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Mortes de motociclistas: Detran diz que vai aumentar fiscalização

Mortes de motociclistas: Detran diz que vai aumentar fiscalização

Instrutores de autoescola receberão formação extra para aulas de moto

Publicado em 22 de julho de 2019 às 00:53

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Givaldo Vieira. (Rodrigo Pertoti/Agência Câmara)

“Assustador.” É assim que o diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Givaldo Vieira, descreve o aumento no número de mortes de motociclistas no Estado, principalmente nos municípios fora da Grande Vitória. Ele afirma que a estratégia do órgão para tentar reverter a situação é uma fiscalização presente e rigorosa. “Começamos essa gestão investindo na educação para o trânsito e percebemos que ela, descolada da ação fiscalizatória, é inócua, não adianta. Temos que manter as campanhas e aumentar o rigor, a presença e a constância das ações de fiscalização”, diz.

Segundo ele, o crescimento ocorreu no “vácuo” de uma ação fiscalizatória mais rígida e mais distribuída. “Queremos suprir isso com o programa que lançamos, Força Pela Vida, que integra 20 órgãos e instituições. Um dos nossos focos se dará sobre os motociclistas”, afirma. Com o programa, inclusive, agentes do Detran estão sendo treinados para atuar como agentes de trânsito em blitze.

Para cobrir um território maior, as ações vão contar principalmente com o apoio da Polícia Militar, que está em todos os município do Estado. “Todo PM prestando serviço é agente de trânsito por convênio com o Detran. Eles estão sendo preparados e orientados para agir”, garante o diretor-geral.

Givaldo enumera diversas irregularidades que são comuns nessas cidades, como motociclistas sem Carteira Nacional de Habilitação, sem idade para pilotar, sem capacete, utilizando motocicletas em péssimo estado de conservação e com mais passageiros do que o permitido, que são no máximo dois. “Infelizmente vamos ter que desencadear uma ação repressiva. Não para arrecadação, mas para proteger vidas”, diz.

O órgão afirma que espera ver efeito da intensificação da fiscalização já nos próximos meses. “Vamos tentar reverter essa curva de mortes que está tão assustadora”, avalia o diretor-geral.

HABILITAÇÃO

O Detran afirma que pretende também reforçar a qualidade dos cursos de habilitação de motociclistas fornecendo cursos de aperfeiçoamento aos instrutores de categoria A (de moto). A primeira turma deve começar as aulas em agosto. “Queremos formar melhor os instrutores para que eles formem melhor os condutores. Vamos focar em técnicas de direção segura e defensiva, para contribuir na ponta com aquele que está recebendo a formação”, diz.

Atualmente há 1,3 mil instrutores cadastrados pelo Detran. Eles serão contactados em grupos conforme as turmas forem abrindo até que todos sejam formados e o curso possa passe a ser obrigatório.

Atualmente as provas práticas e a prova de direção dos motociclistas é feita em circuito fechado, apenas em primeira marcha, o que é criticado por muitos especialistas em trânsito. Eles argumentam que a formação não prepara para situações reais do cotidiano no trânsito.

A organização das aulas e das provas são uma diretriz nacional, mas o Detran afirma que vai avaliar o que pode fazer para aumentar a exigência.

DENÚNCIAS

A PM informou por nota que realiza operações de fiscalização nas vias estaduais para flagrar condutores que não estejam respeitando as leis de trânsito. Além das operações, as equipes realizam abordagens a veículos suspeitos e agem através denúncias recebidas via Ciodes (190). “Em relação a motos, as abordagens são realizadas observado as condições dos veículos e os acidentes são causados, em sua maioria, por imprudência”, diz a nota.

ANÁLISE

Conscientizar e fiscalizar

Renato Campestrini Gerente do Observatório Nacional de Segurança Viária

É preciso conscientizar os condutores de que acidentes de trânsito podem matar, em especial quando se trata de veículos de duas rodas. Muitos motociclistas utilizam o capacete unicamente com o objetivo de evitar autuações, quando na verdade esse equipamento, quando usado corretamente, pode evitar a morte ou o agravamento de lesões. É preciso também melhorar o processo de formação do condutor da motocicleta ainda que isso pareça algo descabido quando se tem reduzida a carga horária mínima para a formação dos condutores no país. Atualmente, o motociclista aprende a conduzir em local fechado, em primeira marcha, com a utilização apenas do freio traseiro. Isso no dia a dia pode complicar as coisas em uma situação de emergência. De outra banda, a fiscalização dos motociclistas, de suas condutas, deve receber atenção especial das autoridades, uma vez que algumas das condutas imprudentes resultam em acidentes. Não podemos conviver com isso, com essas vidas sendo desperdiçadas no trânsito.

Antonio Carlos Barreiro Inácio sofreu um acidente de moto na Rodovia do Contorno. (Carlos Alberto Silva)

"Quebrei oito costelas no acidente"

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"Eram 7h15 e eu estava indo de Nova Esperança para Bela Aurora (Cariacica) para trabalhar na construção de um galpão. Estava seguindo pelo Contorno e um carro atravessou a pista direto na minha frente, sem olhar, e eu bati nele. Quebrei oito costelas e os ossos do braço esquerdo. Já fiz três cirurgias para tentar juntar, mas perdi os movimentos. Poderia ter sido pior, porque eu estava de capacete e não machuquei a cabeça. Mas eu sinto dor direto. O médico me disse que pode ser que eu sinta essa dor pelo resto da vida. Espero conseguir um jeito de diminuir a dor. É a única coisa que eu penso agora", conta Antônio Carlos Barreiro Inácio, de 45 anos.

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