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MPES notifica prefeito de Vila Velha sobre edificações irregulares

MPES notifica prefeito de Vila Velha sobre edificações irregulares

A notificacação foi feita pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por conta de um projeto de lei classificado pelo órgão como inconstitucional, aprovado pela Câmara de Vereadores em julho deste ano

Publicado em 21 de agosto de 2019 às 23:17

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Ministério Público notificou prefeito de Vila Velha sobre anistia de edificações do município. (Chico Guedes - GZ)

O prefeito de Vila Velha, Max Filho, foi notificado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) nesta quinta-feira (8) para não sancionar um projeto de lei no município que anistia edificações irregulares. A notificacação foi feita por conta de um projeto de lei classificado pelo órgão como inconstitucional, aprovado pela Câmara de Vereadores em julho deste ano.

De acordo com o MPES, o projeto viola limitações estabelecidas pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, Código de Obras e de Posturas ao permitir a anistia de edificações urbanas consideradas irregulares. O prefeito tem um prazo de dez dias para dizer se vai acatar a recomendação ou não.

ENTENDA

A notificação recomendatória explica que Vila Velha possui uma lei que possibilita que os proprietários de edificações que estão irregulares — sem a anuência revista na legislação municipal atual — possam pedir a regularização do imóvel perante a prefeitura com a simples abertura de um requerimento e pagamento.

Entretanto, o MPES diz que a permissão não é aceitável porque a lei não exige que os proprietários adequem o imóvel às regras urbanísticas locais. A referida lei, entretanto, foi alterada, e agora é possível que o dono da edificação regularize imóveis construídos em desacordo com as legislações urbanísticas de 23 de agosto de 2013 para a data de 04 de maio de 2016.

PROJETO FOI APROVADO EM JULHO

O texto do projeto de lei que foi aprovado este ano pretende revogar as leis anteriores, passando a dispor sobre a possibilidade de regularização das edificações inalterando o objeto. A nova lei, portanto, praticamente terá como função a possibilidade de regularização dos imóveis irregulares construídos até a data de 12 de novembro de 2018.

O MPES argumentou que esse tipo de legislação prejudica extremamente o ordenamento público do município e a qualidade de vida dos capixabas que moram em Vila Velha e destaca, ainda, os prejuízos Pa cidade e o aumento da especulação mobiliária.

"Isso porque, permite que edifícios construídos fora dos padrões legais e urbanísticos, possam, a partir de um requerimento à administração e pagamento de compensação financeira, ser considerados legais e tolerados", pontua o órgão.

Ainda de acordo com o MPES, o próprio poder público cria uma "cultura de irregularidade", de desrespeito generalizado da lei, permitindo que os proprietários possam construir imóveis fora dos padrões exigidos, já que existiria a possibilidade de regularizar as edificações perante à administração municipal através da edição das leis em vigor.

VIOLAÇÃO

Além das inconstitucionalidades e ilegalidades, o MPES ainda destacou a violação ao §4º do art. 40 do Estatuto da Cidade, em virtude da ausência de participação popular e de transparência na discussão do projeto de lei nº 017/2019. O órgão pontua que a violação também ocorreu na alteração legislativa de 2016, reforçando o caráter obscuro do processo legislativo que se repete.

O MPES salienta que a notificação recomendatória faz parte do Inquérito Civil Público instaurado pelo MPES. Caso a recomendação não seja acatada, o prefeito e os vereadores podem ser alvos de ação civil pública.

O QUE DIZ A PREFEITURA

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Acionada pela reportagem do Gazeta Online, a a Prefeitura Municipal de Vila Velha, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade (Semdu) informou que a notificação foi encaminhada para a Procuradoria Geral do Município para análise e manifestação.

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