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Mulher perde braços e pernas e faz campanha para ter próteses no ES

Mulher perde braços e pernas e faz campanha para ter próteses no ES

Campanha começou em março do ano passado e já conseguiu aproximadamente 64% do valor necessário

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 17:58

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Lucélia Barros Sales. (Acervo Pessoal)

“R$ 1 de 245 mil pessoas”. Com essa ideia transformada em slogan, Lucélia Barros Sales tenta arrecadar o valor milionário necessário para comprar quatro próteses. A campanha começou há 18 meses e já juntou a maior parte do dinheiro. No entanto, ainda faltam exatos R$ 87.764,99 para que a meta seja atingida e ela possa voltar a viver como antes.

Mulher perde braços e pernas e faz campanha para ter próteses no ES

Em julho de 2017, Lucélia descobriu que sofria de uma doença crônica autoimune e ficou em coma por duas semanas. Quando reacordou, ela precisou ter quatro membros amputados: mão esquerda, parte do pé esquerdo, braço direito e perna direita. Desde então, ela depende da ajuda da família para realizar atividades básicas do dia a dia.

“Eu sempre gostei do meu quarto arrumado, mas hoje não consigo esticar o edredom ou tirar a poeira do móvel sozinha. Fora a minha intimidade que está totalmente aberta para o meu namorado e para a minha mãe, porque preciso da ajuda deles para ir ao banheiro, por exemplo. É muito ruim, muito constrangedor”, resume.

Conseguir arrecadar os R$ 245 mil, então, também significa alcançar uma independência perdida repentinamente. O valor é referente a um pacote com as quatro próteses, que são produzidas apenas na Alemanha e importadas pelo Estados Unidos da América (EUA). Como o orçamento foi fixado e congelado em 2017, a meta é pagá-lo até o final do próximo mês de dezembro.

“Eu vou pagando conforme arrecado. Quero terminar tudo ainda este ano, até para quem me ajuda ver o resultado. Por isso também faço prestação de contas de quanto foi arrecadado e de quanto falta. Assim, fica tudo transparente e a campanha não perde o propósito. Não quero usar essa minha história trágica para arrancar dinheiro das pessoas”, garantiu.

No último dia 30 de agosto, Lucélia divulgou um vídeo nas redes sociais e informou que R$ 157.235,01 já foram arrecadados – valor equivalente a aproximadamente 64% do total. Com esse dinheiro já foi possível adquirir a prótese do braço direito, que agora está tendo o uso ajustado por meio de reabilitações e fisioterapias diárias.


“É um processo muito demorado. Já faz mais de um ano que comprei e ainda não estou com ela em casa. Nos últimos testes que fiz, consegui pegar celular, chave, copo d’água. Porém, ainda não consigo flexionar o braço por causa de um encaixe que não está completamente feito e o médico já me disse que não tem como pular etapas, porque pode ser prejudicial no futuro”, explicou.

A expectativa para usar a prótese, no entanto, é grande. “Quando eu fico pilhada, eu penso em tudo que já passei e que no começo achava difícil, mas, mesmo assim, é pura ansiedade”, confessa. Em relação ao uso definitivo, ela disse que não existe uma data específica. “Eu parei de perguntar para não me frustrar, mas tem que ser este ano, pelo amor de Deus!”, brincou.

Além da prótese do braço, Lucélia também já conta com a do pé esquerdo e a da perna direita, que foi doada pelo Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes). O modelo, porém, é de 1950 e pesa mais de 2 kg. “Ando bem com ela, mas estamos em busca de uma melhor, com mais estabilidade, principalmente por causa dos desníveis das calçadas e ruas”, explicou.

PEREGRINAÇÃO E RIFAS

Para divulgar a campanha, Lucélia viaja para alguns municípios do Espírito Santo. As últimas cidades visitadas foram Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Mantenópolis, Alto Rio Novo, Marechal Floriano e Domingos Martins. Na semana passada, ela esteve em Colatina e recebeu o apoio do 8º Batalhão da Polícia Militar, que compartilhou um vídeo com ela nas redes sociais.

Também para tentar aumentar a arrecadação, já foram feitas duas “ações entre amigos”. Cada uma sorteou uma bicicleta, que foram doadas para Lucélia, que faz parte de um grupo de pedal. No dia 21 de dezembro, a Loteria Federal fará o terceiro sorteio, que tem como prêmios uma TV de 50 polegadas, um micro-ondas e um ventilador.

A LUTA E O NÚMERO 20

No dia 10 de julho de 2017, Lucélia sentiu uma dor no estômago e chegou a ir ao pronto socorro. Os sintomas, porém, não passaram e na noite seguinte ela retornou ao hospital, onde ficou internada por quase dois meses. No dia 14 de julho, ela entrou em coma e foi levada para a UTI, situação que perdurou duas semanas.

Durante esse período, os médicos realizaram exames, avaliaram o histórico de Lucélia e descobriram o que ela tinha: colangite esclerosante primária, uma doença crônica autoimune caracterizada por inflamações nas vias biliares do fígado. O quadro, no entanto, se agravou, gerou uma infecção generalizada e culminou na amputação dos quatro membros.

Ex-coordenadora administrativa financeira de um shopping de Vila Velha, cidade onde mora ainda hoje, ela perdeu a mão esquerda no dia 31 de julho. Três dias depois, o braço e o pé esquerdo foram amputados. Mais seis dias se passaram, e ela teve a perna direita amputada. Tudo, portanto, em um intervalo de apenas dez dias.

E onde entra o número 20 nessa história? Lucélia explica: “Eu foco sempre no meu número, o número 20. Esta era a chance que os médicos disseram que eu tinha de sobreviver: 20%”. Superado esse primeiro – e essencial – desafio, fica o aprendizado. “Aprendi a conviver melhor com a diferença, a respeitar mais os outros e a praticar mais a humildade”.

EXEMPLO PARA MUITA GENTE

Coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Ayrton Senna, em Colatina, no Noroeste do Estado, Luciana relembrou como foi dolorosa a situação pela qual a irmã mais nova passou. “De início foi um choque. Fazia uns seis meses que nosso pai havia falecido e ainda estávamos nos recuperando. Foi angustiante pensar que poderia perdê-la também”.

O sentimento de angústia, hoje, é substituído pelo de orgulho. “Eu, no lugar dela, não seria capaz de agir da maneira como ela está agindo. A cabeça dela é muito boa e ela tem uma vontade de viver muito grande. É um exemplo para mim e tenho certeza que para muitas outras pessoas também. É um misto de orgulho e gratidão”, disse Luciana, bastante emocionada.

COMO AJUDAR

Quem quiser colaborar com a campanha de Lucélia tem duas opções: doar qualquer quantia ou comprar a rifa, no valor de R$ 5. Quem escolher o primeiro caminho, basta depositar ou transferir o valor direto na conta poupança dela (dados abaixo). Já quem optar pelo segundo, deve procurá-la por meio do telefone ou do WhatsApp, no número (27) 9 9857-9656.

DADOS BANCÁRIOS

Banco: Caixa Econômica Federal

Agência: 3025

Conta Poupança: 1576-4

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CPF: 054.519.427.06

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