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Lojas da Eletrocity estão fechadas no Espírito Santo

Lojas da Eletrocity estão fechadas no Espírito Santo

O grupo não informa quando as unidades serão reabertas, afirma que não encerrou as atividades

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 23:42

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Uma das redes mais tradicionais do Espírito Santo no varejo de eletrônicos e eletrodomésticos, a Eletrocity está com todas as suas lojas fechadas. A empresa, que chegou a contar com 17 lojas na Grande Vitória e no interior do Espírito Santo, além da Bahia, no entanto, informa que não encerrou as atividades, mas não confirma quando - e quantas - unidades serão reabertas.

As últimas lojas a fechar as portas foram as unidades de Campo Grande, em Cariacica, e do Shopping Vila Velha, nos dias 23 e 24 de dezembro, respectivamente. No centro comercial, ontem, as portas estavam fechadas, mas as mercadorias continuam dentro do espaço.

Já no Shopping Praia da Costa, também em Vila Velha, que deixou de funcionar em setembro de 2017, um aviso explica que a loja está “em processo de reestruturação” e que reabrirá em breve. Dentro da unidade, ainda é possível ver mercadorias. Entre 2016 e 2017, lojas do interior como a de Linhares e de Colatina já tinham fechado as portas.

Há cerca de seis meses, a Eletrocity e a Digital Tiger foram compradas por um grupo empresarial de São Paulo, o Grupo Colleman.

Apesar do cartaz informando que uma das lojas vai reabrir, funcionários seguem com a carteira assinada, mas sem salários, conta um gerente.

“A filial que eu trabalho está fechada. Ninguém está recebendo salário, mas a gente não teve baixa na carteira. Ainda estou trabalhando - mas sem receber e sem trabalhar”, conta ele.

Segundo o gerente, ele está há cerca de 10 meses sem receber. Além dele, outros funcionários estão na mesma situação. “Em 2017 só recebi salário duas vezes o ano todo, são 10 meses sem receber. Como faz para viver? É uma pergunta que fica no ar. O FGTS eles não depositam há dois anos, e ainda tenho duas férias vencidas”.

Ele conta que os funcionários estão aguardando um desfecho da situação. “Estou pensando em partir para outra. Não dá para viver de promessa, pois as contas chegam todo mês. Não tenho palavras, se é humilhação, não sei. Eles falam que vão reabrir, que vão pagar, mas não pagam. Não sabemos se a empresa quebrou, o problema é a indefinição. A gente não sabe o que fazer”, lamenta o gerente.

A empresa foi fechando as lojas aos poucos, as mercadorias foram parando de chegar, conta ele. “A gente viveu um martírio dentro da empresa, porque ninguém recebia. A empresa tinha um nome forte no mercado capixaba e hoje em dia essa situação é uma tristeza grande. Conversamos com os novatos e contamos a história da empresa, eles nem acreditam. Eu vivi a época do auge da empresa, tinha muitos clientes, os concorrentes ficavam admirados, tinha logística forte de entregar produto no mesmo dia. Era a mais lembrada do capixaba, tinha prêmios. Hoje em dia a gente se pergunta o que aconteceu? É um pesadelo”, afirma.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Comerciários no Estado (Sindicomerciários), Rodrigo Rocha, a Eletrocity procurou o sindicato em 2016, quando estavam com problemas financeiros e queriam fazer rescisão de alguns trabalhadores. “Fizemos um acordo sobre essas demissões, os trabalhadores aprovaram, mas ela não cumpriu. Foi para a Justiça, e até hoje não teve resolução. Agora em 2017 já não estavam pagando os trabalhadores, eles nos procuraram, fizemos um movimento na empresa, uma greve. Eles fizeram a proposta para os trabalhadores e eles aceitaram”, conta Rocha.

O Grupo Colleman, que comprou a rede há pouco mais de 6 meses, informou, através de sua assessoria de imprensa, que “é impossível recuperar integralmente duas marcas do porte da Eletrocity e Digital Tiger em um prazo inferior a 18 meses”.

O grupo empresarial destacou, por nota, que “benfeitorias diversas já foram realizadas, conforme o cronograma de recuperação das marcas, como: reforma da sede administrativa e do centro de distribuição, que estava completamente abandonado; implantação de SAC via call center interno do grupo; reestruturação e modernização da infraestrutura de telecom; instalação de pontos eletrônicos; elaboração de equipe jurídica interna; contratação de profissional da área de planejamento, com 15 anos experiência no varejo; e negociação com os principais credores da recuperação judicial", disse.

A empresa também destacou que “na primeira quinzena de janeiro foi concluído o planejamento estratégico para o primeiro trimestre de 2018 de ambas as marcas, com a participação dos executivos do Grupo Colleman e do CEO das duas redes do Espírito Santo.”

O grupo não respondeu se irá demitir os funcionários nem informou quando e como irá pagar os salários e outros direitos atrasados, além de não confirmar se as lojas fechadas serão reabertas.

No site da Receita Federal, no entanto, a consulta ao CNPJ da empresa ainda consta como sócios Jackson Pina Laurett e Exp Empreendimentos e Participações Ltda, cuja representante legal é Adma Garcia Pompermayer Laurett.

EMPRESA SAI DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Aviso em loja da Eletrocity. (Internauta | WhatsApp)

Após quase um ano em recuperação judicial, a Eletrocity deixou o processo de recuperação judicial. O pedido de desistência foi feito à 13ª Vara Cível de Vitória em setembro de 2017. A assembleia de credores foi, então, convocada pelo juiz titular da vara, Paulino José Lourenço, em outubro, e em novembro, foi informada a aprovação, por parte dos credores, do pedido de desistência.

No último dia 19, o juiz homologou a desistência. O processo será arquivado se não houver recursos.

Segundo a decisão do magistrado, no requerimento, a empresa sustentou que, após contato com fornecedores que são credores, chegou à conclusão de que a recuperação estava se tornando “onerosa e desgastante” à relação comercial, provocando problemas no fornecimento de produtos.

Ainda de acordo com a decisão, credores que representavam 91,21% dos créditos votaram favoráveis à desistência e representantes de 8,32% dos débitos foram contrários, enquanto houve a abstenção de 0,47%.

De acordo com o advogado Leonardo José Vulpe, ex-administrador judicial do caso da Eletrocity, ainda cabe recurso.

“Agora, a empresa não está mais submetida ao regramento previsto na legislação da recuperação judicial e pode continuar gerindo todos os setores da vida econômica e administrativa sem qualquer intervenção judicial. Os credores voltam a poder cobrar os créditos deles no juízo em que foram constituídos - ou seja, quem tem crédito trabalhista, na Justiça do Trabalho, por exemplo”, explica.

Com o processo, todos os créditos eram submetidos à recuperação judicial. “Agora, volta tudo ao status antes do pedido. Mas o credor continua sendo credor, ou cobra a dívida na Justiça ou faz acordo com a empresa”, orienta Vulpe.

ENTENDA

Com dívidas de R$ 54,8 milhões, a Eletrocity entrou em processo de recuperação judicial em março de 2017.

A maior parte do que a Eletrocity deve, cerca de R$ 52 milhões, é débitos com fornecedores dos produtos e contas de energia. Já os outros R$ 2 milhões são de dívidas com funcionários e pequenos parceiros comerciais.

Há cerca de seis meses, a Colleman Group, uma empresa de São Paulo, comprou a loja de eletrodomésticos. Os valores foram mantidos em sigilo pelos compradores e pelo antigo dono, mas consta no contrato de compra um acerto para que a Colleman assumisse as dívidas da empresa.

Em setembro, o grupo pediu a desistência do processo judicial. Na mesma época, funcionários fizeram protestos em lojas pedindo o pagamento de salários.

A Eletrocity foi uma das maiores redes de varejo de eletrônicos e eletrodomésticos do Espírito Santo, e chegou a ter 17 unidades no Estado e na Bahia, além de mais de mil empregados.

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A empresa foi, aos poucos, encerrando as atividades de unidades no interior, até chegar ao fechamento completo das lojas também na Grande Vitória. Agora, promete reestruturar a cadeia para voltar a operar.

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