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Alojamento de mães e bebês é reinaugurado em presídio de Cariacica

Alojamento de mães e bebês é reinaugurado em presídio de Cariacica

O novo alojamento do Centro Prisional de Cariacica tem capacidade para abrigar 11 mães com seus bebês. A solenidade foi realizada na tarde desta quarta-feira (18)

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 20:15

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Reinauguração do alojamento materno-infantil do Centro Prisional de Cariacica. (José Renato Campos)

O novo alojamento materno-infantil do Centro Prisional Feminino de Cariacica foi reinaugurado na tarde desta quarta-feira (18). O local tem capacidade para abrigar 11 mães e 11 bebês. De imediato, apenas duas mulheres com seus bebês vão ocupar o espaço.

Alojamento de mães e bebês é reinaugurado em presídio de Cariacica

O novo alojamento conta com cinco dormitórios, todos com banheiro, duas salas de atividades e um local para banho de sol. O espaço tem nova pintura, cenários com temas infantis e acessórios que renovaram o ambiente.

Uma das detentas que passou pelo alojamento do Centro Prisional de Cariacica e esteve presente na inauguração do novo espaço é Daniela Cardoso. Ela foi detida em fevereiro do ano passado, por associação ao tráfico de drogas e descobriu que estava grávida dentro da penitenciária.

“A princípio eu fiquei muito aflita. Bateu um desespero, eu pensava como iria ser, como eu iria fazer. Eu não conseguia enxergar algo bom, mas depois tudo isso foi mudando dentro de mim. Deus me deu força. Mas foi muita aflição dentro de mim. De princípio eu não conseguia nem ficar feliz”.

Daniela revelou que a oportunidade de trabalho e o cuidado oferecido pelo Centro Prisional foram as chaves para ela começar a enxergar a situação de um outro jeito.

“A partir do momento que eu comecei a ter oportunidade aqui, porque na minha gestação eles deram oportunidade pra eu trabalhar. Tinha todo um cuidado, e eu comecei a perceber que Deus preparava as pessoas para cuidar de mim. E aquilo começou a mudar”.

A Lei de Execuções Penais garante a permanência dessas crianças em presídios por no mínimo seis meses e/ou até os sete anos de idade, quando há estrutura para creche. É o Poder Judiciário quem delibera sobre a guarda provisória dessas crianças. Na unidade de Cariacica as crianças podem ficar com as mães até completar dez meses.

A partir do momento que o bebê nasceu, Daniela afirmou que a ideia de separação da sua filha foi algo que a atormentou.

“A minha maior dificuldade foi o momento que eu ficava pensando na separação (do bebê), que a minha filha teria que ir embora e eu teria que ficar, porque a gente acaba criando um vínculo muito forte”.

A filha de Daniela deixou o alojamento do presídio em julho deste ano e desde então está vivendo com a avó paterna. A interna disse que a fé em Deus a fez ter forças para superar a separação.

“Quando ela já estava com cinco meses eu já ficava pensando, eu chorava, eu ficava muito preocupada, deu seis meses e eu pedia tanto a Deus que fosse feita a vontade dele, e eu comecei a buscar força em Deus”.

A diretora do Centro Prisional Feminino de Cariacica, Graciele Sonegheti Fraga, revelou que as internas e os bebês, por serem novos, não terão muitas atividades. No entanto, ela garantiu todo o apoio médico aos bebês e às mães.

“Como os bebês são muito pequenos a gente não consegue fazer muitas atividades. Eles têm toda assistência de saúde, e o psicólogo e o assistência social acompanham diretamente a mãe nesses tratamentos”.

A vice-governadora, Jaqueline Moraes, esteve presente na reinauguração do alojamento e falou sobre a humanização do novo espaço.

“É um ambiente que traz a humanização necessária para que essas mulheres que estão aqui no sistema prisional. Reeducando-as, estão fazendo cursos, mas aquelas que estão com os seus bebês elas possam ter um espaço humanizado e bonito, e mostre, verdadeiramente, a força do voluntariado”.

Exposição fotográfica

A reinauguração também contou com uma exposição fotográfica dos bebês que passaram pelo berçário. As fotos fazem parte do projeto "Da gestação para a vida", que consiste em um ensaio fotográfico do tipo newborn. A primeira ação do projeto teve início em março de 2019. A fotógrafa Luana Andrioli foi convidada pela unidade prisional a participar da ação. As fotos contam sempre com diversos cenários, brinquedos e roupinhas para deixar o registro ainda mais especial.

Daniela e filha em ensaio fotográfico do projeto "Da gestação para a vida". (José Renato Campos)

Mãe de outros quatro filhos, Daniela foi uma das internas agraciadas com um ensaio fotográfico. Ela revelou a aflição que sentiu ao existir a possibilidade de não ter um registro fotográfico com a sua caçula. Mas após receber a notícia do projeto "Da gestação para a vida" tudo foi alegria.

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“Isso me entristecia. Eu falava: essa é a única gestação que não vou ter foto. E nem imaginava que eu ia ter uma foto dela pequenininha, essa era uma preocupação que eu tinha. Quando veio a notícia que eles iriam tirar a minha foto eu nem acreditei. Teve todo um preparo e foi muito além do que eu imaginava". comemorou a interna. 

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