Pacientes internados no Pronto Atendimento da Praia do Suá, em Vitória, não estão sendo transferidos para leitos hospitalares da rede estadual por falta de vagas. É o que afirma o Conselho Regional de Medicina no Espírito Santo (CRM-ES) após ter recebido denúncia de que quatro pessoas em estado grave, necessitando de leitos de UTI, estão no PA.
Em um primeiro momento, o local contava com três pacientes necessitando de UTI. Durante coletiva, a informação foi atualizada pelo presidente do CRM-ES, Celso Murad. “A situação do PA da Praia do Suá continua caótica. Em uma enfermaria de 6 pessoas para serem atendidas, tem 14 pessoas, sendo que quatro precisam de leito de terapia intensiva e ainda estão no PA”, disse.
O local, que não possui estrutura para a acomodação permanente de pacientes nestas condições, estaria superlotado. Murad afirma que o modelo de atendimento atual sobrecarrega os Pronto Atendimentos e as UPAs.
“A porta de entrada do paciente pela forma normal, que seria pelo programa de medicina da família e nas unidades básicas, certamente melhoraria e muito a demanda que chegam nas UPAs e nos Pronto-socorros. Ia desafogar e muito. Da forma que a assistência está sendo feita, não tem organização que resista, é praticamente possível. Você vai ter sempre esse problema”, destaca.
FALTA DE LEITOS COMPROMETE TRANSFERÊNCIA
A superlotação e a permanência de pacientes em estado delicado foi confirmada pela Secretaria de Saúde de Vitória. Responsável por providenciar os leitos, a secretaria estadual de Saúde (Sesa) informou que a falta de vagas em hospitais públicos, parceiros e até mesmo na rede privada, onde é feita a compra de leitos para acomodação dos pacientes, compromete transferências, como explica o subsecretário de Regulação e Organização da Atenção à Saúde, Tadeu Marino.
“Compramos em média, por dia, 15 leitos de UTI na rede privada. Isso dá um custo mensal de R$ 7 milhões. Nós só não tiramos os pacientes de maneira imediata porque, às vezes, a rede está extasiada. Nem na rede própria, na filantrópica e nem nas compras na rede privada. Isso, infelizmente, leva a essa consequência desses pacientes terem uma permanência maior do que seria necessário”, explicou.
PACIENTES E O TEMPO DE ESPERA
Com a superlotação da enfermaria, a capacidade de atendimento às pessoas que procuram o PA também fica comprometida. A professora Beatriz Fernandes, 58, disse que ficou mais de cinco horas aguardando atendimento para a mãe, de 96 anos, que chegou ao local com infecção urinária.
“Vejo um descaso com a gente que paga os impostos em dia. Eles colocam propaganda que tem médico e quando a gente procura a assistência é isso aí que acontece. A gente fica impotente, né?”, disse.
A secretária de saúde de Vitória, Cátia Lisboa, explica que quando há uma sobrecarga de pacientes internados no local, há uma necessidade de dedicação para estes, o que acaba gerando uma espera maior.
“Quando tenho uma sobrecarga de atendimento para dentro, como hoje quando tenho 14 pacientes internados, a nossa prioridade é atender eles. Hoje, a nossa média de espera foi de 2h15. Também tivemos, como em outros dias, uma demanda forte de pacientes verdes - pouco urgentes”, frisou.
RESULTADOS EM CURTO E MÉDIO PRAZOS
Perguntado sobre as ações do Estado para aumentar a oferta de leitos e diminuir a sobrecarga nos Pronto atendimentos, o subsecretário Tadeu Marino informou que além da ampliação e construção de novos hospitais, o Governo está modernizando a gestão hospitalar e ampliando a atenção primária, e que os resultados devem aparecer a curto e médio prazo.
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