Desde criança, Erian Carla Vieira recebeu todo carinho e dedicação da mãe, a aposentada Maria Luzia Fonseca Vieira, 54. Hoje, aos 34 anos, ela viu a oportunidade de retribuir o amor recebido em meio a um diagnóstico que abalou toda a família: Maria perdeu a visão devido uma retinose pigmentar.
Como forma de encarar as dificuldades, a paciente passou a correr. Erian foi uma das grandes incentivadoras e no último domingo (4) competiu ao lado da mãe, como guia, em Vitória. Juntas, elas ganharam o primeiro lugar na categoria, fazendo com que a filha fizesse um texto emocionado nas redes sociais: "Estou orgulhosa, toda boba", escreveu.
O CHOQUE DO DIAGNÓSTICO
De acordo com Erian, há cerca de dez anos Maria Luzia descobriu que sofria de retinose pigmentar. Desde então, ela foi perdendo a visão gradativamente. A notícia abalou toda a família não apenas por esse diagnóstico, mas também porque a dona de casa já sofria com depressão e o quadro agravou-se. Foi nesse momento que o esporte chegou na vida de Maria de forma transformadora.
"Primeiro veio aquele baque. Minha mãe dizia que não queria ser dependente de nós. Ela começou a frequentar a escola de braille. Mas dois anos após o disgnóstico que ela decidiu fazer esportes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), onde há pessoas com todos os tipos de deficiência. Foi aí que ela se encontrou", lembra.
A VOLTA POR CIMA: COMPETIÇÕES E VIAGENS
Maria começou a treinar, indo sozinha ao Ifes, e em pouco tempo já estava competindo dentro e fora do estado. Entre viagens e treinos, ela já coleciona quase 100 medalhas e 18 troféus.
"Há dois anos ela teve que parar a corrida por um tempo, após uma cirurgia no útero para a retirada de um mioma. Foi muito difícil para ela ficar parada, pois já tinha acostumado com a rotina de esportes. Com isso, ela ganhou peso. Mas há um mês e meio, já totalmente recuperada da cirurgia, ela retornou aos treinos. Foi quando me chamou para competir ao lado dela, como guia. Eu nunca tinha corrido ao lado da minha mãe e fazia tempo que não praticava esse esporte, mas por ela, eu aceitei o desafio", lembra.
MÃE E FILHA EM PRIMEIRO LUGAR
Mesmo sem saber se conseguiria completar os 9 km ao lado da mãe, Erian contou que disse "sim" porque sabia que com as atividades não apenas a parte física da mãe melhora, mas também a cabeça e o humor.
As duas passaram a treinar juntas e, mesmo recuperando-se de uma gripe, Erian estava ao lado de Maria na hora e dia combinado para a corrida da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES).
"Queria ser esse incentivo para ela. No começo, eu a avisei que não saberia se iria conseguir completar o percurso. Mas conforme a gente ia correndo, eu pensava 'por que não fiz isso antes?'. Foi muito bom, gratificante e emocionante correr ao lado da minha mãe, como gria", disse.
E a parceria deu certo. As duas ganharam em primeiro lugar na categoria Deficiente Visual Feminino após correrem da Praça do Papa até a Avenida Dante Michelini, em Jardim da Penha.
"Eu peguei o gostinho de ganhar medalha e essa foi a primeira de muitas corridas ao lado da minha mãe. Fiz tudo isso por amor. Mostrei para ela o quanto ela é capaz. Foi uma forma recompensar tudo que ela já fez por mim e minha irmã", contou.
No Facebook, Erian fez um desabafo e contou a história de amor e superação ao lado da mãe.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta