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Metade da população do Espírito Santo vive em local sem rede de esgoto

Metade da população do Espírito Santo vive em local sem rede de esgoto

No Estado, 47,8% moram em áreas sem conexão de esgoto

Publicado em 2 de julho de 2019 às 00:02

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No Espírito Santo, onde 47,8% das pessoas vivem em locais sem rede de esgoto, a taxa de internações por doenças transmitidas pela água contaminada é de 11,4 por 10 mil habitantes. O número é próximo à taxa brasileira, que é de 12,46, porém bem maior que a média do Sudeste, de 4,8 internações por 10 mil habitantes. Em São Paulo, por exemplo, onde só 10% da população vive em residências sem rede, esse índice é de 3,72.

Segundo o doutor em Saneamento e professor da Ufes, Ricardo Franci, o esgoto sanitário lançado em estado bruto em muitos locais do Estado contamina a água com vírus e bactérias causadores de doenças, e esta contamina cursos de água, solo e alimentos.

Ele afirma que essa falta de tratamento dos efluentes é uma ameaça à saúde pública da população. “Quando a rede é incompleta ou quando estação não existe ou funciona mal, o esgoto lançado contamina os corpos d'água”, explica.

Além de prejudicar rios, canais e solo, a água contaminada chega ao mar e afeta a balneabilidade das praias, podendo até contaminar a comida. Além de verduras e legumes que podem ser contaminados por conta de irrigação feita com água imprópria, os mariscos consumidos no litoral também podem ser afetados.“Quando houve epidemia de cólera no Estado (entre 1992 e 1993), alguns casos foram rastreados e identificaram o mexilhão como uma das fontes de contaminação”, lembra Franci.

O especialista afirma que, quando o esgoto é recolhido pela rede e enviado às estações de tratamento, são eliminados microorganismos como vírus e bactérias. Segundo ele, a cobertura do tratamento e esgoto no Espírito Santo é maior do que em muitos Estados brasileiros, principalmente os do Norte e Nordeste. Mas o Estado fica atrás dos vizinhos do Sudeste.

Mesmo dentro do Estado a cobertura de rede de esgoto é desigual. “A situação é precária, principalmente nos municípios do Norte do Estado. Fizemos um estudo e chegamos a resultados assustadores. O saneamento rural no Estado está praticamente abandonado”.

A educação das famílias quanto aos hábitos de higiene saudáveis também é imprescindível para reduzir a incidência das infecções gastrointestinais, segundo a gerente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Kelly Areal.

“Não adianta o poder público fazer o saneamento sem a educação. A família continuará adoecendo”, afirma. Ela pontua que o governo do Estado e os municípios dão orientações nas unidades de saúde, escolas e igrejas. “Ensinamos como higienizar os alimentos, como cuidar do lixo e fazer a higiene das mãos. Orientamos também as mães para que não deixem as crianças brincarem na chuva ou andarem descalças”, diz.

CESAN AFIRMA QUE VAI AMPLIAR TRATAMENTO

Questionada sobre as regiões sem tratamento esgoto, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) informou que nos 52 municípios do Estado onde atua, houve uma evolução de cobertura dos serviços de esgotamento sanitário de 20% em 2002 para 65,2% atualmente.

“Para os próximos anos, a Companhia trabalha com um arrojado plano de investimentos superior a R$ 2 bilhões para aumentar sua cobertura, chegando a 85% em 2023”, informou, por nota, sem detalhar quais municípios serão beneficiados.

Ainda segundo a Cesan, com o financiamento obtido pelo Estado junto ao Banco Mundial para investir em municípios que integram as microrregiões do Caparaó e as Bacias Hidrográficas dos Rios Jucu e Santa Maria da Vitória, incluindo cidades da Grande Vitória, “cerca de US$ 323 milhões serão aplicados no Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem”.

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Ainda de acordo com a Companhia, onde já tem redes de esgotamento sanitário os moradores devem fazer suas ligações. “Onde não tem é importante que o morador dê uma solução individual, a fossa séptica, isso evita lançamentos indevidos”.

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