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Pó preto que 'chove' na Serra é coletado para análise

Pó preto que "chove" na Serra é coletado para análise

O relatório técnico que vai apontar se há responsabilização de alguma das empresas do Complexo de Tubarão ainda não ficou pronto

Publicado em 10 de julho de 2019 às 23:39

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Poeira preta que atinge o bairro Praia de Carapebus, na Serra. . (Divulgação)

Amostras da poeira preta misturada com um pó brilhante que tem “chovido” sobre as casas e ruas do bairro Praia de Carapebus, na Serra, serão analisadas pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Segundo o diretor-presidente do órgão, Alaimar Fiuza, o material foi coletado na comunidade na última semana. Ele não soube precisar quando estará pronto o relatório técnico que vai contar também com as informações colhidas durante a vistoria às duas empresas do Complexo de Tubarão, primeiro, na ArcelorMittal e, posteriormente, na Vale. O complexo fica ao lado do bairro.

“Fizemos um ato de fiscalização multidisciplinar com a Prefeitura da Serra. A equipe foi cedo para Praia de Carapebus para ter condições climáticas parecidas com aquelas que a comunidade apontava como a mais preocupação (geralmente, a “chuva” acontece de madrugada)”, disse diretor-presidente durante apresentação do inventário de fontes poluidoras da Grande Vitória, nesta quarta-feira (10), na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Como o Gazeta Online noticiou na semana passada, há cerca de 40 dias a “chuva” de poeira tem assutado e incomodado os moradores. Muitos se preocupam com a questão da saúde, pois não sabem exatamente do que se trata o material. Alguns moradores já cogitavam até se mudar, para não expor mais os filhos e netos à poluição.

 

Na semana passada, o Iema informou que havia feito uma vistoria na ArcelorMittal e que emitiu dois autos de intimação à empresa para que fossem corrigidas irregularidades encontradas. Foram identificadas emissões de poluentes em uma correia transportadora; o Iema demandou à empresa a paralisação desse sistema. Além disso, o órgão exigiu que a Arcelor fizesse adequações do sistema de umectação dos pátios onde ficam armazenados materiais. A empresa, diz que já fez as adequações. Já para a Vale, não foi emitida nenhuma notificação.

Segundo Fiurza, a partir da análise técnica do que foi encontrado será feito um relatório que vai apontar se será necessário tomar medidas administrativas, como multar as empresas, por exemplo. “Não temos o relatório final. Falar sobre o tipo de ação a ser tomada é precipitado”, afirmou.

O líder comunitário de Praia de Carapebus, Anderson Muniz, afirma que a comunidade aguarda ansiosa pelo resultado das análises dos órgãos ambientais. “Esperamos esses relatórios para ver o que podemos fazer. A poluição continua e, com o vento, fica pior”, relata.

Nesta quarta-feira (10), o vereador da Serra, Fábio Duarte, informou que vai propor que seja criada uma comissão especial na Câmara para acompanhar o andamento da questão e cobrar providências dos órgãos públicos. “Vemos muita propaganda das empresas, mas não vemos efetivamente a redução da poluição que afeta a Grande Vitória toda”, disse.

OUTRO LADO

A ArcelorMittal Tubarão informou por meio de nota que está fazendo uma investigação interna para verificar se alguma atividade fora da rotina da empresa possa ter ocasionado essa característica de pó mais brilhante observado pela comunidade. Em relação à inspeção do Iema, na semana passada, informa que foram recebidas duas notificações referentes a emissões pontuais de poeira de baixa magnitude e que foram corrigidas no ato da inspeção.

Já a Vale disse que não recebeu notificação a respeito do assunto, e que as operações estão ocorrendo dentro da regularidade. A empresa destacou que não há relação das operações da Vale com eventos que assolaram o bairro.

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As empresas afirmam que têm feito investimentos em tecnologia que têm resultado na diminuição das emissões de poluentes.

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