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A impressão que fica: histórias de funcionários da gráfica de A Gazeta

A impressão que fica: histórias de funcionários da gráfica de A Gazeta

Profissionais das áreas de impressão e distribuição relembram momentos marcantes da rotina do jornal

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 07:58

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A meta de Raquel Lopes é concluir o curso de Engenharia de Automação e estudar ou trabalhar fora do país. (Carlos Alberto Silva)

Os profissionais que fazem a impressão e distribuição de A Gazeta garantem, com esmero e carinho, que o jornal chegue todos os dias aos capixabas. É assim há décadas. No entanto, como consequência da transformação digital pela qual A Gazeta está passando, os funcionários do Parque Gráfico, responsáveis pela impressão, montagem e distribuição, hoje se despedem da empresa.

É um momento de virada de chave e também de reconhecimento. Afinal, esses homens e mulheres são parte importante da trajetória da Rede Gazeta, assim como o jornal se tornou um capítulo decisivo da vida de cada um deles.

Com 32 anos de trabalho na Rede, Leandro Marçal, 51, tem uma história ainda mais longa com a empresa. Ele é a segunda geração da sua família a trabalhar com o impresso. Aos 11 anos, Marçal já acompanhava o pai, Aldemiro Braga, como vendedor e expedidor de jornais. Em 1987, chegou a vez dele de construir a sua história, quando foi contratado para trabalhar montando o jornal à mão.

Depois de anos nessa função, Leandro começou a trabalhar, em 1995, com o tratamento da imagem. Era responsável pela qualidade das cores e por como elas ficariam impressas no jornal.

Ele se lembra desde a quantidade de páginas dos Classificados do primeiro jornal que montou até o código da impressora digital: “Eu saio com a sensação de dever cumprido, sabendo que dei sempre o meu melhor e tendo a Rede Gazeta como segunda casa.”

Marçal conseguiu dar a entrada na aposentadoria e vai aproveitar a família e curtir os filhos, Diego e Alicia. Marçal também tem novos planos e duvida que vá ficar parado. “Vou aproveitar que sempre tive o sonho de ter um caminhão, mas conversando com a minha família decidimos que seria melhor ter uma van, então readaptei o sonho. Ainda estamos pensando, mas quem sabe!”

Luiz Carlos Concha também já está aposentado, mas continuou trabalhando e não pretende parar. Passou 28 dos seus 75 anos de vida em A Gazeta: começou como supervisor de vendas e hoje é coordenador de plataforma. Sua responsabilidade é garantir que o jornal saia para entrega sem imprevistos e chegue em todos os cantos do Estado sem atrasos.

Antes de trabalhar na Rede, Concha já estava ligado às notícias de uma outra forma: atuava em uma distribuidora. Quando as sedes dos jornais do Estado ainda ficavam todas no Centro de Vitória, ele percorria o bairro para buscar os impressos e conduzi-los à entrega. Encontrou-se no trabalho em A Gazeta, por isso acabou ficando na posição mesmo depois da aposentadoria.

Primeira mão

Leitor ávido, Concha sempre gostou de poder ter as manchetes em primeira mão, quando o jornal sai quentinho da gráfica.

Fora do horário de trabalho noturno, curte os netos de 5 e 10 anos que costumam almoçar na sua casa, mas também lê jornais e livros e fica ligado na televisão. “A gente que trabalha em jornal fica viciado nessa coisa de acompanhar notícia. Você pode até sair do negócio, mas o negócio não sai de você. Não posso passar por uma banca de jornal sem dar uma olhada”, diz.

Concha está se habituando aos poucos às mídias digitais. Tem uns 650 livros em casa, mas nenhum celular. Nem ele, nem a esposa. “Agora vou comprar dois, um para mim, outro para ela. Não tem mais jeito!”, afirma. Ele tem certeza que vai conseguir se adaptar. “A gente acompanha as mudanças do mundo”, relata.

Mesmo aposentado há 8 anos, Concha não quer ficar parado. Pensa em voltar a trabalhar como corretor imobiliário, função já exercida antes. Também já atuou como vendedor, mas o ramo do jornalismo foi o que o conquistou de fato.

"Você sente que está levando uma coisa boa para as pessoas, que edifica, que faz o bem. Uma pessoa que lê é rica de conhecimento e se adapta a qualquer mudança" - Luiz Carlos Concha, coordenador de plataforma do Parque Gráfico de A Gazeta. (Carlos Alberto Silva)

“O que eu acho agradável é que você sente que está levando uma coisa boa para as pessoas, que edifica, que faz o bem. Mesmo na era digital, as pessoas ainda estão preocupadas com o hábito de leitura, porque uma pessoa que lê é rica de conhecimento e consegue se adaptar a qualquer mudança”, diz Concha.

Enquanto Concha e Marçal dedicaram anos da sua vida às impressões de A Gazeta, Raquel Ururahy Lopes, 24, está ainda no começo da sua carreira na engenharia. Ela começou há dois anos na empresa como estagiária e, depois de um semestre, foi efetivada como técnica de eletroeletrônica.

Primeiros passos

Quando o maquinário que imprime o jornal exibe algum problema no funcionamento, é ela quem resolve. Por isso, Raquel precisa estar presente durante todo o processo de impressão, que começa por volta de meia-noite e segue madrugada adentro, até as 2h ou 3h. Ela é a única mulher no setor técnico do Parque Gráfico de A Gazeta.

Durante a noite, a técnica também frequenta o curso de Engenharia de Automação, das 18 às 22h. Capixaba de Guarapari que hoje mora na Serra, Raquel está no terceiro período do curso, e a principal meta para o futuro é concluir a graduação. “Um dia, porque engenharia é assim, você nunca sabe quando vai terminar”, brinca.

Ela também sonha em fazer pós-graduação, mestrado e, um dia, estudar ou trabalhar fora do país. Sempre teve o desejo de unir os conhecimentos da engenharia à medicina na produção de próteses mecânicas para o corpo humano, uma atividade ainda incipiente no Brasil.

Parceiras

O que mais marcou Raquel nos dois anos de trabalho em A Gazeta foi a parceria com um antigo supervisor do setor elétrico do parque gráfico. “Ele conhece tudo dessas máquinas porque participou da montagem de todo o sistema elétrico delas. Foi como um pai para mim, se eu tinha qualquer dúvida ele sempre parava tudo para me explicar quantas vezes fosse necessário… Mesmo agora, aposentado, ele ainda te responde se você precisar no horário que for”, ela conta, sorrindo.

Já José Alonso Alves, de 54 anos, acumulou 37 na Rede e até brinca que tem mais tempo de Gazeta do que de casado. São 35 anos com a esposa, Vanderléia, com quem teve três filhos: Layon, Victor e Thiago.

Alonso passou toda a sua vida profissional dentro da Gazeta, atuando como entregador, expedidor e, por último, como impressor. Para ele, fazer parte da história da empresa é motivo de muito orgulho e ele não esconde a gratidão.

“Durante todos esses anos, mudamos o lugar de trabalho, mudamos de standard para tabloide, mudamos as configurações e o tamanho do jornal e muitas outras coisas. Mas sempre nos adaptamos para entregar qualidade para o leitor. Acho que esse é o mais importante: a gente nunca deixou um jornal sair sem qualidade.”

Aposentado há dois anos, o impressor ainda não sabe o que esperar do futuro, mas afirma que a saudade vai ser grande.

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“São muitos momentos vividos e compartilhados, e também muitas dores. Se eu tenho uma certeza é que vai ser uma barra quando aquelas luzes se apagarem, mas saio com o sentimento de dever cumprido e muito grato à Rede Gazeta”, ressalta José Alonso.

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