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Professor é denunciado por assediar aluno com retardo mental na Serra

Professor é denunciado por assediar aluno com retardo mental na Serra

Vítima é um adolescente de 15 anos. Caso foi denunciado em maio à diretoria da escola, que não comunicou à Secretaria de Educação

Publicado em 2 de julho de 2019 às 17:09

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Escola Clóvis Borgues Miguel, na Serra. (Divulgação)

Mais um professor da Escola Clóvis Borges Miguel, na Serra, foi denunciado pela mãe de um aluno por assediar sexualmente o filho dela, um adolescente de 15 anos, diagnosticada com deficiência intelectual, doença chamada de retardo mental. A denúncia foi feita à diretoria da escola em maio deste ano, quando a mãe encontrou conversas do filho com o professor em uma rede social.

Este é o terceiro professor da escola denunciado por assédio sexual desde que um grupo de alunas iniciou um movimento nas redes sociais. Porém, diferente dos outros casos, a denúncia, feita há quase dois meses, não foi reportada a Secretaria de Educação (Sedu). O professor continua dando aulas na escola e tendo contato com o aluno que ele teria assediado. 

O caso veio à tona após a mãe do adolescente procurar a Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa na última segunda-feira (01). Em depoimento, ela contou que no dia 5 de maio ela encontrou conversas de cunho sexual do filho com o professor em uma rede social. Nas mensagens, o professor insinuava que queria encontrar com o garoto e dizia, por diversas vezes, que gostava muito dele. Assustada, ela procurou a diretora da escola, denunciando caso.

Mensagens mostram que mãe de aluno encaminhou denúncias à diretora, e que as mensagens foram lidas e respondidas. (Reprodução | WhatsApp)

Segundo a mãe do aluno, ela encaminhou uma cópia das conversas para diretora, que chegou a sugerir que o estudante fosse trocado de turno. Como a mãe não aceitou, ela disse que tomaria as providências necessárias e daria retorno à família. Porém, o aluno continuou tendo contato com o funcionário, que não foi afastado pela escola. 

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É inaceitável e chocante que esta criança continua convivendo com o assediador. E mais ainda que a diretora, em vez de proteger a vítima, tentou puni-la, sugerindo a mãe uma troca de turno. É lamentável

Lorenzo Pazolini, deputado e presidente da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente
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CASO NÃO FOI COMUNICADO À SEDU

Mesmo tendo provas materiais, a diretora não levou o caso à Corregedoria da Secretaria de Educação nestes quase dois meses. Em depoimento à Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente e a CPI dos Crimes Cibernéticos em sessão na Assembleia Legislativa nesta terça-feira, ela disse que ainda estava apurando o caso e realizando um procedimento interno.

"A escola estava levantando informações. Nós ouvimos o professor e estávamos aguardando um retorno da mãe na escola para seguir com os procedimentos", declarou a diretora, que confirmou que o professor continua dando aula na escola.

A justificativa da diretora foi apontada como inaceitável pelos deputados presentes na sessão. Para o presidente da CPI dos Crimes Cibernéticos, Vandinho Leite, a diretora estava lidando com um crime e errou ao tentar esconder o caso e não comunicar à Corregedoria da Sedu.

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Por mais que ela não teve intenção, ela agiu com omissão. Nós estamos falando de um crime que ela tinha provas materiais

Vandinho Leite, deputado e presidente da CPI dos Crimes Cibernéticos
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ENTENDA

No final do mês de junho, um grupo de alunas da Escola Estadual Clóvis Borges Miguel, em Serra Sede, na Serra, denunciou um dos professores por assédio sexual. As denúncias foram feitas por meio de cartas distribuídas na escola, mas ganharam repercussão na segunda-feira (24) quando foram compartilhadas no Twitter. As alunas relataram piadas de cunho sexual e comentários sobre o corpo delas feitos pelo professor.

Incomodadas com os comentários do professor, três adolescentes resolveram escrever cartas anônimas e depositar em urnas de um projeto na escola destinado a outros professores, alunas e funcionários do local.

De acordo com uma das estudantes, de 16 anos, a ideia surgiu como forma de pedir socorro e fazer com que todos soubessem do assédio que acontecia na escola. 

"Um dia ele começou a falar da minha bunda. Eu fiquei desconfortável, mas achei que era brincadeira e não falei nada. Aí os comentários passaram a ser diários, até que eu comecei a ignorar. Um dia ele falou para mim: "Você cansou das piadinhas? Logo agora que você é minha!". Comecei a ficar com medo, pensando o que ele poderia fazer comigo. Então resolvi, junto com outras duas amigas, escrever as cartas, para que todo mundo soubesse o que estava acontecendo", declarou.

Carta de apoio enviada às alunas da escola. (Arquivo pessoal)

O grupo também encaminhou uma carta para o professor acusado de cometer os assédios. Nela, as estudantes expressavam o desconforto que sentiam quando ele falava sobre o corpo das meninas e de conversas duvidosas da intimidade das alunas. Elas chegaram a se referir ao professor como "babaca e nojento". 

NAS REDES SOCIAIS

As cartas foram distribuídas na escola no dia 19 de junho. De acordo com as estudantes, mesmo após a divulgação das cartas, a coordenação da escola não se mostrou preocupada em apurar o caso. Com medo que o caso fosse esquecido, as alunas usaram as redes sociais para relatar as histórias de assédio, na segunda-feira (24).

RELATOS VIRALIZARAM

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Os relatos viralizaram e um movimento de denúncias foi criado no Twitter com a hashtag #SuaAlunaNãoÉUmaNovinha, sendo compartilhado pelo ex-deputado Jean Wyllys. Para a surpresa das adolescentes, inúmeras histórias de assédios começaram a ser relatadas na rede, muitas delas feitas por ex-alunas da escola Clóvis Borges Miguel.

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