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Moradora em situação de rua canta louvor em Vila Velha e viraliza na web

Moradora em situação de rua canta louvor em Vila Velha e viraliza na web

O vídeo já tem mais de 1 milhão de visualizações e 30 mil compartilhamentos em apenas uma publicação no Facebook

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 14:29

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Cada morador em situação de rua tem uma história, que, muitas vezes, apenas a família conhece. Mas quando algum caso chega às redes sociais, a vida deles ganha outra repercussão. Antes despercebidos, passam a ser notados, como aconteceu com a Grazielly Sacramento Pedroso, de 29 anos. Com pouco mais de uma semana, o vídeo dela cantando um louvor tem mais de 1 milhão de visualizações e 30 mil compartilhamentos em apenas uma publicação no Facebook

Nesta terça-feira (09), a equipe do Gazeta Online conversou com a família da Grazielly, que é mãe de quatro filhos e se encontra em situação de rua em uma região nas proximidades do Terminal de Vila Velha, no bairro Divino Espírito Santo, onde as imagens foram gravadas. Segundo a mãe dela, a aposentada Valéria Lúcia Sacramento, 56 anos, a filha é usuária de drogas. 

A mãe, que mora em Barramares, no mesmo município, recebeu o vídeo na semana passada pelo WhatsApp. 

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Fiquei muito emocionada, até agora estou. Ela tem uma filha de 13 anos que mora comigo. Ela entrou em desespero, chorou muito. Quase até passou mal, sentiu muita dor de cabeça. Conversei com ela, acalmei. Foi uma emoção muito grande

Mãe da Grazielly
Cargo do Autor
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REENCONTRO E CD

Após ver as imagens, uma prima da Grazielly, a empresária Bruna Pedroso, foi até o local da gravação, no último sábado (06), e a reencontrou. "Ela me abraçou, chorou, me recebeu bem. Falei que fui lá por causa do vídeo. Ela logo me perguntou se estava na internet, porque ela sempre sonhou em gravar um CD. Mas a gente ainda não sabia que estava no Facebook, só no WhatsApp", afirma Bruna.

Moradora em situação de rua atualmente e antes de voltar para a rua . (Gazeta Online)

De acordo com a prima, Grazielly sempre gostou de cantar e participava de um grupo de louvor na igreja. "Olha que a voz dela está debilitada por causa do crack... Ainda assim as pessoas ficaram emocionadas quando ouviram". 

Durante a conversa entre as duas, para a tristeza da família, a mulher não aceitou ajuda. "Ela acha que vai conseguir sair sozinha. Ela fala que está bem. Mas é uma situação precária, quanto mais em tempo de chuva", diz a prima. Agora, eles tentam uma internação compulsória, para que ela possa sair da rua e do vício. 

Bruna e a prima durante o reencontro delas no último sábado (06), em Vila Velha. (Arquivo Pessoal )

Ainda segundo Bruna, a prima foi criada com ela e é muito difícil vê-la assim. "Não tenho nem palavras para descrever. Ela foi criada comigo. Minha mãe já pegou ela na rua para cuidar, quando ela tava muito ruim", lembra.

"SOFRO POR ELA, SOFRO PELOS FILHOS DELA"

Angústia ainda maior sente a mãe, que convive há anos com o vício da filha e as suas consequências. Após morar anos na rua, Grazielly voltou para a casa na última gravidez e ficou três anos bem. Mas, há aproximadamente 1 ano e meio, ela retornou às ruas. Veja o que diz a mãe.  

Quando a senhora ficou sabendo o vídeo?

Na semana passada. O pessoal de uma igreja foi lá fazer uma visita e deu aquela imagem. Recebi pelo o WhatsApp e logo reconheci que era ela. A pessoa que me enviou sabe que eu sou a mãe dela, mas quem fez a filmagem não sabe. Foi tipo uma corrente até chegar a mim.

O que a senhora sentiu quando viu o vídeo?

Fiquei muito emocionada, até agora estou. Ela tem uma filha de 13 anos que mora comigo. Ela entrou em desespero, chorou muito. Quase até passou mal, sentiu muita dor de cabeça. Eu conversei com ela, acalmei. Foi uma emoção muito grande.

Há quanto tempo a senhora não vê a sua filha?

De vez em quando eu vejo. Passam dois meses, mais ou menos, ela aparece. Só que ela não aceita tratamento. A gente aconselha, mas ela não aceita. Ela vive daquela forma. Ela tem quatro filhos, e os filhos dela, devido essa vida que ela vive, eles são de pais diferentes e cada filho está em um lugar diferente. Esses filhos sofrem muito a falta dela. A nossa intenção é fazer alguma coisa por ela, para que ela possa ajudar esses filhos.

Vocês desejam interná-la? Uma internação compulsória?

Desejo. Eu desejo qualquer tipo de ajuda. Eu preciso ver a minha filha sair dessa situação. Não só ela, lá tem muitos. Mas cada um quer ver o seu ente protegido. É muito triste essa vida.

Quando ela começou a usar drogas?

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Ela começou a usar drogas há bastante tempo. Depois voltou para casa, ficou mais ou menos três anos sem usar. Agora tem um ano e meio que ela tá na rua

Mãe da Grazielly
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Nesse tempo sem usar ela ficou na casa da senhora?

Sim. Ficou bem. Minha família é toda evangélica, ela me acompanhava na igreja. Foi uma benção. Mas depois ela voltou a usar e não ficou em casa. Ela vem, mas no mesmo dia ela volta. Quando chega, ela tá toda arrebentada, mal. É só o tempo dela se alimentar, tomar um remédio e já vai para a rua de novo.

Ela cantava na igreja?

Ela cantava e tinha o desejo de cantar mesmo, mas foi interrompido por esse motivo de usar drogas.

O que levou a Grazielly a entrar nesse caminho?

Motivo eu não sei. Que eu fiquei sabendo mesmo ela tinha uns 18 anos quando começou a usar, mas eu não tinha certeza. Só vi que ela estava usando mesmo depois que ela foi para as ruas.

A senhora conseguiu encontrá-la depois do vídeo?

Ainda não. Uma prima dela foi lá e conversou com ela. Mas ela falou que vai conseguir sair dessa sem ajuda. Mas não tem condições.

Em outras oportunidades a senhora já foi atrás dela na rua?

Já fui, amigos também foram. Ela promete parar, mas ela não consegue. Tem crise de abstinência, diz que vai ali e não volta mais.

É muito sofrimento para a senhora viver isso tudo.

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Meu Deus! Eu sofro por ela, sofro pelos filhos dela. É triste. 

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