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Espírito Santo tem dois bilionários e quase 20 mil milionários

Espírito Santo tem dois bilionários e quase 20 mil milionários

Número de milionários cresce no Estado, mesmo em ano de crise. Fortuna dos cinco mais ricos equivale ao patrimônio dos 338 mil capixabas mais pobres

Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 22:01

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(Montagem)

Apesar da crise financeira e da queda do PIB capixaba, o número de ricos no Espírito Santo cresceu de 2016 para 2017. Segundo dados das declarações de renda do ano passado, o Estado conta com duas pessoas com patrimônio bilionário e outras 19.212 que possuem bens, títulos e contas a receber acima de R$ 1 milhão.

O número de novos capixabas ricos aumentou de 2016 para 2017 em 2.130 pessoas, já que no ano anterior o número de milionários era de 17.082. O capixaba mais rico em 2017 possuía um patrimônio de R$ 1,612 bilhão, de acordo com a Receita Federal. Por questão de sigilo, o órgão não divulga o nome dos  contribuintes. O outro bilionário da lista somava R$ 1,080 bilhão em seu nome.

Somados, os cinco maiores patrimônios de pessoas físicas chegam a R$ 4,080 bilhões, o que corresponde a 3,73% do PIB capixaba, que, de acordo com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), está em R$ 119 bilhões.

 

5 MAIS RICOS GANHARAM QUASE O MESMO QUE 338 MIL MAIS POBRES

No ranking das maiores rendas, aquilo que o contribuinte recebeu ao longo do ano, quem mais faturou em 2016, já que a declaração do ano passado corresponde aos valores do ano anterior, recebeu R$ 89,285 milhões no ano, algo em torno de R$ 7,4 milhões por mês.

Comparado com o total de rendimentos dos contribuintes, R$ 13,4 bilhões, a renda dos mais ricos equivale a 2,09% de tudo que recebeu as outras pessoas que declararam ao Leão. O número leva em consideração as 576,8 mil declarações entregues à Receita Federal.

O vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Eduardo Araújo, destaca que a renda das 338 mil pessoas mais pobres, que ganham nenhum ou até meio salário mínimo, equivalente a R$ 297,1 milhões, é próxima do valor somado do que faturou os cinco mais ricos em 2016, que chega a R$ 281,4 milhões.

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É fato que tivemos avanços sociais nos últimos anos que permitiram reduzir pobreza e concentração de renda. Mas esse ciclo chegou ao fim. Agora temos novos desafios para corrigir o problema da desigualdade social. O recurso público está escasso e o avanço das contratações ainda é lento. Os gestores públicos precisam escolher as políticas mais eficientes de combate da pobreza. É fundamental uma tributação mais justa e que seja capaz de melhorar o ambiente de negócios

Eduardo Araújo, vice-presidente do Corecon
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JURO ALTO POTENCIALIZOU INVESTIMENTOS DOS MAIS RICOS

Um dos motivos para o crescimento de milionários no Espírito Santo é a taxa de juros de 2016, que se manteve em 14,15% durante boa parte do ano. É essa a explicação encontrada pela economista e professora da Fucape Arilda Teixeira. Para ela, a crise fez com que muitos empresários congelassem o investimento no capital de suas empresas para explorar rendas com boas taxas de rentabilidade.

“Com a economia parada, aqueles que têm mais recursos, os mais ricos, colocaram seu dinheiro nos ativos financeiros, tanto em títulos públicos como os privados. Ou seja, quem era rico, ficou mais rico. A crise não fez tanta diferença para a rentabilidade dos donos de empresas, suas marcas podem ter deixado de investir, mas eles mantiveram a renda deixando o dinheiro aplicado”, analisa a economista.

Arilda destaca que o dado aponta para a alta concentração de renda em pequenos grupos no país. Ela vê como origem deste comportamento a deficiência do sistema de ensino brasileiro.

“Claro que há desdobramentos, mas o principal fator para a concentração da riqueza é a ineficiência da educação básica, que produz analfabetos e mal alfabetizados, que não vão conseguir encontrar emprego ou vão se empregar em trabalhos mal remunerados. O que falta não é nem maior investimento em educação, mas sim o melhor uso destes recursos”, conta.

OS MAIS RICOS DO BRASIL E DO MUNDO

Jorge Paulo Lemann. ( Divulgação)

 A concentração de riqueza também é tendência na economia nacional. Segundo relatório da Oxfam, divulgado na semana passada, o país ganhou 12 novos bilionários no ano passado, passando de 31 para 43. O número não inclui os bilionários capixabas, já que o relatório mede os patrimônios em dólares americanos.

Os cinco brasileiros mais ricos contabilizam US$ 85 bilhões, cerca de R$ 268,6 bilhões. São eles os empresários Jorge Paulo Lemann (da AB Inbev e dono de US$ 29,2 bilhões), Joseph Safra (do banco Safra e dono de US$ 20,5 bilhões), Marcel Herrmann Telles (da AB Inbev e dono de US$ 14,8 bilhões), Carlos Alberto Sicupira (da AB Inbev e dono de US$ 12,5 bilhões) e Eduardo Saverin (sócio do Facebook e dono de US$ 7,9 bilhões).

A fortuna do quinteto representa o patrimônio de 103 milhões de pessoas, ou seja, 49,6% da população brasileira.

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Já entre os mais ricos do mundo, o topo do ranking está nas mãos de Jeff Bezos (fundador da Amazon), Bill Gates (fundador da Microsoft) e Warren Buffett (investidor americano) que concentram US$ 234 bilhões, equivalentes ao patrimônio de 160 milhões de pessoas. Os 42 mais ricos do mundo tem riqueza igual a de 3,7 bilhões de pessoas, ou 49% da população mundial.

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