A espada que foi encontrada em fevereiro deste ano no fundo do Rio Cricaré também chamado de Rio São Mateus no Norte do Espírito Santo, foi analisada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que constatou que o objeto não possui características de um exemplar do século XVI e, portanto, não se trata de um artefato arqueológico possibilidade levantada por um historiador da região e por um perito paulista.
O órgão explica que após a conclusão do parecer técnico do Iphan, foi descartada a necessidade de recolhimento ou de depósito da espada em instituição habilitada para a guarda de material arqueológico, por se tratar o objeto de um exemplar do tipo "espada reta chinesa", artigo meramente decorativo e produzido em um período recente. O objeto foi devolvido ao banhista que encontrou.
O Iphan acrescentou, em nota enviada à reportagem do Gazeta Online, que não foram encontrados indícios suficientes para o registro como sítio arqueológico da localidade onde foi encontrada a referida espada, uma vez que não foram identificados vestígios e nem estruturas arqueológicas em campo.
RELEMBRE
A espada foi encontrada por um banhista no dia 17 de fevereiro, na parte do rio que fica na altura da localidade de Meleiras, em Conceição da Barra. Na época, o Gazeta Online conversou com o historiador Eliezer Nardoto, conhecido na região do município.
Ele explicou que um banhista relatou ter pisado em um objeto de ferro e, na intenção de retirá-lo do fundo do rio para ninguém se machucar, puxou o artefato com dificuldade e viu que era uma espada.
Em todo o tempo da espera pela análise do Iphan, Nardoto frisou que tudo era uma possibilidade. Um perito de São Paulo que tem uma fábrica de espadas foi até o local e disse que, pelas características, o objeto encontrado poderia ser do período Colonial, o que aumentou ainda mais a esperança e curiosidade do historiador e da população local.
A BATALHA DO CRICARÉ
A possibilidade levantada, do artigo ter sido utilizada na Batalha do Cricaré, no século XVI, não se confirmou. A Batalha do Cricaré foi a primeira de uma série de batalhas entre portugueses e índios brasileiros da região da Capitania do Espírito Santo. O fato aconteceu na confluência dos rios São Mateus e Mariricu, nas proximidades do então povoado do Cricaré, atualmente município de São Mateus.
O combate foi travado no ano de 1558 e tinha por objetivo livrar Vasco Fernandes Coutinho, donatário da Capitania do Espírito Santo, e seus homens, do risco de ataque dos nativos. Na ocasião, muitas pessoas morreram, e historiadores buscam mais informações sobre a batalha.
Segundo o escritor Thales Guaracy, que lançou o livro "A Conquista do Brasil", em 2015, a Batalha do Cricaré pode ter sido o maior genocídio da história do país. No livro, Guaracy conta que na batalha morreu Fernão de Sá, filho do terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá. E o escritor Maciel de Aguiar diz que a morte de Fernão para ele ocorrida em 1558 motivou um sentimento de vingança do pai.
De acordo com Maciel, Mem de Sá liderou uma esquadra e promoveu o primeiro genocídio de brasileiros, com cerca de 8 mil índios mortos, em São Mateus.
O que fazer ao encontrar um objeto aparentemente antigo?
O procedimento correto ao encontrar um objeto possivelmente arqueológico é realizar imediatamente contato com o Iphan ou com a instituição de guarda local e que esta possa entrar em contato com o instituto.
Não deve ser realizada retirada de objetos ou escavação, pois isso compromete a integridade do sítio arqueológico, que é composto não só pelos artefatos, como também pelos extratos do solo e resíduos ambientais. Esses elementos contribuem para a datação relativa ou absoluta do sítio, entre outras informações relevantes para a pesquisa arqueológicas, como o tipo de ocupação que havia no local.
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