam e entregaram para cada candidato".

Dário frisa que não houve descarte da gráfica.

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"Aqui tem lata de tinta e materiais que descartamos de forma regular. Existe uma empresa contratada que vem e faz a coleta dos resíduos da empresa. Aqui dentro da gráfica não fica nada, é tudo entregue para, neste caso específico, pessoas que foram determinadas pelo partido para comparecer à gráfica e buscar o material. Não temos nenhuma responsabilidade sobre o fato", finalizou o proprietário da empresa.

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