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Noivos convidam drag para celebrar casamento homoafetivo em Vitória

Noivos convidam drag para celebrar casamento homoafetivo em Vitória

Gustavo e João se casaram no último sábado (29), em Jardim da Penha

Publicado em 1 de julho de 2019 às 13:58

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Mathilda celebrou o casamento de João Marchiore e Gustavo Lino, em Vitória. (Vagner Rezende)

Uma boate de Jardim da Penha, bairro de Vitória, virou cenário de amor para os noivos Gustavo Lino, de 26 anos, e João Paulo Marchiore, de 27 anos, no último sábado (29). Na data, o casal celebrou a união ao pôr-do-sol com cerimônia feita por uma drag queen e reuniu 150 convidados para comemorarem o início da vida a dois.

"A cerimônia foi só uma celebração, que foi feita por uma drag amiga pessoal nossa, e depois foi festa mesmo. Como foi em uma boate, os convidados que quiseram ficar lá depois que a boate abriu para os frequentadores puderam fazê-lo", explica Gustavo. Para os noivos, o significado de ter uma drag celebrando a cerimônia vai além do evento propriamente dito.

A drag da qual ele se refere é Mathilda, que já é figurinha conhecida nas festas LGBT+ mais badaladas da cidade. Ela, que é amiga do casal e acompanhou a história de namoro e casamento inteira, estava nervosa antes de celebrar, mas comemora o fato de ter dado tudo certo: "Nunca tinha feito um casamento, estava nervosa e ansiosa. Fiz um texto básico, com a ajuda da cerimonialista, mas ela também me deixou livre para criar, se eu quisesse".

A artista conseguiu deixar tudo sob sigilo para fazer uma surpresa para o casal. De acordo com Mathilda, a intenção era brindar o amor dos amigos, mas também fazer uma referência ao Mês do Orgulho LGBT, comemorado em junho - mês em que os pombinhos fizeram a cerimônia. "Falei um pouco dos dois, da história e acho que o momento foi como um todo bem especial", diz.

Na cerimônia, além de amigos, estiveram presentes a família inteira de João e de Gustavo: "A relação é boa na medida do possível. Meus pais decidiram não ir, mas a gente vai levando a relação como dá".

O NAMORO

Gustavo e João Paulo começaram a namorar a distância, em julho de 2017, e de lá para cá planejaram o casamento dos sonhos com festão para os familiares e amigos. Gustavo é advogado e está morando no Espírito Santo desde o início do ano passado. João, que é piloto de navio e trabalha embarcado, vive no Estado já há vários anos, mas por conta da profissão só convive com o, agora, marido em uma escala de 28 dias trabalhando para 28 dias de folga. "Mas é tranquilo. Nós começamos a namorar a distância, então tiramos de letra", conta Gustavo.

É que a história do casal começou com o advogado morando em Belo Horizonte, em Minas Gerais, e o piloto vivendo já em Vila Velha, no Espírito Santo. Eles se conheceram por meio de um aplicativo de namoro quando Gustavo veio à Capital curtir 10 dias de férias e, depois disso, nunca mais deixaram de se falar. "Nos conhecemos em julho de 2017 e logo começamos a namorar. Vim passar 10 dias em Vitória e saímos todos os dias. Depois decidimos manter o namoro comigo lá e ele aqui", confidencia.

João Marchiore e Gustavo Lino: noivos celebraram o sim-sim em Vitória. (Vagner Rezende)

CASAMENTO

No papel, os dois já são casados desde fevereiro deste ano, quando selaram o sim-sim no cartório. Mas em dezembro de 2018 já tinham certeza de que queriam marcar a data com uma festa. "Nós queríamos festa (risos). Só que para fazer junto do cartório ia ficar mais complicado, porque tínhamos pouco tempo", conta ele, que depois disso buscou ajuda da cerimonialista Norma Marques para seguir com os arranjos do evento.

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A gente está morando junto desde quando nos casamos, em fevereiro. Aí ele (João) embarcou para ir trabalhar e, quando voltou, já estávamos de casa nova

Gustavo Lino, noivo
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CHUTE NO PRECONCEITO

A cerimonialista Norma Marques, que organizou o cerimonial da festa, está prestes a completar 28 anos de profissão e é das poucas no Espírito Santo que virou referência no mercado dos casamentos homoafetivos, além dos eventos tradicionais das que já é habitué. Para ela, a cerimônia de Gustavo e João é "um chute no preconceito", nas suas próprias palavras.

"E esse casamento aconteceu justamente três anos depois de organizamos o casamento homoafetivo coletivo na mesma boate, em parceria com a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) e Prefeitura de Vitória (PMV). Já é um bom reflexo dessa ação pública", comemora.

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Segundo Norma, os noivos mostraram cabeça aberta desde a primeira reunião para a festa e entenderam que a história deles pode ser inspiradora para outros casais. "Têm sempre amigos e pessoas anônimas que precisam de motivação para fazer o mesmo", finaliza.

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