Um dos professores envolvidos nas denúncias de assédio sexual na Escola Clóvis Borges Miguel, na Serra, negou ter assediado uma de suas alunas. Ele disse que ficou surpreso com as acusações e não se lembra de ter feito elogios a respeito da beleza e do corpo da estudante.
O servidor, que está afastado da escola, foi à Assembleia Legislativa para esclarecer as denúncias em uma sessão convocada pela Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente e a CPI dos Crimes Cibernéticos na manhã desta terça-feira. Um outro professor, acusado de assediar sexualmente um adolescente de 15 anos, com deficiência mental, também foi convocado, porém apresentou atestado médico de 15 dias e não compareceu à sessão.
A denúncia contra o professor foi feita no dia 27 de junho, três dias depois que os primeiros relatos de assédio na escola começaram a ser divulgados. Segundo a aluna que teria sido assediada, uma adolescente de 17 anos, o professor teria feito comentários a respeito do corpo dela, além de tê-la chamado de linda e princesa na frente de outros estudantes.
"Ela disse que pediu para ir ao banheiro e o professor veio com elogios, chamando ela de princesa e linda. Ela teria levantado e dito: Menos professor. E ele perguntou: Por que você não se acha bonita? Você tem um corpo muito bonito", declarou o presidente da Comissão de Proteção à Criança e Adolescente, deputado Lorenzo Pazolini.
O professor foi notificado pela escola no dia 28 de junho e ficou surpreso ao saber que o nome dele havia sido citado nos relatos de assédio. Durante sessão na Assembleia, ele negou ter tido a conversa relatada pela estudante e disse que não tem relacionamento com alunos fora da sala de aula.
O professor também comentou que tem um bom relacionamento com a aluna que o acusou de assédio e acredita que possa ter sido mal interpretado porque costuma fazer elogios para ajudar na auto-estima dos estudantes.
"Na minha prática de professor, eu discuto sobre pensamentos, emoções, afeto. Eu tenho carinho, respeito, costumo falar coisas para aumentar auto-estima dos alunos. Na minha função social, eu me sinto na obrigação de valorizar os alunos. Eu não sei se diante do contexto eu fui mal entendido", disse.
O professor foi afastado pela Secretaria de Educação no dia 1 de julho e permanecerá em atividades administrativas para resguardá-lo e também a vítima. Uma sindicância foi instaurada pela Sedu para apurar as denúncias. Outros dois professores foram afastados e estão sendo investigados.
AS DENÚNCIAS
As denúncias de assédio começaram no dia 19 de junho, depois que três alunas escreveram cartas para outros professores e estudantes alertando sobre piadas de cunho sexual que ouviam na escola. Elas relataram também sobre comentários feitos pelo professor sobre o corpo delas e como isso gerava constrangimento e desconforto.
O caso ganhou repercussão na última segunda-feira (24), quando as estudantes publicaram os relatos de assédio no Twitter usando a hashtag #SuaAlunaNãoÉUmaNovinha, que foi compartilhada pelo ex-deputado Jean Wyllys.
Os movimento gerado na rede social trouxe à tona outros relatos de assédio na escola Clóvis Borges Miguel, inclusive em anos anteriores. No Twitter, ex-alunas descreveram conversas e piadas de cunho sexual que ouviram na escola. Apesar dos relatos, não há nenhum registro de denúncias de assédios contra o professor, segundo a Secretaria de Educação.
"A primeira denúncia que aconteceu contra ele foi dessas meninas, o que não significa que outras denúncias não possam aparecer até mesmo contra outros professores que estão lá ou passaram pela escola", disse de Angelo, que reafirmou o compromisso da Sedu em apurar os casos.
"Eu recebo lamentando, obviamente, essas denúncias, porque de um lado a gente acaba tendo um indicativo de que aconteceu outras vezes e de outro, que ainda é mais grave, que estes alunos não tiveram oportunidade de falar, mas eu quero deixar claro que há total interesse nosso em tomar conhecimento desses casos para que a gente possa fazer a apuração e sendo procedente dar a devida punição ao servidor envolvido neste contexto", finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta