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Impostos terão aumentos 'brutais', diz Meirelles

Impostos terão aumentos "brutais", diz Meirelles

Sem reforma da Previdência, governo já fala em elevar tributos

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 01:56

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles . (Fabio Rodrigues Pozzebom | Agência Brasil)

Depois de fracassar com a reforma da Previdência, o governo federal começa a lançar mão de uma estratégia recorrente quando não consegue realizar o ajuste fiscal pelo lado da despesa, e mira na receita, ou seja, com o aumento de impostos.

Mesmo sem ter anunciado oficialmente a elevação da carga tributária, a equipe econômica já sinaliza que essa medida será inevitável. Ontem mesmo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disparou que sem a mudança nas regras previdenciárias, a previsão é de “aumentos brutais” de impostos no Brasil.

“A Previdência não pode quebrar. Já aconteceu em diversos países, e está perto de acontecer no Brasil. Portanto, estamos trabalhando para garantir que todos os brasileiros tenham direito à aposentadoria e que não haja aumento de impostos no Brasil e, se demorar muito tempo, aumentos brutais de impostos”, declarou durante entrevista à Rádio Bandeirantes, descartando que isso vá acontecer neste ano.

Além de Meirelles, que comentou que a reforma não está “sepultada”, mas sim “suspensa” até terminar a intervenção federal no Rio, quem também já deu indicativos de que o governo Temer não vê outro caminho para amenizar o rombo bilionário das contas públicas que não seja mexendo nas alíquotas de tributos foi a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, na última terça-feira. Segundo ela, a reforma da Previdência não só é a medida mais importante do ajuste fiscal como representa uma alternativa para o país evitar a alta de impostos.

Parte desses aumentos já pode vir, segundo analistas, com duas das 15 pautas prioritárias anunciadas pelo governo: a redução da desoneração da folha de pagamentos e a reforma do PIS/Cofins. Medidas consideradas prejudiciais para o Brasil continuar a sua trajetória de crescimento.

A desoneração está prevista para ser votada a partir da próxima semana, segundo informou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Já a reforma do PIS/Cofins não tem data. Para especialistas, a prometida simplificação desses dois tributos virá acompanhada de aumento de alíquota.

O diretor regional do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) no Espírito Santo, Alexandre Fiorot, frisou que a expansão de impostos irá impactar companhias e consumidores. “Em um país de economia ainda fragilizada, a alta da carga tributária prejudica empresas, que perdem vendas porque seus preços acabam aumentando e a população não consegue pagar mais caro. Isso gera um efeito cascata, com queda na produção, menos empregos e o consumidor gastando menos.”

SEM ESPAÇO

 

O professor de Finanças do Ibmec Brasília e diretor da Valorum, Marcos Melo, ressaltou que não há espaço para mais tributos no país, visto que o Brasil está entre as nações que mais pagam impostos no mundo. Segundo dados do IBPT, a carga tributária brasileira corresponde a cerca de 35% do PIB.

Léo de Castro, presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), considerou um equívoco qualquer elevação de tributos. “Isso enfraquece a recuperação do dinamismo da economia.”

Para o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti, não há imposto que dê jeito no déficit de quase R$ 270 bilhões da Previdência. Ele defende que a reforma deve voltar à pauta e ser profunda, caso contrário cada vez menos haverá recursos para áreas como saúde, educação e segurança.

O economista ponderou ainda que por mais que o governo deseje aumentar as receitas com mais impostos, ele deve encontrar resistência do Congresso, muito preocupado com as repercussões de uma medida impopular em ano eleitoral.

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Infográfico impostos. (Genildo Ronchi)

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