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Amigas descobrem câncer juntas e ajudam outras mulheres no ES

Amigas descobrem câncer juntas e ajudam outras mulheres no ES

Ao serem diagnosticadas com câncer, duas amigas capixabas decidiram criar uma rede de apoio voltada para mulheres vítimas da mesma doença

Publicado em 7 de setembro de 2019 às 21:21

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Após câncer, amigas criam projeto para ajudar outras mulheres. (Projeto Borboletas )

Transformar dor em solidariedade. Foi com essa ideia que duas amigas capixabas, ao serem diagnosticadas com câncer, decidiram criar uma rede de apoio voltada para vítimas da mesma doença. As duas descobriram o tumor na mesma época, no início de 2019, e após meses de tratamento criaram o projeto Borboletas, que oferece orientações médicas, carinho e dias de beleza para mulheres vítimas de câncer. 

PRIMEIRO DIAGNÓSTICO

De acordo com a secretária de Assistência Social da Prefeitura de Vitória, Iohana Kroehling, em fevereiro de 2019 ela descobriu um câncer de mama após fazer um exame periódico anual. 

"A médica disse que eu tinha um nódulo. Imediatamente fiz todos os procedimentos necessários. Fiz a biópsia e, cinco dias, depois veio o resultado de que eu estava com câncer de mama. Meu chão caiu, foi muito difícil. Mas respirei fundo e entendi que tinha que ser proativa para manter uma vida de qualidade".

Nesse momento, Iohana foi encaminhada ao mastologista e agendou uma cirurgia. Foi detectado que o câncer estava em fase inicial e que era possível fazer um procedimento que não seria tão invasivo, conservando a mama.  

"Por isso a importância de fazer exames periodicamente. Fiz a retirada do tumor dias depois e, em seguida, iniciei logo a quimioterapia. Entrei em pânico. É um processo muito difícil. você perde os cabelos, tem efeitos colaterais severos, enjoos, reações alérgicas, frustração, cansaço, medo (choro). Eu me emociono porque hoje (04) termino todo processo quimio, o que pra mim é uma vitoria. Olho para trás e vejo que venci", comemora. 

SEGUNDO DIAGNÓSTICO

Além do tratamento médico, Iohana afirma que o que contou muito para a recuperação foi o grande apoio que recebeu da família e dos amigos. Uma delas era foi a secretária de Governo da Prefeitura de Vitória, Elisabeth Endlich, de 56 anos. As duas são amigas há 20 anos.

As amigas durante um passeio que fizeram em Guarapari, em 1996. (Acervo pessoal)

O que elas não imaginavam era que as duas enfrentariam a mesma batalha contra um câncer. Em março deste ano Elisabeth teve um sinal de alerta: um sangramento. Muito preocupada, ela procurou um médico, fez exames e descobriu vários nódulos no endométrio - tecido que reveste o interior do útero. 

"Fui em vários médicos, um deles perguntou se eu acreditava em Deus e falou para buscá-lo. Aquilo me assustou muito. Depois do diagnóstico fiquei cinco dias de luto. Eu não comia, não saía, não falava. Mas comecei a orar, fiz um texto nas redes sociais dando a notícia, desabafei, e recebi tanto carinho, orações, energia positiva, que isso me fortaleceu", lembra Elisabeth. 

Em maio ela passou por uma cirurgia de oito horas, onde retirou o útero, os ovários e as trompas. Depois, ficou três dias na UTI. Agora, ela está focada em cuidar da saúde, melhorou a alimentação, faz exercícios e passou a ver a vida de outra forma.

"Quando a Iohana descobriu o câncer, dei todo apoio. Quando foi comigo, ela fez o mesmo. Isso nos dá força, nos conecta à vida. É uma ajuda mutua. Hoje, depois de tudo, eu não penso mais em brigar, não me incomodo com qualquer coisa. Só me importa a alegria, a convivência e a dádiva  por um dia de vida.

REDE DE SOLIDARIEDADE

Após câncer, amigas criam projeto para ajudar outras mulheres. (Projeto Borboletas)

Após enfrentarem essa batalha, as duas amigas sentiram que precisavam retribuir todo apoio que receberam ajudando, de alguma forma, outras mulheres vítimas de câncer.

"Quando conversamos e percebemos que as duas queriam fazer algo, foi emocionante. Passamos esses meses pensando no que fazer para ouras mulheres vítimas, considerando nossas experiências. Sempre nos apegamos ao amor, amizade, superação e a auto estima. Cheguei a participar de um projeto de automaquiagem e beleza. O câncer abala muito a auto estima e vi o quanto aquilo foi importante para mim. Foi quando tive a ideia de fazer o mesmo", lembra Iohana.

E a rede de apoio não ficou apenas no quesito beleza. Elas criaram parcerias com médicos, psicólogos e profissionais da educação física que se voluntariaram para ajudar no projeto Borboleta. O nome foi escolhido por simbolizar a transição de uma vítima diagnosticada até o momento da cura. Assim, como a metamorfose de lagarta para borboleta dentro do casulo.  

Amigas fazem broches com borboletas de crochê para vender e arrecadar fundos. (Projeto Borboletas)

"Já tivemos dois encontros com mulheres vítimas de câncer, onde, além de dicas de beleza, recebem apoio e orientações médicas. Nossa ideia é crescer ainda mais esse trabalho, fazendo doações de kits beleza e oferecendo auxílio de uma equipe multidisciplinar para as que não possuem condições financeiras", conta Iohana.

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Todo o projeto foi bancado financeiramente pelas amigas. Mas para conseguir expandir isso, elas agora fazem broches com borboletas de crochê para vender e arrecadar dinheiro. Para isso, elas pedem doações de materiais de costura. O contato com as amigas, é pelo perfil no Instagram projeto.borboleta2019.

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