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Brumadinho e Bolsonaro em destaque no Grito dos Excluídos em Cariacica

Brumadinho e Bolsonaro em destaque no Grito dos Excluídos em Cariacica

O tema nacional é "Esse sistema não Vale", relembrando a tragédia na barragem da mineradora em Brumadinho.

Publicado em 22 de agosto de 2019 às 02:24

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O presidente Jair Bolsonaro, cumprimenta populares,e fala à imprensa no Palácio da Alvorada. (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro vai ser alvo de críticas no Grito dos Excluídos deste ano no Espírito Santo. A manifestação popular, organizada pela Igreja Católica e outras entidades civis, completa 25 anos em 2019 e acontece sempre no dia 7 de setembro.

O tema nacional é "Esse sistema não Vale", relembrando a tragédia na barragem da mineradora em Brumadinho. Nesta quinta (08), teve uma reunião de organização do movimento.

Segundo Padre Kelder, membro do Fórum Igreja e Sociedade em Ação, ficaram definidos o local do ato, que será em Cariacica, nos bairros Porto de Santana e Flexal, e quatro eixos locais que também vão nortear a manifestação no Espírito Santo: direitos sociais, segurança pública e direitos humanos, meio ambiente e a luta pela democracia contra o autoritarismo e a tortura.

Nesse quarto eixo, o grupo quer combater as declarações do presidente Jair Bolsonaro, em que ele defende a Ditadura Militar e exalta figuras apontadas pela Justiça como responsáveis pela tortura, como o coronel Brilhante Ustra.

"É muito preocupante a gente ver os riscos que a democracia está correndo no Brasil, com o cerceamento da liberdade de imprensa, de pensamento, uma pauta moral muito enrijecida. Quando a gente se depara com o presidente da República fazendo apologia às práticas de tortura do sistema militar, isso é algo muito sério e toda a sociedade precisa debater e se manifestar contra isso", critica.

No eixo da segurança pública, os manifestantes vão abordar, entre outros pontos, a vinda da Força Nacional para bairros de Cariacica. Padre Kelder diz que teme que a presença da Força gere um movimento inverso ao esperado e aumente a violência do Estado contra os mais pobres.

"Nós sabemos que questão da violência não vai ser radicada apenas com essa política de policiamento, essa política ostensiva desenvolvida no Brasil e em particular aqui no Espírito Santo. Temos o exemplo do Rio de Janeiro, que foi um exemplo trágico. Em nada diminuiu a violência. Pelo contrário, a violência cometida pelo Estado aumentou e aumentou e muito", comenta o sacerdote.

A mineradora Vale, citada no tema central da manifestação, foi procurada pela reportagem. Por nota, disse que, desde o rompimento da barragem I (B1), da Mina de Córrego do Feijão, a mineradora está dedicada a reparar de forma célere os danos em Brumadinho (MG) e outros municípios atingidos ao longo do rio Paraopeba, com ações que incluem indenizações, doações, assistência médica e psicológica, compra de medicamentos e segurança das estruturas, entre outras iniciativas.

"Após seis meses, a empresa já fechou os acordos definitivos para as indenizações individuais e trabalhistas, estruturou e executa repasses financeiros mensais a mais de cem mil pessoas, deu início às principais obras de remoção dos rejeitos e de recuperação ambiental, formalizou doações para a prefeitura e órgãos públicos estaduais, garantiu o cuidado dos animais e montou toda a estrutura de monitoramento da qualidade da água do rio Paraopeba", afirmou a Vale em nota.

A Vale garante que tem apresentado, desde o momento do rompimento da barragem, todos os documentos e informações solicitados e, como maior interessada na apuração dos fatos, continuará contribuindo com as investigações.

Padre Gabriel

Porto de Santana foi escolhido como local do ato para lembrar do assassinato do padre francês Gabriel Maire, que atuava no Espírito Santo, em 1989. O sacerdote era conhecido pelas lutas contra o crime organizado no Espírito Santo. O crime acabou prescrevendo em 2017, 28 anos após o homicídio.

O desembargador do Tribunal de Justiça (TJ-ES), Pedro Valls Feu Rosa, relator do caso na segunda instância, pediu desculpas por a Justiça não ter conseguido dar uma resposta.

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"Foi um dia de negação da minha profissão, da minha cidania, principalmente porque o caso não é o único, é só mais um entre tantos", lamentou.

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