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Parque Tecnológico: 'Vamos parar e esperar o que vai acontecer'

Parque Tecnológico: "Vamos parar e esperar o que vai acontecer"

Dono da maior área diz que projeto de parque já estava avançado

Publicado em 20 de julho de 2019 às 01:54

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O empresário Leonardo Dadalto defende uso misto da área do parque. (Vitor Jubini)

“Vamos parar tudo e esperar, nos próximos anos, o que vai acontecer. Espero que o bom senso prevaleça.” A afirmação foi feita por Leonardo Dadalto, que lidera as empresas do Grupo Dadalto e cuja família detém 53 mil m2 na região destinada ao Parque Tecnológico. A área que a eles pertence é uma das mais disputadas por ser a única pronta para comercialização. As demais enfrentam discussão judicial ou não têm regularização fundiária.

Leonardo recorda que sua família era contrária ao uso exclusivo da região para o setor de tecnologia, e que chegou a protocolar na Prefeitura de Vitória um projeto de loteamento residencial. “Nós queríamos a regra do PDU antigo, quando nosso loteamento foi aprovado. Investimos R$ 15 milhões em urbanização de ruas e esgoto. Quando já tínhamos aplicado 95% do investimento mudaram as regras. Isto causa uma insegurança jurídica gigantesca para quem faz investimento”, relatou.

Ainda assim a família, conta Dadalto, aceitou a alteração promovida no PDU pelos vereadores, que passaram o zoneamento da região para uso misto de empresas e residências. Desde então, relata o empresário, eles passaram a investir em projetos para o parque.

PLANOS

Um deles foi a contratação de um concurso nacional de arquitetura para a elaboração de um projeto arquitetônico para o parque (veja foto). “Oito escritórios participaram e o Nós Arquitetura venceu com um projeto lindo”, relata Leonardo.

O passo seguinte, conta, era viabilizar um contrato com a Fundação Certi. “Estávamos orçando um contrato com eles para viabilizar o parque. Eles são especialistas em soluções inovadoras para atrair investimentos. Eles implantam o parque, o deixam juridicamente funcional”, explica, acrescentando que, em paralelo, iria começar a realizar as obras dos prédios residenciais a medida em que as empresas fossem surgindo.

Mas diante da liminar que suspendeu o uso misto, Dadalto decidiu suspender todas as suas atividades na área. “Fui pego de surpresa pela notícia. Estávamos muito comprometidos com a ideia de tirar o parque do papel. É difícil de entender porque preferem um parque de segunda geração, já ultrapassado, ao invés de parques de terceira geração, mais modernos que mesclam residências e lojas, com as empresas”, pontua.

Diante do cenário ele pretende deixar suas terras “em paz”. “Vou ficar esperando”, relatou. Venda da área para possíveis investidores, destaca, só se o preço for justo. “Não vendo nada a preço de banana. Na região da Avenida Fernando Ferrari o m2 está sendo comercializado a R$ 4,5 mil”.

Aos interessados, volta a afirmar que vende a terra pelo preço do ano passado, com o m2 a R$ 2,5 mil. “Não adianta apresentar proposta de R$ 500 pelo m2. Não quero atrapalhar a cidade de Vitória, mas isto não vamos aceitar”, assinalou, observando ainda que desrespeitaram as discussões feitas com a comunidade. “Eles preferem o uso misto”.

SINDICATO: "EMPRESAS VÃO DESISTIR DE INVESTIR"

A novela por trás do Parque Tecnológico de Vitória se arrasta há décadas. E “enquanto Vitória discute se haverá ou não moradia, outras cidades construíram dezenas de centros de inovação que geram receita”, compara o presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Espírito Santo (Sindinfo), Luciano Raizer. Ele, que defende o fim do uso misto, comemorou um possível avanço no local a partir de 2020 e, agora, acredita que será mais difícil o projeto sair das ideias.

Segundo ele, muitos empresários e startups vão preferir investir em outras grandes cidades a esperar a Capital ter, de fato, um ambiente propício às práticas de tecnologia e inovação.

“A gente estima que Vitória não tenha nem 100 startups. Em outras cidades, como Florianópolis, há mais de 4 mil dessas empresas. Isso mostra que não há, aqui, nem um décimo do interesse que há em outros lugares”, completa.

LUCRO PERDIDO

Segundo o presidente da Sindinfo, ter o empresariado mais presente faria com que a receita com impostos, por exemplo, também aumentasse. Ele aponta que em grandes centros que já desenvolveram parques tecnológicos, o que se arrecada com as taxas é até duas vezes maior do que em outros setores de peso no mercado, como o turismo.

“Em Florianópolis, por exemplo, que é uma cidade que tem um apelo turístico imenso, o que se arrecada com esse tipo de atividade é o dobro do que se ganha com o turismo. Imagina o quanto não estamos perdendo aqui”, corrobora, indicando que do jeito que está as empresas só vão se desmotivar cada vez mais a aguardar o centro tecnológico capixaba.

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Luciano também enxerga que se perdem lucros e oportunidades com a ausência de fomento à inovação. Ele diz que esse tipo de atividade dá emprego a milhares de jovens, que muitas vezes têm poucas chances de engrenar na carreira se não for por meio desses aparelhos tecnológicos que propiciam crescimento. “Essa mão de obra não vai ficar esperando oportunidade. Eles vão atrás delas”, lamenta.

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