O reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Reinaldo Centoducatte, afirmou que não foi informado oficialmente por nenhum órgão do governo sobre a retomada das bolsas na instituição. O Ministério da Educação (MEC) anunciou, nesta quarta-feira (11), que vai desbloquear pouco mais de três mil bolsas de pós-graduação das universidades públicas brasileiras.
"Nós não temos, ainda, nenhuma sinalização oficial por parte do Ministério da Educação ou qualquer órgão governamental de solução naquilo que foram os cortes que a universidade sofreu. Os cortes continuam. Temos notícias da imprensa, esperamos que o mais rapidamente possível, se realmente vai haver descontingenciamento e desbloqueio, para gente fazer uma nova reprogramação dos nossos cortes", afirmou.
De acordo com o anúncio do governo federal alguns dos programas de pós-graduação mais bem avaliados (notas 5, 6 e 7) pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) serão contemplados com o desbloqueio das bolsas. A Capes avalia os programas com nota igual ou superior a 3, podendo ir até 7. A Ufes possui cursos avaliados com nota 5.
Centoducatte criticou a forma de distribuição das bolsas, alegando afetar a grande maioria dos programas de pós-graduação do país.
"Eu vi a notícia do Ministério da Educação há pouco e que são bolsas da Capes para programas nota 5, 6 e 7. Eles não retiraram os cortes. Essas bolsas eram bolsas do sistema que estão sendo redistribuídas de uma nova forma, mas os cortes nos programas 3 e 4 continuam e eles vão afetar grande parte da pós-graduação brasileira, porque a pós-graduação brasileira é recente, e você abre um curso com a nota 3, depois você vai passar num processo de avaliação pra 4, depois pra 5, 6 e 7".
Temor de queda
O reitor da Ufes disse não ter como dizer com convicção como a universidade vai ficar após os cortes sofridos, porém prevê um futuro nebuloso para as instituições públicas de ensino superior do país.
"É algo que não dá para responder. Para construir, é difícil, tem que ter tempo de maturação; mas para destruir, é num piscar de olhos, rapidamente você destrói aquilo que foi construído. Então, as universidades que fazem parte de um patrimônio nacional estão em risco de desestruturação, de desqualificação, porque não consegue ter os recursos suficientes para manter as suas atividades", afirmou.
Em julho, o Ministério da Educação apresentou o programa Future-se, uma proposta que visa firmar parceria entre a União, as universidades e organizações sociais. Além disso, estimula as instituições a captar os seus próprios recursos. Questionado sobre a possibilidade da Ufes aderir o projeto do MEC, que ainda não está em vigor, o reitor da universidade afirmou que o tema será debatido. Centoducatte, no entanto, teceu críticas ao programa.
"Isso é uma questão em discussão, nós vamos discutir. É um programa que não tem clareza, ainda é muito cedo para se falar qualquer coisa em relação a esse programa como instrumento de solução do financiamento das universidades".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta